São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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NO GARGALO

Para industriais, falta de investimentos do governo federal em infra-estrutura compromete crescimento

Sul vive ameaça de "apagão logístico", dizem empresários

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A região Sul do país está à beira de um "apagão logístico" que poderá comprometer a retomada do crescimento, com um colapso nas exportações. A falta crônica de investimentos, pelo governo federal, em infra-estrutura já dificulta as exportações, quadro que poderá se agravar a partir do próximo ano. O alerta é de empresários dos três Estados sulistas.
De acordo com números do Fórum Industrial-Parlamentar Sul, que reúne empresários e parlamentares de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, a União precisa investir, a curto e médio prazos, R$ 7,5 bilhões para melhorar a infra-estrutura da região, sob pena de um colapso na produção agroindustrial.
Nos últimos cinco anos, o Sul do país contribuiu com US$ 29,3 bilhões para o superávit comercial brasileiro, mas recebeu investimentos em infra-estrutura inferiores aos de outras regiões.
"Se crescermos de uma maneira civilizada, sem bolhas, já teremos sérios problemas no próximo ano. Aliás, problemas que hoje já são visíveis, com exportadores não conseguindo cumprir contratos dada a falta de estrutura logística", afirma Francisco Renan Oronez Proença, presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).
As reivindicações dos sulistas, no entanto, não estão contempladas no PPA (Plano Plurianual) do governo federal de 2004 a 2007. Nas projeções de investimentos do PPA, o Sul aparece contemplado com R$ 1,72 bilhão, contra, por exemplo, R$ 4,4 bilhões para o Nordeste.
"Precisamos de uma atuação em bloco dos 90 parlamentares do Sul para sensibilizar o governo federal. Não há como crescer a produção, pois houve uma depauperação geral da logística e o risco de apagão logístico é eminente", reclama Arthur Carlos Peralta Neto, vice-presidente e superintendente corporativo da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).
Segundo Alcântaro Corrêa, vice-presidente da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), as empresas da região estão, "em razão da falta de estrutura", pagando para manter as exportações.
Nos três Estados, cresce o número de empresários que, receosos de não conseguir cumprir prazos de entrega, deixam de fechar contratos de exportação. Na média, a falta de infra-estrutura tem atrasado o embarque em até 45 dias.
Muitas empresas absorvem prejuízos, como a Embraco (Empresa Brasileira de Compressores), com rotas alternativas de exportação para manter seus clientes. Outras desistem de exportar.


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