São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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Para Setubal, é sinal de confiança

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, acha que o acordo fechado ontem entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional (FMI), de US$ 30 bilhões, é uma "tremenda" demonstração de confiança do Fundo no Brasil e nos programas econômicos dos candidatos à Presidência.
Para ele, o acordo mostra que o FMI acredita que, qualquer que seja o candidato eleito, ele irá manter a atual política fiscal.
"Esse aval do FMI é realmente o ponto mais importante do acordo. É uma demonstração de que o FMI acredita que todos os candidatos estão envolvidos com esse problema."
Setubal acha também que o acordo com o FMI deve estimular os bancos estrangeiros a restabelecerem as linhas comerciais com o Brasil. "O aval do FMI deve fazer isso [restabelecer as linhas de crédito", mesmo que demore algum tempo."
A seguir, os principais trechos da entrevista de Setubal.

Folha - Como o sr. analisa o acordo do Brasil com o FMI?
Roberto Setubal
- O acordo do Brasil com o FMI irá garantir os recursos suficientes ao Banco Central para manter um fluxo de dólares bastante adequado para este ano, mesmo que os investidores e credores externos continuem avessos ao risco. Mais importante do que isso, no entanto, é o fato de esse acordo ser uma tremenda demonstração de confiança do FMI em relação ao Brasil e aos programas econômicos que estão sendo anunciados pelos candidatos que disputam a Presidência.

Folha - O sr. acha que os programas dos candidatos à Presidência agradam ao FMI?
Setubal
- Os partidos e seus candidatos têm apresentado em seus programas a preocupação com uma sólida política fiscal, com a manutenção de superávit primário e isso dá confiança para todos. O FMI está, portando, ratificando que também acredita que, qualquer que seja o candidato, o programa fiscal irá continuar para o ano que vem. Esse aval do FMI eu acho que é realmente o ponto mais importante do acordo. É uma demonstração de que o FMI acredita que todos os candidatos estão envolvidos com esse problema. Com isso, há condições de se restabelecer uma situação de normalidade no mercado.

Folha - O dólar irá cair?
Setubal
- É sempre difícil fazer previsões, mas acho que, em princípio, sim. O mercado deve acalmar, mas se isso não ocorrer, em tese o volume de recursos disponível é bastante grande para o Banco Central intervir no mercado e evitar qualquer situação de maior estresse e de pânico.

Folha - O sr. acredita que os bancos internacionais irão restabelecer as linhas comerciais?
Setubal
- Acho que sim. O aval do FMI deve fazer isso, mesmo que demore algum tempo. Não é da noite para o dia que as coisas acontecem. O importante é que o Banco Central passou a ter recursos para atender à falta de dólares que está havendo no mercado.

Folha - Após esse acordo o mercado também poderá passar a temer menos os candidatos de oposição?
Setubal
- Na medida em que o FMI aprovou o acordo com o Brasil e na medida em que os candidatos estão ratificando os termos desse acordo, mesmo que informalmente, isso dará mais tranquilidade ao mercado, especialmente no exterior, onde essa questão tem sido bastante sensível. Todo mundo irá perceber que haverá uma continuidade do Brasil na sua capacidade de pagar a dívida e de manter uma política econômica saudável.



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