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Relatório ataca proposta pela Varig
Para administrador judicial, falência remuneraria melhor os credores do que a oferta da VarigLog
Deloitte diz que proposição
não tem condições de ser
levada a leilão; empresa
tem até segunda-feira para
apresentar modificações
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Deloitte, administradora
judicial da Varig, avalia que a
proposta da VarigLog não tem
condições de ser levada a leilão.
O parecer da consultoria, entregue ontem à Justiça, condena os principais pontos da oferta. De acordo com a Deloitte,
um leilão de venda nas condições oferecidas seria prejudicial à Varig em razão do preço
mínimo oferecido e das condições impostas pela VarigLog
para efetuar o pagamento.
Segundo a Deloitte, se for
comprovado que apenas a VarigLog tem interesse na compra da Varig, a proposta deverá
ser submetida à apreciação dos
credores, sem a realização de
um leilão posterior.
A Justiça marcou uma audiência para a próxima segunda-feira, e a VarigLog poderá
modificar sua proposta até lá.
Somente depois disso, a Justiça
poderá julgar a oferta.
Para a consultoria, a proposta é uma venda direta disfarçada de leilão. "A venda pelo preço mínimo apresentado pela
VarigLog não seria benéfica aos
credores e às próprias empresas em recuperação, comparando aos valores que poderão
eventualmente ser obtidos pela
alienação dos ativos em sede de
falência", diz o relatório.
Proposta
A VarigLog ofereceu R$ 277
milhões pela compra das operações da Varig. O valor deveria
ser repassado à "velha Varig", a
parcela da empresa que permanece em recuperação judicial, e
é destinado ao pagamento de
credores. Além disso, a empresa oferece US$ 365 milhões (ou
R$ 803 milhões) parcelados em
investimentos na nova Varig.
De acordo com o relatório, o
valor da oferta está inflado porque inclui componentes como
aluguéis e arrendamentos. Segundo os cálculos da consultoria, o valor real oferecido é de
R$ 126,96 milhões. Levantamento realizado pela empresa
Appraisal em julho de 2005
avalia os ativos da Varig em R$
268,35 milhões.
A VarigLog requer ainda a
venda de 5% das ações da empresa que foram dadas pela Varig em garantia de dívidas ao
Aerus (fundo de pensão dos
funcionários) por R$ 24 milhões, o que não poderia ser
computado como parte do preço mínimo.
Segundo a Deloitte, o número de funcionários que serão
absorvidos pela nova Varig pode ser "irrelevante" e a proposta não inclui verbas para a rescisão dos contratos de trabalho.
A Varig tem cerca de 10 mil empregados. Os custos de demissão é estimado em US$ 65 milhões (ou R$ 143 milhões).
Como a "velha Varig" só deve
ficar com a concessão da Nordeste, com dois aviões e uma
única linha, não teria como arcar com essa despesa. Os valores apresentados foram considerados insuficientes para
manter a "velha Varig".
Para a administradora, não
está claro se a VarigLog vai arcar com as milhas do Smiles e
em razão disso solicitou mais
esclarecimentos. O texto da
proposta diz que ela se compromete a honrar as milhas, mas o
anexo afirma que o passivo do
programa (as milhas acumuladas) ficaria na "velha Varig".
Condições
A Deloitte exige que a Va-
rigLog renuncie a todas as
"condições precedentes" contidas em sua proposta. A ex-subsidiária diz que o pagamento só
será cumprido se houver acordo coletivo com sindicatos, manutenção das operações de
acordo com o cenário desenhado pela VarigLog, ausência de
medida judicial que retarde a
conclusão da operação e auditoria nas empresas.
Além disso, a VarigLog pede a
cessão de linhas e autorizações
de vôo referentes a junho do
ano passado. Muitas dessas
concessões não estão mais com
a Varig, que reduziu seu volume
de operações.
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