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MERCADO FINANCEIRO
Feriado e pesquisas que mostram Ciro e Serra empatados em segundo devem reduzir negócios na Bolsa
Semana começa em clima de nervosismo
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mantida a inquietação observada no último pregão, o mercado
deve reabrir a semana com nervosismo. O feriado de amanhã (Revolução Constitucionalista) em
São Paulo tende a reduzir ainda
mais o volume de negócios com
ações hoje e deixar a Bolsa ainda
mais volátil.
O fim de semana trouxe a confirmação do que analistas e investidores afirmavam temer. O candidato governista, José Serra, voltou a dividir o segundo lugar nas
pesquisas de intenção de voto,
desta vez com Ciro Gomes. O candidato do PPS subiu de sete a nove pontos percentuais, dependendo da sondagem.
Um dado da pesquisa do Datafolha publicada ontem que deverá
preocupar o mercado é que, num
eventual segundo turno, Ciro Gomes conseguiria um empate técnico com Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). Já o candidato tucano (40%)
perderia para Lula (50%).
Walter Mendes, administrador
de fundos para a América Latina
da Schroeder Brasil, disse após o
encerramento do pregão de sexta-feira: "Se o Datafolha confirmar
os rumores de queda de Serra, subida muito forte de Ciro e dificuldades no segundo turno para o
candidato do governo, o mercado
ficará muito nervoso".
Para os analistas, os investidores preferem ver vitorioso o candidato governista, que teria compromisso com a atual política econômica. "Um candidato de oposição, qualquer que seja, ele traz
desconfiança ao mercado", diz
Mendes. Antes de os rumores sobre as pesquisas ganharem corpo,
analistas afirmavam que esta seria
uma semana melhor, impulsionada pela expressiva alta das Bolsas
norte-americanas e européias na
sexta-feira, estabilização do risco-país e diminuição do ritmo de alta
do dólar.
A melhora de desempenho de
Ciro Gomes já era esperada em
razão do tempo que teve nos horários dos partidos de sua coligação em junho. Mas o mercado, segundo analistas, torcia por uma
queda de Lula superior à verificada na pesquisa, (de dois pontos,
dentro da margem de erro), impulsionada por denúncias de irregularidades na administração petista em Santo André.
Forte avanço de Ciro e estagnação de Serra e Lula nos mesmos
patamares "embolaram o meio de
campo", segundo Mendes.
Os resultados que decepcionaram o mercado, porém, podem
ser os últimos a fazê-lo com tanto
impacto até o dia 20 de agosto,
quando começa o horário político. A partir de agora, todos os
candidatos podem fazer comícios
e propaganda de rua.
"Acabou uma primeira fase, em
que cada vez um candidato aparecia na televisão, repercutindo nas
pesquisas", diz o diretor Luiz Antônio Vaz das Neves, da corretora
Planner. "As sondagens terão menor influência no mercado. Oscilações serão mais pontuais e lentas."
O volume de negócios, que já vinha sendo pequeno, encolheu
mais ainda nos dois últimos pregões em razão do feriado norte-americano na quinta-feira passada (Dia da Independência). Na
sexta-feira, a Bovespa (Bolsa de
Valores de São Paulo) movimentou apenas R$ 279 milhões.
"Se Nova York confirmar a tendência positiva de sexta, a Bovespa pode refletir o movimento de
Wall Street, ignorado no último
pregão por causa das pesquisas",
diz Neves.
Para as Bolsas dos Estados Unidos sustentarem a alta, os resultados das empresas no trimestre teriam de sair mais positivos do que
espera o mercado.
Uma trégua nos escândalos
contábeis e a criação de novas medidas regulatórias também tranquilizariam investidores, segundo
analistas.
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