São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Feriado e pesquisas que mostram Ciro e Serra empatados em segundo devem reduzir negócios na Bolsa

Semana começa em clima de nervosismo

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mantida a inquietação observada no último pregão, o mercado deve reabrir a semana com nervosismo. O feriado de amanhã (Revolução Constitucionalista) em São Paulo tende a reduzir ainda mais o volume de negócios com ações hoje e deixar a Bolsa ainda mais volátil.
O fim de semana trouxe a confirmação do que analistas e investidores afirmavam temer. O candidato governista, José Serra, voltou a dividir o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, desta vez com Ciro Gomes. O candidato do PPS subiu de sete a nove pontos percentuais, dependendo da sondagem.
Um dado da pesquisa do Datafolha publicada ontem que deverá preocupar o mercado é que, num eventual segundo turno, Ciro Gomes conseguiria um empate técnico com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já o candidato tucano (40%) perderia para Lula (50%).
Walter Mendes, administrador de fundos para a América Latina da Schroeder Brasil, disse após o encerramento do pregão de sexta-feira: "Se o Datafolha confirmar os rumores de queda de Serra, subida muito forte de Ciro e dificuldades no segundo turno para o candidato do governo, o mercado ficará muito nervoso".
Para os analistas, os investidores preferem ver vitorioso o candidato governista, que teria compromisso com a atual política econômica. "Um candidato de oposição, qualquer que seja, ele traz desconfiança ao mercado", diz Mendes. Antes de os rumores sobre as pesquisas ganharem corpo, analistas afirmavam que esta seria uma semana melhor, impulsionada pela expressiva alta das Bolsas norte-americanas e européias na sexta-feira, estabilização do risco-país e diminuição do ritmo de alta do dólar.
A melhora de desempenho de Ciro Gomes já era esperada em razão do tempo que teve nos horários dos partidos de sua coligação em junho. Mas o mercado, segundo analistas, torcia por uma queda de Lula superior à verificada na pesquisa, (de dois pontos, dentro da margem de erro), impulsionada por denúncias de irregularidades na administração petista em Santo André.
Forte avanço de Ciro e estagnação de Serra e Lula nos mesmos patamares "embolaram o meio de campo", segundo Mendes.
Os resultados que decepcionaram o mercado, porém, podem ser os últimos a fazê-lo com tanto impacto até o dia 20 de agosto, quando começa o horário político. A partir de agora, todos os candidatos podem fazer comícios e propaganda de rua.
"Acabou uma primeira fase, em que cada vez um candidato aparecia na televisão, repercutindo nas pesquisas", diz o diretor Luiz Antônio Vaz das Neves, da corretora Planner. "As sondagens terão menor influência no mercado. Oscilações serão mais pontuais e lentas."
O volume de negócios, que já vinha sendo pequeno, encolheu mais ainda nos dois últimos pregões em razão do feriado norte-americano na quinta-feira passada (Dia da Independência). Na sexta-feira, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) movimentou apenas R$ 279 milhões.
"Se Nova York confirmar a tendência positiva de sexta, a Bovespa pode refletir o movimento de Wall Street, ignorado no último pregão por causa das pesquisas", diz Neves.
Para as Bolsas dos Estados Unidos sustentarem a alta, os resultados das empresas no trimestre teriam de sair mais positivos do que espera o mercado.
Uma trégua nos escândalos contábeis e a criação de novas medidas regulatórias também tranquilizariam investidores, segundo analistas.



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