São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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VIZINHO EM CRISE

Bancos abrirão linha para pequenas e médias que exportarem

Empresas argentinas terão crédito

DE BUENOS AIRES

Após passarem todo este ano praticamente impossibilitadas de obter crédito e aproveitar as vantagens competitivas oferecidas pela desvalorização cambial, as pequenas e médias empresas argentinas voltaram a ter acesso a linhas de financiamento bancário nos últimos dias.
Três bancos locais -o Credicoop, o Macro-Bansud e o Ciudad- anunciaram que vão oferecer 152 milhões de pesos para empresas locais que tenham a perspectiva de aumentar as exportações ou produzir internamente bens que, até o ano passado, eram importados.
Entre o setores beneficiados estão os fabricantes de autopeças, calçados, produtos têxteis e agroindustriais. Esses segmentos ganharam competitividade em relação aos concorrentes estrangeiros com a atual cotação do dólar no patamar de 3,70 pesos e, para os banqueiros, ofereceriam menor risco de inadimplência.
As instituições financeiras, no entanto, vão cobrar taxas de juros bastante elevadas, fato que deve atrair apenas as empresas que não podem desenvolver projetos de ampliação da produção com o próprio caixa.
Os juros dos empréstimos alcançam até 60% ao ano. No caso de créditos em dólares -que oferecem maior segurança de rentabilidade para os bancos- os juros anuais são de até 14%.
No curto prazo, não há expectativa de redução dessas taxas. Para os banqueiros, seria inviável oferecer empréstimos a juros menores porque o Banco Central argentino, que oferece baixíssimo risco de inadimplência neste momento, paga entre 34% e 50% ao ano para colocar no mercado títulos que serão resgatados em um mês.
O crédito para as pequenas empresas argentinas havia secado quase que completamente a partir de dezembro, quando o governo decretou o "corralito" (nome dado ao congelamento dos depósitos bancários) e a moratória da dívida pública.
Na época, as instituições financeiras passaram por uma intensa corrida bancária e, obrigadas a honrar os saques dos correntistas, perderam a capacidade de oferecer também linhas de financiamento às empresas.
No entanto o dinheiro começou a voltar para os bancos nos últimos quatro meses porque o BC conseguiu estabilizar a cotação do dólar e acabou com a atratividade do investimento na moeda norte-americana. Com isso, os investidores passaram a apostar novamente em fundos de investimento e na caderneta de poupança mesmo com a grave situação econômica argentina.
Além disso, os banqueiros ganharam confiança para voltar a fazer empréstimos na semana passada, quando o governo liberou o saque dos depósitos de até 7.000 pesos que estavam dentro do "corralito", mas 92% dos correntistas optaram por não sacar o dinheiro disponível. (JS)


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