São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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DIA DE ESPERA

Risco-país também desabou abaixo dos 2.000 pontos; mercado já sabia que acordo com FMI era iminente

Dólar cai a R$ 3,015 no aguardo do socorro

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em mais um dia de espera para o anúncio do novo acordo entre o Brasil e o FMI, o mercado financeiro teve um dia positivo ontem.
O dólar operou em baixa durante todo o pregão e fechou na cotação mínima do dia, em queda de 3,05%, a R$ 3,015. O risco-país caiu 9,6% e fechou a 1.922 pontos -ficou abaixo dos 2.000 pontos após sete dias acima deste nível.
A melhora da avaliação externa do Brasil se deveu à certeza de um novo acordo com o Fundo e ao bom desempenho dos C-Bonds. Os papéis se valorizaram em 7,24% e, segundo analistas, o Banco Central brasileiro voltou a recomprar os títulos ontem.
Como se trata dos principais títulos da dívida externa brasileira, elevar sua cotação é uma forma de o governo fazer uma espécie de propaganda do país, explica um operador.
Há dias, o foco do mercado estava voltado para a negociação entre o Brasil e o Fundo.
Aos investidores, interessava saber qual seria o novo poder de atuação do BC no mercado cambial para conter as oscilações do dólar. A especulação com o real brasileiro começou há cerca de dois meses e se deve a dois motivos. Um deles, a incerteza política doméstica, em razão das eleições. O outro, a aversão ao risco dos investidores internacionais, devido a escândalos financeiros envolvendo empresas dos EUA. O fato fez com que as companhias nacionais ficassem com crédito zero, o que aumentou a pressão para a compra de dólares, já que elas não conseguiam rolar dívidas e tiveram de quitá-las.
A expectativa era que o acerto com o FMI reduzisse o piso das reservas internacionais em US$ 5 bilhões. De acordo com o anúncio, feito no início da noite de ontem, com o mercado fechado, a redução foi de US$ 10 bilhões. A notícia deverá ser comemorada pelo mercado hoje e impulsionar nova queda do dólar.
Guilherme da Nóbrega, do banco Fibra, avalia que, mais do que a liberação de recursos, o acordo fornece um apoio para o momento de transição que o país vive.
O BC vendeu dólares ao mercado, como parte de sua ração diária. A expectativa para o acordo era tanta que boatos sobre a pesquisa Ibope que será divulgada hoje tiveram pouco impacto nas negociações. Ela deverá trazer, novamente, queda de José Serra (PSDB) e crescimento de Ciro Gomes (PPS) na preferência dos eleitores. Analistas avaliam que o dólar deverá ceder, mas no máximo até a casa dos R$ 2,80. Mas o acordo deverá diminuir as fortes oscilações do dólar dos últimos dias.



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