São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Negociação para venda do ABN demorou mais de seis meses

DA REDAÇÃO

A compra do ABN Amro Bank pelo consórcio formado por RBS (Royal Bank of Scotland), Santander e Fortis -a maior aquisição do setor de serviços financeiros- deverá por fim a uma novela de mais de seis meses. Em um dos capítulos, a venda da instituição chegou a ser anunciada pelo britânico Barclays por US$ 91 bilhões, mas o negócio não foi para a frente.
O ponta-pé inicial para a venda foi uma carta do fundo britânico TCI (O Investimento das Crianças, na sigla em inglês), acionista minoritário do ABN, em fevereiro. O fundo solicitou que a companhia fosse dividida ou mesmo vendida devido à má performance de suas ações na Bolsa. No mês seguinte, o Barclays anunciou que mantinha negociações exclusivas para a compra do banco holandês.
Para entrar na disputa, os bancos RBS, Santander e Fortis formaram um consórcio e em 13 de abril manifestaram interesse em adquirir a instituição. A intenção dos bancos era comprar o ABN para dividi-lo entre eles. Pelo plano inicial, o banco espanhol ficaria com as operações no Brasil e na Itália. O RBS, o segundo maior do Reino Unido, assumiria as operações no seu país e o controle do La Salle, a unidade nos EUA do ABN. O belga-holandês Fortis levaria as operações de varejo na Holanda.
O consórcio só tornou pública a oferta de mais de US$ 100 bilhões -sendo a maior parte em cash- pelo ABN, dois dias após o anúncio da aprovação parcial da compra pelo Barclays, no dia 23 de abril. A proposta cobria a oferta feita pelo banco britânico e deixou o conselho do ABN, que havia recomendado a venda, em situação delicada perante os acionistas.
Ao lado do negócio com o Barclays, foi anunciada a venda do La Salle para o Bank of America por US$ 21 bilhões. A oferta dos três bancos envolvia a suspensão da venda do braço do ABN nos EUA, principal interesse do RBS no grupo.
O negócio com o Bank of America chegou a ser suspenso, no início de maio, pela Justiça holandesa, que entendia que a venda precisava ser aprovada pelos acionistas. A transação só foi concluída no último dia 1º.
O conselho do ABN retirou sua recomendação à proposta de compra feita pelo Barclays para adquiri-lo, em julho, mais de quatro meses depois do início das negociações. Em comunicado, o banco holandês afirmou que, apesar de ainda "apoiar" a oferta feita pelo Barclays, não podia mais recomendá-la "do ponto de vista financeiro" porque, naquele momento, ela era 1% inferior ao valor de mercado do ABN.
No último dia 5, o britânico Barclays decidiu retirar sua oferta pelo ABN, avaliada à época em cerca de US$ 88 bilhões. A última proposta do consórcio de bancos envolve 94% em dinheiro.


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