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POLÊMICA
Comitê analisará liberação do agrotóxico glifosato nas plantações de soja
Reunião tentará eliminar falhas sobre transgênicos
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O agricultor que plantar soja
transgênica ainda corre risco de
ser preso e ter a colheita destruída. O governo autorizou o cultivo
das sementes geneticamente modificadas, mas não foi liberado o
uso do agrotóxico glifosato, essencial nesse tipo de plantação.
Para resolver o problema, foi
convocada para hoje uma reunião
emergencial do CTA (Comitê
Técnico de Assessoramento para
Agrotóxico), órgão responsável
por autorizar o uso do produto.
O comitê, cujas decisões são por
consenso, é composto por representantes dos ministérios do
Meio Ambiente, da Saúde e da
Agricultura. O primeiro, da ministra Marina Silva, foi contrário à
edição da medida provisória que
autorizou o uso das sementes de
soja transgênica neste ano.
O glifosato, um herbicida de
ação múltipla, só pode ser legalmente usado no Brasil antes de a
soja brotar. Nos cultivos transgênicos, o produto precisa ser usado
quando a planta já nasceu. Sem o
uso do glifosato depois da eclosão
da semente, não há vantagem
competitiva em usar a planta geneticamente modificada.
No plantio convencional e no
transgênico, o glifosato é aplicado
antes da eclosão da planta -autorizado pelo CTA. Depois de a
soja convencional nascer, o agricultor precisa usar um coquetel
de herbicidas de ação seletiva para controlar as ervas daninhas. O
uso do glifosato mataria a soja
convencional.
A soja geneticamente modificada usada no Brasil, cuja patente
mundial pertence à Monsanto, resiste ao glifosato. O controle das
ervas daninhas, em tese, é simplificado, pois o produtor pode usar
esse agrotóxico de ação múltipla.
Agricultores do Rio Grande do
Sul, que plantam ilegalmente a soja transgênica desde 98, já usam
de forma indevida o glifosato.
O CTA deve analisar a questão
do glifosato pós-emergente em
até 60 dias -costumam ser 180.
Relator nomeado
Integrante do lobby favorável à
soja transgênica, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) será o relator
da MP que liberou o plantio do
produto na atual safra. A escolha
foi do líder do partido, Nelson Pellegrino (BA), e do presidente da
Câmara, João Paulo Cunha (SP).
"A indicação é muito ruim. Ele
está envolvido com o assunto, foi
ao governo pressionar pela liberação e é do Estado interessado",
disse o deputado João Alfredo
(PT-CE), contra os transgênicos.
Pimenta foi um dos deputados
que foram em junho aos EUA e à
África do Sul a convite da Monsanto e da Embaixada americana.
Pellegrino minimizou o fato. "A
MP já liberou o plantio. Essa discussão [transgênicos] vamos tratar quando a lei de biossegurança
for enviada ao Congresso. Aí sim
vamos indicar uma pessoa neutra, mas o deputado [Pimenta] foi
designado com o compromisso
claro de que vai ouvir o núcleo
agrário e entidades ambientais."
Colaborou Fernanda Krakovics,
da Sucursal de Brasília
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