São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Dólar está subvalorizado, diz diretor do FMI

Segundo Rodrigo de Rato, crise nos mercados criou "novo cenário para desequilíbrios globais", que exige atenção dos governos

Rato afirmou que os países precisam aprender as lições da crise, sem ter que renunciar à liberalização e à globalização financeiras

DA REDAÇÃO

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), o espanhol Rodrigo de Rato), afirmou em entrevista ao jornal "Financial Times" que atualmente o dólar está subvalorizado em relação a outras moedas, mas que há poucos anos a moeda americana estava certamente supervalorizada.
Para o dirigente, que será substituído a partir de 1º de novembro pelo francês Dominique Strauss-Kahn no comando do Fundo, o aperto no crédito e o corte na taxa de juros americana pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) -motivados pela crise nos mercados financeiros, que iniciou no final de julho e ficou mais aguda no mês seguinte- criaram um "novo cenário para desequilíbrios globais" que políticos precisam ficar atentos.
Desde o corte de 0,50 ponto percentual nos juros pelo Fed, na reunião de setembro, a cotação do euro vem batendo recordes em relação ao dólar. No entanto, Rato diz que a relação dólar-euro é apenas parte de um problema global mais complexo. É um cenário que também envolve moedas que, formalmente ou informalmente, estão ligadas ao dólar, como o yuan (a moeda chinesa), e que se desvalorizam quando a moeda americana perde força.
De acordo com o espanhol, seria de interesse da China adotar uma política cambial mais flexível, "independente do valor do dólar", e que essa conjuntura está ficando mais forte. Em sua avaliação, uma flexibilização do yuan ajudaria o governo chinês a gerenciar a economia local e também colaboraria com o desenvolvimento dos países vizinhos.
Muitas economias emergentes, especialmente na Ásia, têm medo de deixar suas moedas se valorizar ante o dólar por temerem que irão perder competitividade em relação à China.
Rato também demonstra preocupação com o iene, a moeda japonesa, que está fraco devido, especialmente, à taxa de juros do país, de 0,50% ao ano, que é a mais baixa dos países do G7 (as sete nações mais ricas do mundo). "A normalização da política monetária no Japão é um objetivo importante no médio prazo."
Segundo ele, a política cambial será um dos temas principais na reunião anual do FMI, que acontece neste mês, assim como as conseqüências na economia mundial da crise no mercado de crédito imobiliário americano.
Rato afirma que é fundamental que o mundo entenda as lições da crise "sem que tenha que renunciar à liberalização financeira e à globalização financeira, porque elas são o núcleo do sucesso da economia mundial". Ele pediu ainda que as nações em desenvolvimento não cheguem a conclusões erradas e impeçam o desenvolvimento de seus mercados financeiros.

Mudanças
Para Rato, os governos em todo o mundo terão que fazer mudanças substanciais em seus orçamentos devido ao perto no crédito nos mercados financeiros. Segundo ele, a crise foi "séria", ainda não acabou e irá reduzir o crescimento econômico mundial.
"Os políticos não devem pensar que os problemas ficarão nas mesas dos banqueiros", afirmou. "Os problemas irão chegar ao setor da economia real, irão chegar aos orçamentos. Isso é algo que nós estamos dizendo às pessoas."
Ele disse que os efeitos da crise de crédito serão sentidos "mais rapidamente nos Estados Unidos e, em alguma extensão, na Europa e no Japão". No entanto, "todos [os países irão sentir algum impacto".


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