São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MEGA PACOTE

Presidente falou com José Dirceu, e Armínio com Ciro Gomes

FHC consultou candidatos para fechar acordo com FMI

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo consultou ontem os dois principais candidatos de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS), a respeito do novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e obteve a promessa de que haverá apoio, ainda que algumas críticas venham a ser feitas.
A Folha apurou que o presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou para o presidente do PT, José Dirceu, e para o candidato do PSDB ao Planalto, José Serra. O tucano já havia dado apoio.
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, telefonou para o candidato do PPS, Ciro Gomes (PPS). Ciro disse que se manifestará favoravelmente.
À noite, a assessoria do candidato da Frente Trabalhista distribuiu uma declaração de Ciro sobre o entendimento com o Fundo: "Eu seria o último a atrapalhar o esforço dos negociadores brasileiros que estão tentando uma solução para o grave desastre que este governo produziu".
O deputado federal José Dirceu (SP) adiantou ao presidente que o PT dará apoio ao acordo com o Fundo, mas disse que precisaria falar antes com Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula da campanha presidencial petista para tornar a posição pública. Lula e Dirceu conversariam ainda ontem.
Um aval da oposição, ainda que não formal, como um compromisso por escrito, foi uma das exigências do FMI para fechar o acordo.
O PSB de Anthony Garotinho, único dos quatro principais candidatos que se opôs ao acerto, seria informado por um membro da equipe econômica ou da articulação política.
O candidato governista, o tucano José Serra, comemorou a notícia. Ele avalia que isso diminuirá a turbulência econômica, aumentando sua chance na eleição. Serra está em terceiro nas pesquisas, atrás de Lula e Ciro.
Os contatos do governo são para tornar "oficiais" as posições dos candidatos sobre o acordo, já que não há risco de que o entendimento seja revisto.
"A partir do anúncio é claro que vai se buscar o diálogo. Vai se tentar pelo menos a admissão de que o acordo é bom para o país. Afinal, 80% vão ficar para o futuro governo. É uma questão que interessa a todos", disse o presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal.

Foto indesejada
Segundo os interlocutores do presidente, o entendimento com os presidenciáveis não deverá chegar ao ponto de ser realizado um encontro de FHC com os candidatos. Motivo: todas as partes avaliam que o custo-benefício político desse tipo de encontro não é bom para nenhuma delas.
FHC deseja transmitir a imagem de que sua credibilidade internacional foi a grande fiadora do acordo. Isso é fato, mas as declarações públicas de Lula e de Ciro anteriores ao fechamento do acordo sinalizando que não ficariam contra o entendimento facilitaram as negociações com o Fundo. Sem esse endosso informal, dificilmente os termos do acerto seriam os atuais, porque 80% dos US$ 30 bilhões poderão ser usados pelo próximo governo.
Agora que o acordo é uma realidade, palavras de suporte de Lula e Ciro são bem-vindas, pois demonstrariam, crê o presidente, que ele fez o que tinha de ser feito.
A campanha presidencial de Serra também não tinha interesse na eventual fotografia de FHC com Lula e Ciro. O tucano, que enfrenta ameaça de abandono de aliados, acha que uma foto desse tipo poderia dar a idéia de que ele estará fora do segundo turno.
Apesar de Lula e Ciro se declararem dispostos a ir ao presidente se forem convidados, o que não afasta totalmente a hipótese de esse encontro vir a ocorrer, os dois oposicionistas preferem manter uma certa distância.
Motivo: avaliam que o ônus do acordo, que simboliza uma medida extrema para evitar o caos econômico, deve caber a FHC.



Texto Anterior: Mega pacote: FMI libera US$ 30 bi de socorro recorde
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.