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Para Setubal, é sinal de confiança
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, acha que o acordo
fechado ontem entre o Brasil e o
Fundo Monetário Internacional
(FMI), de US$ 30 bilhões, é uma
"tremenda" demonstração de
confiança do Fundo no Brasil e
nos programas econômicos dos
candidatos à Presidência.
Para ele, o acordo mostra que o
FMI acredita que, qualquer que
seja o candidato eleito, ele irá
manter a atual política fiscal.
"Esse aval do FMI é realmente o
ponto mais importante do acordo. É uma demonstração de que o
FMI acredita que todos os candidatos estão envolvidos com esse
problema."
Setubal acha também que o
acordo com o FMI deve estimular
os bancos estrangeiros a restabelecerem as linhas comerciais com
o Brasil. "O aval do FMI deve fazer
isso [restabelecer as linhas de crédito", mesmo que demore algum
tempo."
A seguir, os principais trechos
da entrevista de Setubal.
Folha - Como o sr. analisa o acordo do Brasil com o FMI?
Roberto Setubal - O acordo do
Brasil com o FMI irá garantir os
recursos suficientes ao Banco
Central para manter um fluxo de
dólares bastante adequado para
este ano, mesmo que os investidores e credores externos continuem avessos ao risco. Mais importante do que isso, no entanto,
é o fato de esse acordo ser uma
tremenda demonstração de confiança do FMI em relação ao Brasil e aos programas econômicos
que estão sendo anunciados pelos
candidatos que disputam a Presidência.
Folha - O sr. acha que os programas dos candidatos à Presidência
agradam ao FMI?
Setubal - Os partidos e seus candidatos têm apresentado em seus
programas a preocupação com
uma sólida política fiscal, com a
manutenção de superávit primário e isso dá confiança para todos.
O FMI está, portando, ratificando
que também acredita que, qualquer que seja o candidato, o programa fiscal irá continuar para o
ano que vem. Esse aval do FMI eu
acho que é realmente o ponto
mais importante do acordo. É
uma demonstração de que o FMI
acredita que todos os candidatos
estão envolvidos com esse problema. Com isso, há condições de se
restabelecer uma situação de normalidade no mercado.
Folha - O dólar irá cair?
Setubal - É sempre difícil fazer
previsões, mas acho que, em princípio, sim. O mercado deve acalmar, mas se isso não ocorrer, em
tese o volume de recursos disponível é bastante grande para o
Banco Central intervir no mercado e evitar qualquer situação de
maior estresse e de pânico.
Folha - O sr. acredita que os bancos internacionais irão restabelecer as linhas comerciais?
Setubal - Acho que sim. O aval
do FMI deve fazer isso, mesmo
que demore algum tempo. Não é
da noite para o dia que as coisas
acontecem. O importante é que o
Banco Central passou a ter recursos para atender à falta de dólares
que está havendo no mercado.
Folha - Após esse acordo o mercado também poderá passar a temer
menos os candidatos de oposição?
Setubal - Na medida em que o
FMI aprovou o acordo com o Brasil e na medida em que os candidatos estão ratificando os termos
desse acordo, mesmo que informalmente, isso dará mais tranquilidade ao mercado, especialmente no exterior, onde essa
questão tem sido bastante sensível. Todo mundo irá perceber que
haverá uma continuidade do Brasil na sua capacidade de pagar a
dívida e de manter uma política
econômica saudável.
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