São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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MEGA PACOTE

Presidente diz, no Planalto, que é preciso buscar recursos do FMI para garantir credibilidade do sucessor

"Não vem que não tem, há oxigênio", diz FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Momentos antes do anúncio do acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em discurso no Palácio do Planalto, que é necessário buscar recursos da instituição para garantir aos bancos a credibilidade de seu sucessor, "mesmo que venha um governo diferente do atual".
O presidente falou por uma hora e 20 minutos durante a solenidade de apresentação dos estagiários da Escola Superior de Guerra, na qual costuma apresentar um "retrato do país".
"Quando sufoca o crédito, sufocam as empresas. O governo tem que atuar e buscar o Fundo Monetário para poder mostrar aos bancos que não se preocupem, que vai ter jeito para pagar. Mesmo que venha um governo que seja diferente do atual, ele vai ter recursos para pagar", disse o presidente. O acordo fechado ontem foi o terceiro com o Fundo por FHC.
Segundo ele, a vulnerabilidade no momento atual não é consequência da dívida externa contraída pelo governo, e sim pelas grandes empresas privadas. A dívida externa pública seria de US$ 92 bilhões, e a privada, de cerca de US$ 120 bilhões.
"Temos que dizer simplesmente: não vem que não tem. Não tentem pensar que vai haver aqui um estrangulamento porque temos oxigênio. Na última vez em que o Fundo nos ajudou, nem usamos os recursos", disse.
O presidente lembrou que é necessário agir antes de a crise atingir em cheio o país e ressaltou que, apesar de ter enfrentado cinco crises financeiras em seus dois mandatos, conseguiu instalar uma "rede de proteção social" que cabe aos próximos presidentes aprofundar. "Não adianta o FMI atuar depois, tem que atuar antes que a crise exista", afirmou.
O presidente também disse que a vulnerabilidade externa do país é "exagerada". "O problema é a credibilidade. É começarem a imaginar que não vai pagar. A dívida em si é manejável. Enquanto eu for presidente, vou manejar", disse FHC. Ele afirmou que a dívida interna "é em real" e que os credores são brasileiros.
Segundo o presidente, o mercado continua "destemperado", mas que o FMI tem um papel importante na ajuda aos países em desenvolvimento. Ele disse que o Brasil procura aumentar o número de suas cotas no FMI.
Em seu discurso, FHC também aproveitou para rebater críticas sobre a desigualdade de renda no país, que teve apenas uma "pequeníssima" melhora. Para ele, é importante lembrar que o patamar de renda melhorou para todos. (SÍLVIA FREIRE E LEILA SUWWAN)


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