São Paulo, terça-feira, 08 de agosto de 2000


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VAREJO
Aquecimento da economia tornou os pontos caros para as grandes redes; há negócios em vista, mas de pequeno valor
Supermercados param carrinho de compra

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As grandes redes de supermercados encostaram seu carrinho de compras. A fase de aquisições cedeu lugar a um claro período de calmaria. Há negócios sendo traçados, de pequeno volume, que devem pipocar até o final do ano, mas a festa acabou.
Nos primeiros sete meses do ano, R$ 1,052 bilhão mudaram de mãos (valor corresponde à receita bruta das redes vendidas) e 67 lojas foram negociadas, segundo dados das maiores redes do setor e da Abras (Associação Brasileira dos Supermercados).
Porém, no ano passado, as cadeias médias que foram vendidas somaram mais de R$ 4 bilhões de faturamento e 287 pontos ganharam novos donos.
Até o momento, a queda chega a 75% no montante movimentado em relação ao ano passado e o número de lojas vendidas caiu 77%. Quando a base de comparação é a mesma -ou seja, analisa-se semestre contra semestre-, também é constatada retração nas operações.
Até julho de 99, o Sonae já havia adicionado R$ 850 milhões de receita à empresa só com a compra dos grupos varejistas Nacional e Econômico. Nos primeiros sete meses deste ano, porém, o grupo não comprou nada.
O Carrefour, a maior cadeia do país, adquiriu até hoje dois pontos que faturam tímidos R$ 52 milhões. No mesmo período de 99, o grupo francês tinha somado R$ 700 milhões a seu caixa com a compra de três redes regionais.
Há poucas razões para que se repita o desempenho do ano passado, dizem os consultores que acompanham as atuais negociações em andamento. E não poderia ser diferente.
O aquecimento da economia e o crescimento no faturamento, motivo de alegria para os grandes varejistas, criou um fator complicador no mercado. As vendas dos pequenos pontos se expandiram e essas cadeias não querem se desfazer de suas lojas em período de ganho de rentabilidade.
"O médio empresário sabe que tem uma loja em melhor situação do que no ano passado, na época da retração econômica, e na hora de bater o martelo joga os preços lá para cima", diz o consultor Marcos Gouvêa de Souza, da MG.
"A desvalorização da moeda jogou os preços das empresas lá embaixo e aguçou o desejo de compra em 99. É claro que o real ainda está descolado do dólar, mas há essa mudança no pensamento do pequeno varejista."
Há ainda questões estratégicas em jogo. O Sonae, por exemplo, já é líder isolado no Sul do país, e comprar novas redes significa invadir o Sudeste, região disputadíssima pelo Pão de Açúcar e Carrefour. Os dois, por sua vez, estão tendo que "arrumar a casa", segundo os consultores.
"Ambos ainda estão digerindo os efeitos daquele processo desenfreado de aquisições em 99. Precisam remodelar as lojas, reorganizar o quadro de pessoal e adaptar a nova estrutura", diz Eugênio Foganholo, da Mixxer Consultoria.



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