São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

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INVESTIMENTOS

Total soma R$ 26 bi

BNDES libera 54,7% do orçamento do ano

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

Nos primeiros nove meses deste ano, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou pouco mais da metade -54,7%- do total de recursos previstos no orçamento da instituição para 2004. Segundo o Boletim de Desempenho do banco, divulgado ontem, os desembolsos de janeiro a setembro somam R$ 25,9 bilhões. O orçamento é de R$ 47,3 bilhões no ano.
"O último trimestre é sempre o mais forte em desembolsos, pois muitos projetos que estão em análise terão os recursos liberados ainda neste ano", afirmou o superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Maurício Piccinini. "Eu não posso dizer que vai dar [para liberar o orçamento previsto], mas eu diria que nós gostaríamos que desse."
Apesar de estar ainda longe do orçamento total, os recursos liberados até setembro pelo BNDES são 48% superiores ao mesmo período do ano passado, quando atingiram R$ 17,5 bilhões.
Em setembro de 2003, o banco tinha liberado 52,39% do orçamento e, mesmo assim, conseguiu chegar ao final do ano com todo os recursos aplicados. A diferença é que o orçamento era de R$ 33,4 bilhões e passou para R$ 47,3 bilhões neste ano -um incremento de 41,6%. Em 2002, o orçamento era de R$ 28 bilhões e, em setembro, 73,93% já estava em poder das empresas financiadas.
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, vem reiteradamente reclamando que não estão chegando grandes pedidos de investimentos. Piccinini afirmou que o banco tem bons projetos em áreas como siderurgia, papel e celulose, petróleo e gás, energia elétrica, transportes e telecomunicações. "Mas outros setores industriais, como bens de consumo duráveis e não-duráveis, que são mais voltados para o mercado interno, ainda não apareceram."
Em palestra ontem na Câmara Americana de Comércio do Rio de Janeiro, o diretor da Área de Indústria do banco, Fábio Erber, disse que uma das causas é o fato de a TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo) estar muito alta.
A maioria dos financiamentos do BNDES é atrelada à TJLP, atualmente em 9,75% ao ano. O BNDES quer uma queda para 8%.
A reclamação de Erber, também já feita por Lessa, mostra mais uma divergência entre o BNDES e os responsáveis pela política econômica. A taxa é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelos ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
"O custo do investimento continua alto, e o empresário, provavelmente, ainda tem dúvidas quanto à sustentabilidade do crescimento", disse Erber.
Ele defende ainda que a taxa só possa mudar anualmente e não trimestralmente, como ocorre hoje. "Ao ser trimestral, ela introduz um elemento de incerteza empresarial."
Já o superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Maurício Piccinini, disse que uma prova de que está aumentando a disposição do empresariado em realizar novos investimentos é o incremento de 150% nas consultas recebidas pela instituição de janeiro a setembro deste ano em comparação a igual período de 2003.
No ano, as consultas, primeiro passo para obter um financiamento do BNDES, já atingiram R$ 64,82 bilhões.


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