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MEGA PACOTE
Presidente falou com José Dirceu, e Armínio com Ciro Gomes
FHC consultou candidatos para fechar acordo com FMI
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo consultou ontem os
dois principais candidatos de
oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS), a respeito do novo acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
e obteve a promessa de que haverá apoio, ainda que algumas críticas venham a ser feitas.
A Folha apurou que o presidente Fernando Henrique Cardoso
telefonou para o presidente do
PT, José Dirceu, e para o candidato do PSDB ao Planalto, José Serra. O tucano já havia dado apoio.
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, telefonou para o
candidato do PPS, Ciro Gomes
(PPS). Ciro disse que se manifestará favoravelmente.
À noite, a assessoria do candidato da Frente Trabalhista distribuiu uma declaração de Ciro sobre o entendimento com o Fundo: "Eu seria o último a atrapalhar
o esforço dos negociadores brasileiros que estão tentando uma solução para o grave desastre que
este governo produziu".
O deputado federal José Dirceu
(SP) adiantou ao presidente que o
PT dará apoio ao acordo com o
Fundo, mas disse que precisaria
falar antes com Luiz Inácio Lula
da Silva e a cúpula da campanha
presidencial petista para tornar a
posição pública. Lula e Dirceu
conversariam ainda ontem.
Um aval da oposição, ainda que
não formal, como um compromisso por escrito, foi uma das exigências do FMI para fechar o
acordo.
O PSB de Anthony Garotinho,
único dos quatro principais candidatos que se opôs ao acerto, seria informado por um membro
da equipe econômica ou da articulação política.
O candidato governista, o tucano José Serra, comemorou a notícia. Ele avalia que isso diminuirá a
turbulência econômica, aumentando sua chance na eleição. Serra
está em terceiro nas pesquisas,
atrás de Lula e Ciro.
Os contatos do governo são para tornar "oficiais" as posições
dos candidatos sobre o acordo, já
que não há risco de que o entendimento seja revisto.
"A partir do anúncio é claro que
vai se buscar o diálogo. Vai se tentar pelo menos a admissão de que
o acordo é bom para o país. Afinal, 80% vão ficar para o futuro
governo. É uma questão que interessa a todos", disse o presidente
do PSDB, o deputado federal José
Aníbal.
Foto indesejada
Segundo os interlocutores do
presidente, o entendimento com
os presidenciáveis não deverá
chegar ao ponto de ser realizado
um encontro de FHC com os candidatos. Motivo: todas as partes
avaliam que o custo-benefício político desse tipo de encontro não é
bom para nenhuma delas.
FHC deseja transmitir a imagem de que sua credibilidade internacional foi a grande fiadora
do acordo. Isso é fato, mas as declarações públicas de Lula e de Ciro anteriores ao fechamento do
acordo sinalizando que não ficariam contra o entendimento facilitaram as negociações com o
Fundo. Sem esse endosso informal, dificilmente os termos do
acerto seriam os atuais, porque
80% dos US$ 30 bilhões poderão
ser usados pelo próximo governo.
Agora que o acordo é uma realidade, palavras de suporte de Lula
e Ciro são bem-vindas, pois demonstrariam, crê o presidente,
que ele fez o que tinha de ser feito.
A campanha presidencial de
Serra também não tinha interesse
na eventual fotografia de FHC
com Lula e Ciro. O tucano, que
enfrenta ameaça de abandono de
aliados, acha que uma foto desse
tipo poderia dar a idéia de que ele
estará fora do segundo turno.
Apesar de Lula e Ciro se declararem dispostos a ir ao presidente se
forem convidados, o que não
afasta totalmente a hipótese de esse encontro vir a ocorrer, os dois
oposicionistas preferem manter
uma certa distância.
Motivo: avaliam que o ônus do
acordo, que simboliza uma medida extrema para evitar o caos econômico, deve caber a FHC.
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