São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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AGROFOLHA

Agronegócio acelera exportações do país

Receitas com produtos agrícolas cresceram 27% no primeiro semestre, superando os 25% da balança comercial global

Exportadores são grandes beneficiados, mas a alta externa influencia o preço no mercado interno e prejudica os consumidores


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A forte demanda externa por alimentos continua favorecendo o Brasil. As receitas com os principais produtos da pauta de exportação do agronegócio brasileiro cresceram 27% no primeiro semestre deste ano, acima dos 25% da balança global -que só conseguiu esse percentual devido ao setor de agronegócio.
As exportações brasileiras são favorecidas tanto pelos preços como pelo volume. Puxados pela demanda nos países emergentes e pela redução drástica dos estoques mundiais de grãos, os preços externos dispararam, prejudicando os consumidores, mas favorecendo exportadores como o Brasil. A transferência da "ciranda financeira" para as commodities agrícolas também ajudou a elevar os preços.
Os consumidores brasileiros, embora o país seja um grande produtor, também sofrem os efeitos dessa aceleração dos preços externos. A alta no mercado externo influencia a formação de preços no Brasil e pressiona a inflação por aqui, embora em ritmo bem menor do que nos países essencialmente importadores de grãos.
Apenas os dez principais produtos da balança do agronegócio nacional são responsáveis por exportações de US$ 26 bilhões. Incluindo todos os demais itens do setor, a balança do primeiro semestre deve superar US$ 34 bilhões. Em todo o ano de 2007, as receitas somaram US$ 58 bilhões.

Soja na liderança
O melhor desempenho vem do complexo soja -grãos, farelo e óleo-, que já atinge US$ 9 bilhões no período de janeiro a junho deste ano, 67% a mais do que em igual período do ano anterior. Os preços recordes da soja no mercado externo permitiram essa evolução.
A tendência é o produto continuar agregando receitas à balança comercial porque a oleaginosa está sendo negociada a patamares recordes em Chicago. Na quinta-feira, o primeiro contrato terminou o pregão a US$ 16,58 por bushel (27,2 quilos). Ontem, teve queda de 4,16%, para US$ 15,89.
O saldo da balança comercial do agronegócio só não é maior porque o setor de açúcar perdeu preços no mercado externo e está com receitas acumuladas de US$ 2,1 bilhões, 12% a menos do que em 2007.

Boas perspectivas
As perspectivas para o setor neste semestre são de melhora. As cotações do açúcar voltaram a subir na Bolsa de commodities de Nova York, principalmente com a menor presença da Índia no mercado externo.
Outro fator de melhora no setor sucroalcooleiro é o aumento de demanda por álcool, principalmente por parte dos Estados Unidos, que tiveram perda na safra de milho, produto básico na elaboração do etanol por lá. As estimativas do mercado indicam vendas de 5 bilhões de litros neste ano, contra os 3,8 bilhões previstos anteriormente.
As carnes também podem melhorar o desempenho neste semestre. As vendas no setor de avicultura continuam aquecidas e as da cadeia de suínos começam a ter novas aberturas de mercados, que podem render mais.
Já as carnes bovinas, embora mantenham evolução das receitas em dólares, perdem espaço em volume. A forte alta internacional de preços começa a pesar no bolso dos consumidores de países importadores de menor renda.
As restrições da União Européia na importação de carnes "in natura" também devem conter a evolução das exportações. Mesmo assim, a entrada de receitas continua sendo maior.
Outro destaque são as exportações de milho, que já somam US$ 666 milhões. Estoques mundiais baixos, maior utilização do grão na produção de etanol nos Estados Unidos e previsível quebra de safra no Meio-Oeste norte-americano devido às recentes enchentes auxiliam as vendas externas brasileiras, que podem continuar aquecidas neste semestre.
Nesse ritmo, e se os preços continuarem aquecidos neste semestre, as exportações do agronegócio brasileiro podem terminar o ano próximo das estimativas mais otimistas feitas no início do ano, que indicam volume até superior a US$ 70 bilhões.


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