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Dólar está subvalorizado, diz diretor do FMI
Segundo Rodrigo de Rato, crise nos mercados criou "novo cenário para desequilíbrios globais", que exige atenção dos governos
Rato afirmou que os países precisam aprender as lições da crise, sem ter que renunciar à liberalização e à globalização financeiras
DA REDAÇÃO
O diretor-gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional), o espanhol Rodrigo de Rato), afirmou em entrevista ao
jornal "Financial Times" que
atualmente o dólar está subvalorizado em relação a outras
moedas, mas que há poucos
anos a moeda americana estava
certamente supervalorizada.
Para o dirigente, que será
substituído a partir de 1º de novembro pelo francês Dominique Strauss-Kahn no comando
do Fundo, o aperto no crédito e
o corte na taxa de juros americana pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados
Unidos) -motivados pela crise
nos mercados financeiros, que
iniciou no final de julho e ficou
mais aguda no mês seguinte-
criaram um "novo cenário para
desequilíbrios globais" que políticos precisam ficar atentos.
Desde o corte de 0,50 ponto
percentual nos juros pelo Fed,
na reunião de setembro, a cotação do euro vem batendo recordes em relação ao dólar. No entanto, Rato diz que a relação dólar-euro é apenas parte de
um problema global mais complexo. É um cenário que também envolve moedas que, formalmente ou informalmente, estão ligadas ao dólar, como o
yuan (a moeda chinesa), e que
se desvalorizam quando a moeda americana perde força.
De acordo com o espanhol,
seria de interesse da China adotar uma política cambial mais
flexível, "independente do valor do dólar", e que essa conjuntura está ficando mais forte.
Em sua avaliação, uma flexibilização do yuan ajudaria o governo chinês a gerenciar a economia local e também colaboraria com o desenvolvimento dos
países vizinhos.
Muitas economias emergentes, especialmente na Ásia, têm
medo de deixar suas moedas se
valorizar ante o dólar por temerem que irão perder competitividade em relação à China.
Rato também demonstra
preocupação com o iene, a
moeda japonesa, que está fraco
devido, especialmente, à taxa
de juros do país, de 0,50% ao
ano, que é a mais baixa dos países do G7 (as sete nações mais
ricas do mundo). "A normalização da política monetária no
Japão é um objetivo importante no médio prazo."
Segundo ele, a política cambial será um dos temas principais na reunião anual do FMI,
que acontece neste mês, assim
como as conseqüências na economia mundial da crise no
mercado de crédito imobiliário
americano.
Rato afirma que é fundamental que o mundo entenda as lições da crise "sem que tenha
que renunciar à liberalização
financeira e à globalização financeira, porque elas são o núcleo do sucesso da economia
mundial". Ele pediu ainda que
as nações em desenvolvimento
não cheguem a conclusões erradas e impeçam o desenvolvimento de seus mercados financeiros.
Mudanças
Para Rato, os governos em
todo o mundo terão que fazer
mudanças substanciais em
seus orçamentos devido ao perto no crédito nos mercados financeiros. Segundo ele, a crise
foi "séria", ainda não acabou e
irá reduzir o crescimento econômico mundial.
"Os políticos não devem pensar que os problemas ficarão
nas mesas dos banqueiros",
afirmou. "Os problemas irão
chegar ao setor da economia
real, irão chegar aos orçamentos. Isso é algo que nós estamos
dizendo às pessoas."
Ele disse que os efeitos da crise de crédito serão sentidos
"mais rapidamente nos Estados Unidos e, em alguma extensão, na Europa e no Japão". No
entanto, "todos [os países irão
sentir algum impacto".
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