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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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Linhas de crédito voltam, mas depósitos no exterior aumentam

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, NA BASILÉIA

A exposição dos bancos estrangeiros no Brasil voltou a subir entre janeiro e março, depois de ter se contraído nos três trimestres anteriores, segundo relatório do BIS (Banco de Compensações Internacionais, na sigla em inglês).
Esse aumento foi de US$ 1,4 bilhão, em consequência de crédito novo oferecido aos bancos brasileiros, compensando a queda da exposição ao setor não-financeiro do país, segundo o BIS.
Os dados não contabilizam os ativos permanentes dos bancos estrangeiros no país nem as aplicações feitas com recursos captados no mercado doméstico, como ocorreu no levantamento da Austin Asis (veja texto acima).
Embora a exposição dos estrangeiros tenha aumentado, a saída líquida de recursos do Brasil, considerado todo o mercado bancário, continuou no primeiro trimestre e foi a US$ 2,2 bilhões, em parte por causa da alta dos depósitos no exterior. As instituições no Brasil depositaram US$ 3,6 bilhões no exterior, principalmente nos EUA e no Reino Unido.
No mercado de dívida, o Brasil foi o mais afetado pela saída de investidores de posições em papéis de emergentes a partir de meados de junho. O risco-país subiu 200 pontos entre a metade de junho e o início de agosto, e o real se depreciou 6% em relação ao dólar.
A situação voltou a melhorar por causa de notícias como a aprovação da reforma da Previdência, além da subida de outros emergentes na classificação de agências de risco, segundo o BIS.
Apesar das dificuldades entre junho e agosto, o Brasil foi o que mais captou em julho entre os emergentes classificados como investimento especulativo pelas agências de risco. A emissão bruta de papéis feita por brasileiros chegou a US$ 1,3 bilhão naquele mês.
No segundo trimestre, até meados de junho, o Brasil e outros emergentes se beneficiaram do aumento pela procura por investimentos chamados "high yield" (de altos risco e rendimento). No segundo trimestre deste ano, as captações brasileiras aumentaram liquidamente US$ 3 bilhões.
A queda na procura por papéis "high yield" levou a um aumento nos custos de captação, mas o relatório diz que não se espera que esse movimento crie sérias dificuldades para os emergentes. Muitos dos tomadores de recursos já tinham buscado financiamento antes do aumento nos custos ao antever esse movimento.
O resultado pode ser até bem-vindo em alguns países, porque o crescimento dos fluxos de capitais de curto prazo estava aumentando a pressão para a valorização das moedas e reduzindo o crescimento das exportações, diz o BIS.
No primeiro trimestre do ano, entre as regiões emergentes, só na América Latina saídas de recursos superaram ingressos no mercado bancário. Pela primeira vez desde 1999, a exposição dos bancos estrangeiros à região caiu para menos de 30% do total da registrada no total dos emergentes e chegou a US$ 272 bilhões, embora o movimento comece a inverter.



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