|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Até outubro, governo sobrevive, afirma analista
DE BUENOS AIRES
O governo argentino deve sobreviver à atual crise econômica,
pelo menos até as eleições legislativas de 14 de outubro, quando jogará novamente sua sorte. Essa é a
avaliação do analista político Rosendo Fraga, diretor do Centro de
Estudos Nova Maioria.
Fraga é um dos mais conceituados cientistas políticos argentinos
e consultor frequente do ministro
da Economia, Domingo Cavallo.
Para ele, as eventuais medidas
que o mercado espera para hoje e
que podem dar a Cavallo maior
poder dentro do governo não devem ser sua "última cartada".
"Não acho que essa seja sua última chance. Acho que seu prazo
vence em agosto", disse à Folha.
Fraga considera que a solução
para a crise econômica depende
em grande parte de uma solução
também para a crise política. "As
duas estão correlacionadas", explica. Ele considera, no entanto,
que um governo de união nacional, como deseja Cavallo, não é
possível no momento. "Não creio
que o peronismo (a principal força de oposição ao governo) queira
se comprometer com um governo tão desgastado politicamente."
O Partido Justicialista (peronista), que já controla hoje o Senado,
é favorito para vencer as eleições
de outubro, quando serão renovados metade da Câmara e todo o
Senado. Uma derrota muito profunda da Aliança (a coalizão governista) é considerada uma
ameaça à governabilidade, a ponto de muitos analistas já considerarem a possibilidade de uma saída institucional que signifique o
encurtamento do mandato do
presidente Fernando De la Rúa,
que termina em 2003.
"Acho que o governo chega até
as eleições. O que acontecerá depois é outra história. Veremos",
disse Rosendo.
Crise no vizinho
Rosendo Fraga considera que
as crises na Argentina e no Brasil
têm "méritos próprios" e não devem ser atribuídas às turbulências
nos vizinhos. "Os problemas centrais de Argentina e Brasil são eles
mesmos. É certo que um influencia negativamente o outro, mas os
problemas são criados por eles
mesmos. O que a crise no vizinho
pode fazer é agravar", diz.
Para ele, discussões como a gerada pela resolução 258, que concede descontos para a importação
de produtos de fora do Mercosul,
são secundárias.
"Decisões como essa são consequência da crise. Não é que Cavallo queira agredir o Brasil. A desvalorização do real em 1999 também não foi feita para atacar a Argentina, mas porque havia a necessidade diante de uma crise",
afirma.
(RW)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Frases Índice
|