|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fornecedores independentes se enfraquecem
DA ENVIADA ESPECIAL A
PERNAMBUCO E ALAGOAS
Os fornecedores independentes de cana foram enfraquecidos pelo processo de concentração da produção de açúcar e de álcool nas grandes usinas.
Até o final dos anos 90, metade da cana moída para a produção de açúcar e álcool no Nordeste vinha de fornecedores independentes. A participação
atual é em torno de 30%.
Especialistas temem a eliminação de milhares de pequenos
produtores, que ainda formam
uma classe média rural.
A extinção do IAA (Instituto
do Açúcar e do Álcool), em
1990, a suspensão do pagamento do subsídio ao Nordeste, em
2001, e o aumento da produção
no centro-sul levaram à concentração da produção no Nordeste. Os grupos mais capitalizados investiram em produtividade e ocuparam o espaço dos
pequenos que fecharam.
Dos 12.033 fornecedores de
cana de Pernambuco, 11.362
produzem até mil toneladas
por ano e são 25,9% do mercado. No topo da pirâmide estão
cem fornecedores com produção acima de 10 mil toneladas
por ano, que respondem por
44,3% do mercado.
Em Alagoas, o quadro é mais
uniforme, pois 47,8% da produção está nas mãos de proprietários médios, que produzem entre 1.000 e 7.000 toneladas por
ano.
Apesar da dependência econômica, a relação entre fornecedores de cana e usinas é de
conflito, principalmente em
Pernambuco. Os fornecedores
se acham lesados na pesagem
da cana e na medição da sacarose. Segundo eles, as usinas pagam mais aos grandes.
"Temos uma relação melhor
com os trabalhadores rurais do
que com os usineiros", disse o
presidente do Sindicato dos
Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco, Gerson
Carneiro Leão.
Para os fornecedores, só eles
precisariam de subsídios, porque as usinas compensam o
custo a mais da cana própria
com os ganhos obtidos na industrialização e na exportação.
Jeová Pereira dos Santos, 66,
produz 1.500 toneladas de cana
em Ribeirão (PE), que lhe dão
um rendimento bruto de R$ 54
mil por ano.
Ele afirma que, depois de pagar mão-de-obra, frete, adubos
e o crédito agrícola, fica sem dinheiro. "Aí, vou ao banco, pego
outro crédito e vou comendo
no inverno."
(EL)
Texto Anterior: Sem trabalho durante a entressafra da cana, famílias não têm o que comer Próximo Texto: Vinicius Torres Freire Índice
|