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MEGA PACOTE
Presidente diz, no Planalto, que é preciso buscar recursos do FMI para garantir credibilidade do sucessor
"Não vem que não tem, há oxigênio", diz FHC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Momentos antes do anúncio do
acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o
presidente Fernando Henrique
Cardoso afirmou, em discurso no
Palácio do Planalto, que é necessário buscar recursos da instituição para garantir aos bancos a
credibilidade de seu sucessor,
"mesmo que venha um governo
diferente do atual".
O presidente falou por uma hora e 20 minutos durante a solenidade de apresentação dos estagiários da Escola Superior de Guerra,
na qual costuma apresentar um
"retrato do país".
"Quando sufoca o crédito, sufocam as empresas. O governo tem
que atuar e buscar o Fundo Monetário para poder mostrar aos
bancos que não se preocupem,
que vai ter jeito para pagar. Mesmo que venha um governo que
seja diferente do atual, ele vai ter
recursos para pagar", disse o presidente. O acordo fechado ontem
foi o terceiro com o Fundo por
FHC.
Segundo ele, a vulnerabilidade
no momento atual não é consequência da dívida externa contraída pelo governo, e sim pelas
grandes empresas privadas. A dívida externa pública seria de US$
92 bilhões, e a privada, de cerca de
US$ 120 bilhões.
"Temos que dizer simplesmente: não vem que não tem. Não tentem pensar que vai haver aqui um
estrangulamento porque temos
oxigênio. Na última vez em que o
Fundo nos ajudou, nem usamos
os recursos", disse.
O presidente lembrou que é necessário agir antes de a crise atingir em cheio o país e ressaltou
que, apesar de ter enfrentado cinco crises financeiras em seus dois
mandatos, conseguiu instalar
uma "rede de proteção social"
que cabe aos próximos presidentes aprofundar. "Não adianta o
FMI atuar depois, tem que atuar
antes que a crise exista", afirmou.
O presidente também disse que
a vulnerabilidade externa do país
é "exagerada". "O problema é a
credibilidade. É começarem a
imaginar que não vai pagar. A dívida em si é manejável. Enquanto
eu for presidente, vou manejar",
disse FHC. Ele afirmou que a dívida interna "é em real" e que os
credores são brasileiros.
Segundo o presidente, o mercado continua "destemperado",
mas que o FMI tem um papel importante na ajuda aos países em
desenvolvimento. Ele disse que o
Brasil procura aumentar o número de suas cotas no FMI.
Em seu discurso, FHC também
aproveitou para rebater críticas
sobre a desigualdade de renda no
país, que teve apenas uma "pequeníssima" melhora. Para ele, é
importante lembrar que o patamar de renda melhorou para todos. (SÍLVIA FREIRE E LEILA SUWWAN)
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