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PREÇOS
Serviços administrados foram os grandes responsáveis; tarifas de telefones subiram 313% e transportes públicos, 171%
Governo vitamina inflação depois do Real
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os preços de serviços administrados ou concedidos pelo governo foram os maiores responsáveis
pela inflação no período pós-Real.
Dos 16 itens que apresentaram as
maiores altas de preços, mais da
metade sofre algum tipo de regulação estatal.
A inflação acumulada no período de julho de 1994 a dezembro de
1999, segundo o IPC-Fipe (Índice
de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), foi de 79%. No mesmo
período, as tarifas de telefonia e
transporte público subiram 313%
e 171%, respectivamente.
Tarifas de água e esgoto, imposto predial, gás de botijão e taxas de
cartório também estão entre os
itens que mais subiram desde o
início do plano de estabilização de
1994 (veja relação de aumentos no
quadro ao lado).
São serviços ou produtos em
que o governo participa, direta ou
indiretamente, na formação de
preços. A maioria é concessão pública e tem sua política de preços
determinada por contratos firmados com o governo.
No setor privado, serviços de
utilidade pública, como educação
e saúde, figuram entre os itens
com maiores aumentos.
Em certos casos, os aumentos
são explicados pelo poder que os
prestadores de serviços têm para
impor reajustes. Os pais que pagam escolas privadas, por exemplo, resistem a trocar a escola dos
filhos. Mesmo que não resistissem, é inviável fazê-lo toda vez
que o preço da mensalidade sobe.
O raciocínio é o mesmo para
serviços como planos de saúde e
de seguros. Os mecanismos de
mercado não funcionam perfeitamente nesses setores. As pessoas
não podem trocar de plano de
saúde, escola, banco ou seguradora com a mesma facilidade com
que escolhem o supermercado
em que fazem suas compras.
Ajustamento
Segundo Heron do Carmo,
coordenador do IPC-Fipe, a economia brasileira passou por um
processo de ajustamento de preços relativos sem precedentes.
Isso ocorre quando os preços de
um setor da economia sobem
mais que os dos outros setores.
Com o ajustamento, o setor de
serviços passou a abocanhar uma
parcela maior da renda na economia brasileira.
Carmo lembra que, com o lançamento do Plano Real, muitos
setores subiram os preços. "Havia
a memória do fracasso dos planos
anteriores e todos quiseram se
resguardar", explica.
Ele acredita que a economia
brasileira não deve mais passar
por processos semelhantes. "O
ajustamento terminou. Essa assimetria de preços não deve voltar a
ocorrer na economia brasileira."
Os cálculos dos aumentos foram feitos até dezembro de 1999
para evitar distorções. Em janeiro
deste ano a Fipe mudou a metodologia da pesquisa de preços.
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