São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

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Valor do barril bate recorde e assusta Bolsa

DA REDAÇÃO

A tensão na Nigéria e os efeitos do furacão Ivan no golfo do México, que ocupam o noticiário há semanas, continuam a produzir estragos nos contratos futuros do petróleo, em um movimento de alta que já começa a incomodar até operadores acostumados à volatilidade dos mercados.
O barril atingiu pela primeira vez, durante o dia, o patamar de US$ 53 na Bolsa Mercantil de Nova York e encerrou com alta de 1,25%, negociado a US$ 52,67, maior valor da história.
Em Londres, o barril do Brent ganhou 1,9%, negociado a US$ 48,90, também novo recorde.
Mas para Howard Hopkins, 50, operador do ABN-Amro, o novo recorde do petróleo não tinha muita importância, era só uma oportunidade de negociar.
Ele opera contratos futuros de petróleo desde que foram introduzidos em Nova York, em 1983, e negocia em média 4.000 contratos ao dia, o que equivale a 4 milhões de barris de petróleo.
Consumidores, os candidatos à Presidência dos EUA e os mercados de ações e títulos talvez estejam preocupados com a subida dos preços do petróleo para alturas até então inéditas. Mas os operadores de petróleo estão mais preocupados com aquilo que definem como volatilidade, que é uma medida do movimento do mercado, não importa que os preços caiam ou subam.
Normalmente, operadores gostam de volatilidade, porque lhes propicia a chance de ganhar dinheiro. Mas a corrida do petróleo para a casa dos US$ 50 se tornou agitada demais, até mesmo para os mais experientes dos operadores, e muitos decidiram segurar o ritmo por algum tempo.
Isso se deve ao apreço dos operadores pelo que definem como profundidade, ou liqüidez. Quando o volume de operações é adequado, comparado à volatilidade do mercado, os movimentos de preços se suavizam, quer estejam em alta ou em baixa.
Sem um volume adequado, pode haver altas súbitas e consideráveis de preços de uma operação para a próxima. Esse tipo de disparidade de preço pode transformar lucros em prejuízos num piscar de olhos. Ainda que boa parte do dinheiro novo vindo dos fundos de hedge e de pensões esteja empurrando o petróleo a uma alta, isso não basta para acompanhar o ritmo de volatilidade cada vez mais pronunciada.
"Você tem agora muita volatilidade sem a profundidade com a qual estávamos acostumados, e isso tem feito as pessoas recuarem de suas posições", disse Hopkins. Desde 1º de julho, quando um barril custava US$ 38,74, a faixa diária de flutuação de preços subiu a pouco menos de US$ 1,16, ante US$ 1,04 nos três meses encerrados em junho e US$ 0,79 no semestre final de 2003.
"Acredito que ou o operador encontra uma maneira de lidar com a volatilidade ou sai do pregão carregado em maca", disse Jay Bernstein, presidente da Northville Industries Corporation, uma "trading" de petróleo americana. "Nós formamos e desfazemos posições muito mais rapidamente do que costumávamos, devido à volatilidade."


Com o "New York Times"

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