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AGROFOLHA
Agronegócio acelera exportações do país
Receitas com produtos agrícolas cresceram 27% no primeiro semestre, superando os 25% da balança comercial global
Exportadores são grandes beneficiados, mas a alta externa influencia o preço no mercado interno e
prejudica os consumidores
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A forte demanda externa por
alimentos continua favorecendo o Brasil. As receitas com os
principais produtos da pauta de
exportação do agronegócio
brasileiro cresceram 27% no
primeiro semestre deste ano,
acima dos 25% da balança global -que só conseguiu esse
percentual devido ao setor de
agronegócio.
As exportações brasileiras
são favorecidas tanto pelos preços como pelo volume. Puxados
pela demanda nos países emergentes e pela redução drástica
dos estoques mundiais de
grãos, os preços externos dispararam, prejudicando os consumidores, mas favorecendo exportadores como o Brasil. A
transferência da "ciranda financeira" para as commodities
agrícolas também ajudou a elevar os preços.
Os consumidores brasileiros,
embora o país seja um grande
produtor, também sofrem os
efeitos dessa aceleração dos
preços externos. A alta no mercado externo influencia a formação de preços no Brasil e
pressiona a inflação por aqui,
embora em ritmo bem menor
do que nos países essencialmente importadores de grãos.
Apenas os dez principais produtos da balança do agronegócio nacional são responsáveis
por exportações de US$ 26 bilhões. Incluindo todos os demais itens do setor, a balança
do primeiro semestre deve superar US$ 34 bilhões. Em todo
o ano de 2007, as receitas somaram US$ 58 bilhões.
Soja na liderança
O melhor desempenho vem
do complexo soja -grãos, farelo e óleo-, que já atinge US$ 9
bilhões no período de janeiro a
junho deste ano, 67% a mais do
que em igual período do ano
anterior. Os preços recordes da
soja no mercado externo permitiram essa evolução.
A tendência é o produto continuar agregando receitas à balança comercial porque a oleaginosa está sendo negociada a
patamares recordes em Chicago. Na quinta-feira, o primeiro
contrato terminou o pregão a
US$ 16,58 por bushel (27,2 quilos). Ontem, teve queda de
4,16%, para US$ 15,89.
O saldo da balança comercial
do agronegócio só não é maior
porque o setor de açúcar perdeu preços no mercado externo
e está com receitas acumuladas
de US$ 2,1 bilhões, 12% a menos do que em 2007.
Boas perspectivas
As perspectivas para o setor
neste semestre são de melhora.
As cotações do açúcar voltaram
a subir na Bolsa de commodities de Nova York, principalmente com a menor presença
da Índia no mercado externo.
Outro fator de melhora no
setor sucroalcooleiro é o aumento de demanda por álcool,
principalmente por parte dos
Estados Unidos, que tiveram
perda na safra de milho, produto básico na elaboração do etanol por lá. As estimativas do
mercado indicam vendas de 5
bilhões de litros neste ano, contra os 3,8 bilhões previstos anteriormente.
As carnes também podem
melhorar o desempenho neste
semestre. As vendas no setor de
avicultura continuam aquecidas e as da cadeia de suínos começam a ter novas aberturas de
mercados, que podem render
mais.
Já as carnes bovinas, embora
mantenham evolução das receitas em dólares, perdem espaço em volume. A forte alta internacional de preços começa a
pesar no bolso dos consumidores de países importadores de
menor renda.
As restrições da União Européia na importação de carnes
"in natura" também devem
conter a evolução das exportações. Mesmo assim, a entrada
de receitas continua sendo
maior.
Outro destaque são as exportações de milho, que já somam
US$ 666 milhões. Estoques
mundiais baixos, maior utilização do grão na produção de etanol nos Estados Unidos e previsível quebra de safra no Meio-Oeste norte-americano devido
às recentes enchentes auxiliam
as vendas externas brasileiras,
que podem continuar aquecidas neste semestre.
Nesse ritmo, e se os preços
continuarem aquecidos neste
semestre, as exportações do
agronegócio brasileiro podem
terminar o ano próximo das estimativas mais otimistas feitas
no início do ano, que indicam
volume até superior a US$ 70
bilhões.
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