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Linhas de crédito voltam, mas depósitos no exterior aumentam
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, NA BASILÉIA
A exposição dos bancos estrangeiros no Brasil voltou a subir entre janeiro e março, depois de ter
se contraído nos três trimestres
anteriores, segundo relatório do
BIS (Banco de Compensações Internacionais, na sigla em inglês).
Esse aumento foi de US$ 1,4 bilhão, em consequência de crédito
novo oferecido aos bancos brasileiros, compensando a queda da
exposição ao setor não-financeiro
do país, segundo o BIS.
Os dados não contabilizam os
ativos permanentes dos bancos
estrangeiros no país nem as aplicações feitas com recursos captados no mercado doméstico, como
ocorreu no levantamento da Austin Asis (veja texto acima).
Embora a exposição dos estrangeiros tenha aumentado, a saída
líquida de recursos do Brasil, considerado todo o mercado bancário, continuou no primeiro trimestre e foi a US$ 2,2 bilhões, em
parte por causa da alta dos depósitos no exterior. As instituições
no Brasil depositaram US$ 3,6 bilhões no exterior, principalmente
nos EUA e no Reino Unido.
No mercado de dívida, o Brasil
foi o mais afetado pela saída de investidores de posições em papéis
de emergentes a partir de meados
de junho. O risco-país subiu 200
pontos entre a metade de junho e
o início de agosto, e o real se depreciou 6% em relação ao dólar.
A situação voltou a melhorar
por causa de notícias como a
aprovação da reforma da Previdência, além da subida de outros
emergentes na classificação de
agências de risco, segundo o BIS.
Apesar das dificuldades entre
junho e agosto, o Brasil foi o que
mais captou em julho entre os
emergentes classificados como
investimento especulativo pelas
agências de risco. A emissão bruta
de papéis feita por brasileiros chegou a US$ 1,3 bilhão naquele mês.
No segundo trimestre, até meados de junho, o Brasil e outros
emergentes se beneficiaram do
aumento pela procura por investimentos chamados "high yield"
(de altos risco e rendimento). No
segundo trimestre deste ano, as
captações brasileiras aumentaram liquidamente US$ 3 bilhões.
A queda na procura por papéis
"high yield" levou a um aumento
nos custos de captação, mas o relatório diz que não se espera que
esse movimento crie sérias dificuldades para os emergentes.
Muitos dos tomadores de recursos já tinham buscado financiamento antes do aumento nos custos ao antever esse movimento.
O resultado pode ser até bem-vindo em alguns países, porque o
crescimento dos fluxos de capitais
de curto prazo estava aumentando a pressão para a valorização
das moedas e reduzindo o crescimento das exportações, diz o BIS.
No primeiro trimestre do ano,
entre as regiões emergentes, só na
América Latina saídas de recursos
superaram ingressos no mercado
bancário. Pela primeira vez desde
1999, a exposição dos bancos estrangeiros à região caiu para menos de 30% do total da registrada
no total dos emergentes e chegou
a US$ 272 bilhões, embora o movimento comece a inverter.
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