São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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RETOMADA

Venda de máquinas e equipamentos deverá crescer 15% neste ano, mas está concentrada em pequenas e médias empresas

Grande indústria ainda ensaia investir

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O forte crescimento da produção industrial abriu o apetite das fábricas brasileiras: crescem os investimentos em expansão de capacidade. As vendas de máquinas e equipamentos industriais deverão aumentar 15% neste ano, o que elevará os investimentos em expansão e modernização a cerca de R$ 40 bilhões. A projeção é da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Esse movimento, no entanto, está sendo puxado por pequenas e médias empresas e projetos de baixo valor. As grandes indústrias, cujo nível de ocupação da capacidade gira em torno de 84%, ainda não reagiu. É delas que depende o crescimento sustentado da economia, dizem analistas.
Para Newton de Mello, presidente da Abimaq, o crescimento de 15,2% no consumo de bens de capital registrado no primeiro semestre terá efeito multiplicador na economia.
"Quem compra uma máquina nova gera mais empregos, mais impostos, mais demanda; não se trata de uma "bolha'", afirma. Segundo ele, a indústria local está comprando mais máquinas, tanto no mercado interno como no exterior.

Fôlego
Para alguns analistas, entretanto, o nível atual de demanda por bens de capital não é suficiente para sustentar o crescimento econômico no longo prazo. "Não há investimentos pesados, por enquanto", diz Paulo Albuquerque, presidente do grupo de estratégia econômica da Amcham (Câmara Americana de Comércio).
Segundo ele, as subsidiárias locais de multinacionais americanas só começarão a analisar a possibilidade de investir no país em setembro, quando fazem seus planos para o ano seguinte. "Até que novos projetos sejam aprovados pelas matrizes e comecem a ser executados demora entre 18 e 24 meses", diz Albuquerque.
Os agentes financeiros também registram uma demanda maior das pequenas e médias empresas, por linhas de crédito para expandir a produção. A maioria das grandes empresas está na muda. "No primeiro semestre, os grandes projetos industriais não chegaram no ritmo que o banco esperava", diz Maurício Piccinini, superintendente da área de planejamento do BNDES.
Para o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro, é difícil medir os investimentos em curso no país pela demanda de crédito. "Cerca de 60% dos investimentos são feitos com recursos próprios - são reinversão de lucros", diz.
Segundo Monteiro, "a intensidade do crescimento em diversos segmentos da indústria já está pondo para andar investimentos nos setores têxtil, eletroeletrônico, além dos que vinham ocorrendo nos setores de papel e celulose e siderurgia".
Prova disso é que os empréstimos do BNDES ao setor industrial, que vinham em queda desde 2002, aumentaram 32% no primeiro semestre deste ano. De janeiro a julho, o banco liberou R$ 7,5 bilhões e aprovou a concessão de mais R$ 11,66 bilhões à indústria. "Os financiamentos aprovados começarão a ser liberados neste semestre", diz Piccinini.
Esse pacote de recursos e as medidas adotadas pelo governo na sexta-feira para estimular o apetite das grandes indústrias deverão impulsionar os investimentos no segundo semestre.
O governo anunciou a redução da alíquota do IPI para bens de capital de 3,5% para 2% e incluiu mais 29 linhas de produtos na desoneração tributária. Nesta semana, o BNDES dará mais um empurrão ao esforço para expandir os investimentos produtivos.
Segundo a Folha apurou, o banco vai lançar o programa de financiamento ao capital de giro das empresas, a juros e prazos mais favoráveis que os praticados pelo mercado, anunciado em julho. "Essas medidas geram boas perspectivas de investimentos para o segundo semestre", diz Piccinini.
Outro empurrão nos investimentos virá do Modermaq (Programa de Modernização do Parque Industrial Nacional), aprovado na quinta-feira pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O programa prevê a liberação de R$ 2,5 bilhões em recursos do BNDES nos próximos 12 meses para financiar a aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao setor industrial. A taxa de juros será de 14,5% ao ano.


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