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VAREJO
Aquecimento da economia tornou os pontos caros para as grandes redes; há negócios em vista, mas de pequeno valor
Supermercados param carrinho de compra
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As grandes redes de supermercados encostaram seu carrinho de
compras. A fase de aquisições cedeu lugar a um claro período de
calmaria. Há negócios sendo traçados, de pequeno volume, que
devem pipocar até o final do ano,
mas a festa acabou.
Nos primeiros sete meses do
ano, R$ 1,052 bilhão mudaram de
mãos (valor corresponde à receita
bruta das redes vendidas) e 67 lojas foram negociadas, segundo
dados das maiores redes do setor
e da Abras (Associação Brasileira
dos Supermercados).
Porém, no ano passado, as cadeias médias que foram vendidas
somaram mais de R$ 4 bilhões de
faturamento e 287 pontos ganharam novos donos.
Até o momento, a queda chega a
75% no montante movimentado
em relação ao ano passado e o número de lojas vendidas caiu 77%.
Quando a base de comparação é a
mesma -ou seja, analisa-se semestre contra semestre-, também é constatada retração nas
operações.
Até julho de 99, o Sonae já havia
adicionado R$ 850 milhões de receita à empresa só com a compra
dos grupos varejistas Nacional e
Econômico. Nos primeiros sete
meses deste ano, porém, o grupo
não comprou nada.
O Carrefour, a maior cadeia do
país, adquiriu até hoje dois pontos que faturam tímidos R$ 52 milhões. No mesmo período de 99, o
grupo francês tinha somado R$
700 milhões a seu caixa com a
compra de três redes regionais.
Há poucas razões para que se
repita o desempenho do ano passado, dizem os consultores que
acompanham as atuais negociações em andamento. E não poderia ser diferente.
O aquecimento da economia e o
crescimento no faturamento, motivo de alegria para os grandes varejistas, criou um fator complicador no mercado. As vendas dos
pequenos pontos se expandiram e
essas cadeias não querem se desfazer de suas lojas em período de
ganho de rentabilidade.
"O médio empresário sabe que
tem uma loja em melhor situação
do que no ano passado, na época
da retração econômica, e na hora
de bater o martelo joga os preços
lá para cima", diz o consultor
Marcos Gouvêa de Souza, da MG.
"A desvalorização da moeda jogou os preços das empresas lá
embaixo e aguçou o desejo de
compra em 99. É claro que o real
ainda está descolado do dólar,
mas há essa mudança no pensamento do pequeno varejista."
Há ainda questões estratégicas
em jogo. O Sonae, por exemplo, já
é líder isolado no Sul do país, e
comprar novas redes significa invadir o Sudeste, região disputadíssima pelo Pão de Açúcar e Carrefour. Os dois, por sua vez, estão
tendo que "arrumar a casa", segundo os consultores.
"Ambos ainda estão digerindo
os efeitos daquele processo desenfreado de aquisições em 99.
Precisam remodelar as lojas, reorganizar o quadro de pessoal e
adaptar a nova estrutura", diz Eugênio Foganholo, da Mixxer Consultoria.
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