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INVESTIMENTOS
Total soma R$ 26 bi
BNDES libera 54,7% do orçamento do ano
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
Nos primeiros nove meses deste ano, o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) liberou pouco mais da
metade -54,7%- do total de recursos previstos no orçamento da
instituição para 2004. Segundo o
Boletim de Desempenho do banco, divulgado ontem, os desembolsos de janeiro a setembro somam R$ 25,9 bilhões. O orçamento é de R$ 47,3 bilhões no ano.
"O último trimestre é sempre o
mais forte em desembolsos, pois
muitos projetos que estão em
análise terão os recursos liberados
ainda neste ano", afirmou o superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Maurício Piccinini. "Eu não posso dizer que
vai dar [para liberar o orçamento
previsto], mas eu diria que nós
gostaríamos que desse."
Apesar de estar ainda longe do
orçamento total, os recursos liberados até setembro pelo BNDES
são 48% superiores ao mesmo período do ano passado, quando
atingiram R$ 17,5 bilhões.
Em setembro de 2003, o banco
tinha liberado 52,39% do orçamento e, mesmo assim, conseguiu chegar ao final do ano com
todo os recursos aplicados. A diferença é que o orçamento era de
R$ 33,4 bilhões e passou para R$
47,3 bilhões neste ano -um incremento de 41,6%. Em 2002, o
orçamento era de R$ 28 bilhões e,
em setembro, 73,93% já estava em
poder das empresas financiadas.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, vem reiteradamente reclamando que não estão chegando
grandes pedidos de investimentos. Piccinini afirmou que o banco tem bons projetos em áreas como siderurgia, papel e celulose,
petróleo e gás, energia elétrica,
transportes e telecomunicações.
"Mas outros setores industriais,
como bens de consumo duráveis
e não-duráveis, que são mais voltados para o mercado interno,
ainda não apareceram."
Em palestra ontem na Câmara
Americana de Comércio do Rio
de Janeiro, o diretor da Área de
Indústria do banco, Fábio Erber,
disse que uma das causas é o fato
de a TJLP (Taxa de Juro de Longo
Prazo) estar muito alta.
A maioria dos financiamentos
do BNDES é atrelada à TJLP,
atualmente em 9,75% ao ano. O
BNDES quer uma queda para 8%.
A reclamação de Erber, também
já feita por Lessa, mostra mais
uma divergência entre o BNDES e
os responsáveis pela política econômica. A taxa é definida pelo
Conselho Monetário Nacional
(CMN), formado pelos ministros
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
Guido Mantega (Planejamento) e
pelo presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
"O custo do investimento continua alto, e o empresário, provavelmente, ainda tem dúvidas
quanto à sustentabilidade do
crescimento", disse Erber.
Ele defende ainda que a taxa só
possa mudar anualmente e não
trimestralmente, como ocorre
hoje. "Ao ser trimestral, ela introduz um elemento de incerteza
empresarial."
Já o superintendente da Área de
Planejamento do BNDES, Maurício Piccinini, disse que uma prova
de que está aumentando a disposição do empresariado em realizar novos investimentos é o incremento de 150% nas consultas recebidas pela instituição de janeiro
a setembro deste ano em comparação a igual período de 2003.
No ano, as consultas, primeiro
passo para obter um financiamento do BNDES, já atingiram
R$ 64,82 bilhões.
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