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VIZINHO EM CRISE
Bancos abrirão linha para pequenas e médias que exportarem
Empresas argentinas terão crédito
DE BUENOS AIRES
Após passarem todo este ano
praticamente impossibilitadas de
obter crédito e aproveitar as vantagens competitivas oferecidas
pela desvalorização cambial, as
pequenas e médias empresas argentinas voltaram a ter acesso a linhas de financiamento bancário
nos últimos dias.
Três bancos locais -o Credicoop, o Macro-Bansud e o Ciudad- anunciaram que vão oferecer 152 milhões de pesos para empresas locais que tenham a perspectiva de aumentar as exportações ou produzir internamente
bens que, até o ano passado, eram
importados.
Entre o setores beneficiados estão os fabricantes de autopeças,
calçados, produtos têxteis e
agroindustriais. Esses segmentos
ganharam competitividade em
relação aos concorrentes estrangeiros com a atual cotação do dólar no patamar de 3,70 pesos e, para os banqueiros, ofereceriam
menor risco de inadimplência.
As instituições financeiras, no
entanto, vão cobrar taxas de juros
bastante elevadas, fato que deve
atrair apenas as empresas que não
podem desenvolver projetos de
ampliação da produção com o
próprio caixa.
Os juros dos empréstimos alcançam até 60% ao ano. No caso
de créditos em dólares -que oferecem maior segurança de rentabilidade para os bancos- os juros anuais são de até 14%.
No curto prazo, não há expectativa de redução dessas taxas. Para
os banqueiros, seria inviável oferecer empréstimos a juros menores porque o Banco Central argentino, que oferece baixíssimo
risco de inadimplência neste momento, paga entre 34% e 50% ao
ano para colocar no mercado títulos que serão resgatados em um
mês.
O crédito para as pequenas empresas argentinas havia secado
quase que completamente a partir
de dezembro, quando o governo
decretou o "corralito" (nome dado ao congelamento dos depósitos bancários) e a moratória da dívida pública.
Na época, as instituições financeiras passaram por uma intensa
corrida bancária e, obrigadas a
honrar os saques dos correntistas,
perderam a capacidade de oferecer também linhas de financiamento às empresas.
No entanto o dinheiro começou
a voltar para os bancos nos últimos quatro meses porque o BC
conseguiu estabilizar a cotação do
dólar e acabou com a atratividade
do investimento na moeda norte-americana. Com isso, os investidores passaram a apostar novamente em fundos de investimento e na caderneta de poupança
mesmo com a grave situação econômica argentina.
Além disso, os banqueiros ganharam confiança para voltar a
fazer empréstimos na semana
passada, quando o governo liberou o saque dos depósitos de até
7.000 pesos que estavam dentro
do "corralito", mas 92% dos correntistas optaram por não sacar o
dinheiro disponível.
(JS)
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