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DEPRESSÃO
Cepal diz que os últimos seis anos foram perdidos para a América Latina e corta projeção de crescimento para o Brasil
Economia latina está estagnada desde 97
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
Os últimos seis anos foram perdidos para a América Latina. A
expansão das economias da região não atingiu nível suficiente
para acompanhar o crescimento
populacional. A conclusão faz
parte de estudo divulgado ontem
pela Cepal (Comissão Econômica
para a América Latina e Caribe).
Entre 1997 e 2002, a economia
da região cresceu 1% em média
anualmente, para uma expansão
demográfica média de 1,5%. No
período, o PIB per capita (Produto Interno Bruto, soma de bens e
serviços produzidos durante um
período, dividido pelo total de habitantes) da região recuou 1,45%.
"Tudo começou com as crises
internacionais, que reduziram
drasticamente o fluxo de investimento para a América Latina",
disse Alejandro Ramos, economista da Cepal. O ciclo de crises
mundiais começou em 1997, na
Ásia. Depois foram as vezes da
Rússia (1998), do Brasil (1999) e
da Argentina, cujo auge foi em janeiro de 2002, com o fim da paridade cambial entre peso e dólar.
Marcha lenta
A Cepal também reduziu a projeção para o crescimento da região em 2003. A estimativa agora
é uma expansão de 1,5%, menor
que o estimado há seis meses
(2,1%), mas superior à queda de
0,6% verificada em 2002.
Os motivos continuam os mesmos: desaceleração da economia
mundial e queda no fluxo de investimentos.
Para o Brasil, a expectativa é um
crescimento de no máximo 1,5%.
"Essa taxa é insuficiente para reativar a economia e gerar os empregos de que o país precisa", afirmou Ramos. O economista lembra que parte da expansão brasileira é calcada no crescimento das
exportações, setor que não gera
muito postos de trabalho.
"No Brasil, a indústria é o carro-chefe da economia e esse segmento não vai bem, como mostraram
os últimos indicadores", afirmou.
Dados divulgados pelo IBGE anteontem mostram que a indústria
está em recessão.
Ramos disse que o mercado financeiro tem sido "irracional"
nas avaliações sobre o Brasil.
"O mercado não tem reconhecido o esforço do governo para
ajustar o setor fiscal. A recente
disparada do dólar é uma prova
disso", disse. "Uma posição mais
audaciosa na política monetária
[corte de juros] permitiria uma
recuperação interna e deixaria o
país menos vulnerável e menos
dependente do capital externo,
que está escasso para todos os
emergentes."
Segundo a Cepal, em 2002, o
IDE (Investimento Direto Estrangeiro) na região somou US$ 39 bilhões. Para 2003, a estimativa é
US$ 30 bilhões, queda de 23%.
Argentina
De todos os países da região, a
Argentina é a que tem a melhor
projeção de crescimento: 5,5%,
superando o Chile (3,5%), considerado o mais estável da América
do Sul. "O que vemos na Argentina é um salto, após uma enorme
crise vivida pelo país", afirmou.
Nos últimos quatro anos, a Argentina teve uma retração de
20%, percentual visto apenas em
países que passaram por guerra.
Mas esse salto não é apenas efeito
da forte queda dos últimos anos.
O país também ganhou competitividade com a desvalorização
cambial e, aos poucos, a indústria
local, apesar de ainda muito sucateada, está ganhando fôlego."
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