São Paulo, quarta-feira, 08 de agosto de 2007

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Votorantim investe R$ 1 bi na produção de cimento

Empresa fará 3 novas fábricas, em Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Tocantins

Objetivo é elevar produção em 30% para atender ao crescimento da construção civil puxado pela moradia popular e obras do PAC

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

Líder do mercado nacional com 40% de participação, a Votorantim Cimentos anuncia hoje um investimento superior a R$ 1 bilhão na construção de três novas fábricas e na ampliação das já existentes. Será o maior investimento da empresa nos últimos dez anos.
A decisão de fazer esse investimento foi tomada pela Votorantim em razão tanto do crescimento do mercado imobiliário, puxado principalmente pelo segmento de moradia popular, como pelas perspectivas de aquecimento da construção civil com as obras de infra-estrutura previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Com o investimento, a Votorantim Cimentos pretende aumentar sua capacidade de produção em cerca de 30%. A empresa quer estar preparada para atender o mercado interno e o potencial até agora pouco explorado de exportação.
O investimento da Votorantim prevê a construção de três novas fábricas (Tocantins, Rio Grande do Norte e Santa Catarina), a reativação de uma (Goiás) e a ampliação do restante das operações.
Com sede em São Paulo, a Votorantim Cimentos, fundada há 71 anos, é uma das dez maiores empresas de cimento do mundo e é controlada pela família Ermírio de Moraes. Possui 33 unidades de produção (24 fábricas no Brasil, 7 na América do Norte e 1 na Bolívia), operando ainda 60 centros de distribuição e 105 centrais de concreto no país e mais de 60 centrais de concreto e terminais de cimento na América do Norte. No ano passado, a empresa, com 8.000 funcionários, faturou R$ 5,2 bilhões, 18% dos R$ 29 bilhões do total da receita do grupo.

Mercado aquecido
A área de construção civil iniciou o seu processo de recuperação no ano passado, quando registrou um crescimento de 8,2% e atingiu a marca de 39,5 milhões de toneladas de produção de cimento, o mesmo volume de 2000.
O secretário-executivo do Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), José Otávio de Carvalho, afirma que a expectativa para este ano é que o setor cresça entre 5% e 6% sobre 2006. Segundo ele, essa expansão é puxada principalmente pela recuperação da construção civil.
De acordo com Carvalho, o segmento está colhendo os frutos da queda dos juros, do alongamento dos prazos dos financiamentos habitacionais e das novas regras para o setor instituídas pelo governo entre 2004 e 2006. Essas novas regras possibilitaram a criação de novas modalidades de financiamento e impulsionaram o setor nesses últimos dois anos.
O setor de construção civil representa cerca de 13% do PIB e é o que mais emprega no país, com 13 milhões ou cerca de 15% de todas as pessoas ocupadas, quando se levam em conta os impactos indiretos. Segundo estudo recente da LCA Consultores, as expectativas para o segmento neste ano são as melhores desde 1999.
Segundo o trabalho da LCA, a trajetória da construção civil pode ser dividida em dois períodos: de 1980 a 2003 e de 2004 em diante. De 1980 a 2003, o PIB do setor sofreu uma queda de 6,8%, contra expansão de 57,6% do PIB total. O fraco desempenho se explica tanto pela diminuição drástica da participação do Estado nos investimentos, após a crise da dívida externa, como pela falta de investimento das empresas e das famílias num ambiente de muita instabilidade e incerteza macroeconômica.


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