São Paulo, domingo, 08 de julho de 2001

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Até outubro, governo sobrevive, afirma analista

DE BUENOS AIRES

O governo argentino deve sobreviver à atual crise econômica, pelo menos até as eleições legislativas de 14 de outubro, quando jogará novamente sua sorte. Essa é a avaliação do analista político Rosendo Fraga, diretor do Centro de Estudos Nova Maioria.
Fraga é um dos mais conceituados cientistas políticos argentinos e consultor frequente do ministro da Economia, Domingo Cavallo.
Para ele, as eventuais medidas que o mercado espera para hoje e que podem dar a Cavallo maior poder dentro do governo não devem ser sua "última cartada". "Não acho que essa seja sua última chance. Acho que seu prazo vence em agosto", disse à Folha.
Fraga considera que a solução para a crise econômica depende em grande parte de uma solução também para a crise política. "As duas estão correlacionadas", explica. Ele considera, no entanto, que um governo de união nacional, como deseja Cavallo, não é possível no momento. "Não creio que o peronismo (a principal força de oposição ao governo) queira se comprometer com um governo tão desgastado politicamente."
O Partido Justicialista (peronista), que já controla hoje o Senado, é favorito para vencer as eleições de outubro, quando serão renovados metade da Câmara e todo o Senado. Uma derrota muito profunda da Aliança (a coalizão governista) é considerada uma ameaça à governabilidade, a ponto de muitos analistas já considerarem a possibilidade de uma saída institucional que signifique o encurtamento do mandato do presidente Fernando De la Rúa, que termina em 2003.
"Acho que o governo chega até as eleições. O que acontecerá depois é outra história. Veremos", disse Rosendo.

Crise no vizinho
Rosendo Fraga considera que as crises na Argentina e no Brasil têm "méritos próprios" e não devem ser atribuídas às turbulências nos vizinhos. "Os problemas centrais de Argentina e Brasil são eles mesmos. É certo que um influencia negativamente o outro, mas os problemas são criados por eles mesmos. O que a crise no vizinho pode fazer é agravar", diz.
Para ele, discussões como a gerada pela resolução 258, que concede descontos para a importação de produtos de fora do Mercosul, são secundárias.
"Decisões como essa são consequência da crise. Não é que Cavallo queira agredir o Brasil. A desvalorização do real em 1999 também não foi feita para atacar a Argentina, mas porque havia a necessidade diante de uma crise", afirma. (RW)



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