São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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Fornecedores independentes se enfraquecem

DA ENVIADA ESPECIAL A PERNAMBUCO E ALAGOAS

Os fornecedores independentes de cana foram enfraquecidos pelo processo de concentração da produção de açúcar e de álcool nas grandes usinas.
Até o final dos anos 90, metade da cana moída para a produção de açúcar e álcool no Nordeste vinha de fornecedores independentes. A participação atual é em torno de 30%.
Especialistas temem a eliminação de milhares de pequenos produtores, que ainda formam uma classe média rural.
A extinção do IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), em 1990, a suspensão do pagamento do subsídio ao Nordeste, em 2001, e o aumento da produção no centro-sul levaram à concentração da produção no Nordeste. Os grupos mais capitalizados investiram em produtividade e ocuparam o espaço dos pequenos que fecharam.
Dos 12.033 fornecedores de cana de Pernambuco, 11.362 produzem até mil toneladas por ano e são 25,9% do mercado. No topo da pirâmide estão cem fornecedores com produção acima de 10 mil toneladas por ano, que respondem por 44,3% do mercado.
Em Alagoas, o quadro é mais uniforme, pois 47,8% da produção está nas mãos de proprietários médios, que produzem entre 1.000 e 7.000 toneladas por ano.
Apesar da dependência econômica, a relação entre fornecedores de cana e usinas é de conflito, principalmente em Pernambuco. Os fornecedores se acham lesados na pesagem da cana e na medição da sacarose. Segundo eles, as usinas pagam mais aos grandes.
"Temos uma relação melhor com os trabalhadores rurais do que com os usineiros", disse o presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco, Gerson Carneiro Leão.
Para os fornecedores, só eles precisariam de subsídios, porque as usinas compensam o custo a mais da cana própria com os ganhos obtidos na industrialização e na exportação.
Jeová Pereira dos Santos, 66, produz 1.500 toneladas de cana em Ribeirão (PE), que lhe dão um rendimento bruto de R$ 54 mil por ano.
Ele afirma que, depois de pagar mão-de-obra, frete, adubos e o crédito agrícola, fica sem dinheiro. "Aí, vou ao banco, pego outro crédito e vou comendo no inverno." (EL)


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