São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

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MERCADO TENSO
Temor em relação aos mercados emergentes e aumento do endividamento externo influenciam queda
Bolsa e títulos da Rússia sofrem perdas

das agências internacionais

A turbulência nos mercados asiáticos afetou ontem também a Rússia. Com os investidores assustados com os países emergentes e a necessidade russa de se endividar mais, a Bolsa e os títulos russos tiveram perdas.
O índice RTS da Bolsa de Moscou, que reúne as ações mais negociadas, caiu 4,4% para 131,44 pontos, seu nível mais baixo em 26 meses. O volume de negócios foi de US$ 17 milhões, baixo se comparado com os US$ 80 milhões em média no início do ano.
Os juros dos títulos europeus com vencimento em 2001 tiveram aumento de 1,92 ponto percentual, para 19,63%. As quedas também tiveram influência do anúncio da Rússia de que pode aumentar seu endividamento externo.
Anteontem, o país anunciou um aumento do teto dos bônus em moeda estrangeira a emitir até o fim do ano, de US$ 2 bilhões para US$ 3 bilhões.
Segundo o vice-ministro das Finanças, Mikhail Kasianov, esses valores são um guia e não serão necessariamente postos em prática. "Esse não é um programa, é um teto, que dá ao Ministério das Finanças o direito de se endividar até esse valor", disse.
Ele afirmou que o ministério não tem a intenção de ultrapassar o limite anterior e não deve emitir novos títulos externos antes do fim de outubro.
O país está tendo dificuldade para vender seus títulos, apesar dos juros que chegam a 90% no caso dos títulos em rublo, moeda local, já que os investidores estão afastando-se, com medo de uma queda maior na economia russa.
A ajuda de US$ 1,5 bilhão aprovada pelo Banco Mundial, incluindo US$ 300 milhões a ser entregues imediatamente, não é suficiente para que a Rússia pague a dívida que vence nos próximos dias. A dívida de curto prazo é um dos maiores problemas financeiros do país.
"Com a incerteza global, uma possível desvalorização na China e o Japão no caminho da recessão, os investidores não querem riscos e a Rússia oferece um alto risco", afirmou Julian Mayo, chefe de finanças empresariais da Regent Pacific de Londres.



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