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ENERGIA
Tarifas variam mais de 70% conforme a região do país; as cinco menores são estatais, e as cinco maiores, privadas
Luz é mais cara para cliente de privatizada
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As tarifas de energia elétrica para consumidores residenciais variam mais de 70% de acordo com
a região do país. A comparação
-que não considera a tarifa de
baixa renda nem os tributos-
mostra que os clientes das distribuidoras privatizadas da região
Sudeste pagam mais pela energia
do que os clientes das estatais,
principalmente da região Norte.
As cinco maiores tarifas são de
distribuidoras privatizadas, e as
cinco menores, de estatais.
Entre 1998 e 2002, os consumidores das cinco distribuidoras de
maior tarifa tiveram que arcar
com aumentos acumulados entre
41,45% e 123,41%. Para os clientes
das cinco distribuidoras com tarifa menor, os aumentos foram
mais baixos, de no máximo
65,34%. Em igual período, a inflação ficou em 87% (IGP-DI).
O levantamento da Folha, feito
com números da Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica), levou em consideração somente
distribuidoras de grande porte e
todas as que atendem capitais.
Há explicações técnicas para a
diferença nas tarifas. A principal
delas está relacionada com o custo do dólar: as distribuidoras da
região Sudeste compram energia
de Itaipu, hidrelétrica que, por ser
binacional (Brasil-Paraguai), vende em dólar.
Além disso, Furnas, principal
fornecedora de energia das distribuidoras do Sudeste, repassa para
a tarifa os custos altos de geração
das usinas nucleares (Angra 1 e 2),
de energia importada da Argentina e de termelétricas que geram
eletricidade cobrada em dólar.
Já na região Norte, onde está a
maioria das distribuidoras com
tarifa residencial mais baixa, a
energia fornecida pela Eletronorte é mais barata. Para a geração
termelétrica com óleo combustível, muito usado na região, há
subsídio pago por todos os consumidores do país, o que reduz o
custo para os clientes locais.
Prejuízo
A energia barata das distribuidoras estatais não sai de graça.
Como a maioria dessas empresas
-três administradas pela Eletrobrás e outras duas estaduais- dá
prejuízo, a conta acaba sendo paga por todos os contribuintes.
Em 2002, o prejuízo somado das
distribuidoras federalizadas assumidas pela Eletrobrás chegou a
R$ 637 milhões. Entre as cinco
distribuidoras de menor tarifa, a
Eletroacre é federalizada e teve
prejuízo de R$ 56 milhões no ano.
Para o presidente da Eletrobrás,
Luiz Pinguelli Rosa, o problema
não está no valor das tarifas. "O
maior problema é a inadimplência", diz ele. Pinguelli entregou,
na semana passada, documento
ao Ministério de Minas e Energia
sobre a situação de inadimplência
dos clientes das distribuidoras federalizadas. Os principais devedores são empresas e governos estaduais e municipais.
As empresas federalizadas foram assumidas pela Eletrobrás
para que fossem saneadas e, depois, privatizadas.
Para o superintendente de regulação financeira da Aneel, César
Antônio Gonçalves, é mais provável que o mau resultado financeiro das empresas com tarifa baixa
seja causado por problemas de
gestão das companhias.
O novo modelo do setor elétrico
debatido pelo governo prevê que
a energia vendida pelas geradoras
será toda comprada por um
"pool" -que repassaria a energia, com uma tarifa média, para as
distribuidoras.
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