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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
CEF negocia compra de 20 carteiras de bancos
A Caixa Econômica Federal
está perto de concluir a compra
de 20 carteiras de empréstimos
de cerca de dez bancos pequenos e médios.
A instituição deve desembolsar mais de R$ 1 bilhão nessa
operação. A CEF tem um caixa
de R$ 100 bilhões à disposição.
Apesar de o nome dos bancos
ser mantido em sigilo, o que se
sabe é que são instituições que
apresentam apenas alguns problemas de liquidez devido à paralisia das linhas de crédito internacionais.
Não é só a Caixa Econômica
Federal que está adquirindo essas carteiras de crédito para socorrer os bancos pequenos e
médios. Os grandes bancos
também estão em negociações
dessas carteiras. Os nomes, no
entanto, também estão sendo
mantidos em sigilo.
Os grandes bancos privados
se interessaram em comprar
essas carteiras de crédito para
aproveitar o desconto concedido no compulsório pelo Banco
Central.
Na segunda-feira, o presidente Lula editou medida provisória dando carta-branca para o Banco Central ter direito a
comprar carteira de crédito dos
bancos pequenos e médios. O
objetivo da medida é ajudar os
bancos de pequeno porte que
foram abatidos pelo congelamento das linhas de crédito.
Ao explicar a medida, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o objetivo é socorrer os bancos que
estejam em dificuldade imediata. Ele informou também que
não via, pelo menos até aquele
momento, necessidade de
exercer essa prerrogativa.
Muitos especialistas interpretaram essa medida como
um sinal de que os grandes bancos não tinham se interessado
em comprar as carteiras de crédito dos bancos pequenos. Havia algumas dificuldades técnicas para a operacionalização do
negócio. O que se apurou é que
as negociações estão em pleno
andamento.
Apesar de todas as medidas
reforçando os poderes do Banco Central, mesmo assim o
mercado ficou bastante pessimista ontem, o que pode levar a
autoridade monetária a tomar
novas medidas.
Werlang sugere redução do compulsório e pausa nos juros
O Banco Central deveria baixar o compulsório e dar uma
pausa ou subir pouco os juros
na próxima reunião do Copom
para reduzir o problema de
contração de liquidez no sistema financeiro, na opinião de
Sérgio Werlang, vice-presidente do Itaú e ex-diretor do Banco
Central.
Segundo ele, o problema vivido hoje de restrição ao crédito
tem o mesmo efeito de uma alta
dos juros pelo Banco Central. O
custo do dinheiro subiu e os
prazos de financiamento encurtaram. Pelas suas contas, essa contração de liquidez equivale a uma elevação da Selic dos
atuais 13,75% para 14,3%.
Werlang diz que as medidas
adotadas pelo Banco Central
nos últimos dias estão na direção correta, mas ele não arrisca
dizer se serão suficientes ou
não para injetar liquidez no
mercado.
"Não sei se as medidas serão
suficientes ou não, mas acho
que talvez o Banco Central devesse oferecer um pouco mais
em linhas em dólar, já que está
com um nível folgado de reservas, e liberar um pouco mais o
compulsório."
O Brasil é o país com a maior
taxa de compulsório do mundo,
de 53% sobre os depósitos à vista. Werlang acha que essa alíquota poderia cair uns dez pontos percentuais, o que daria um
alívio para o mercado e diminuiria o problema de contração
de liquidez.
LANCE LIVRE
Pela primeira vez desde
2002, a lista dos 50 chineses mais ricos registrou
queda de quase um terço
nas riquezas no último
ano. O relatório Hurun,
que elenca os milionários,
divulgado ontem, aponta
que a crise financeira global já começa a derreter
fortunas na China, segundo o "Financial Times".
Outra novidade no ranking é a entrada do astro
da NBA, o jogador de basquete Yao Ming, 28, que
passa a fazer parte da lista, na posição 987, como o
rico mais jovem do grupo.
PAPEL DE PRESENTE
As vendas do varejo para o Dia da Criança caíram 1,3% entre os dias 3 e
5 na comparação com 5 a
7 de outubro de 2007, informou a Serasa. Para o
órgão, as eleições prejudicaram o movimento do
varejo em todo o país. São
Paulo foi exceção, pois
muitos eleitores deixaram
de viajar no fim de semana para votar e aproveitaram para fazer compras.
As vendas no município
subiram 1,8% no período.
CALENDÁRIO
Patrick de Larragoiti Lucas, presidente da SulAmérica Seguros e Previdência,
afirma que o mercado de seguradoras brasileiro deve
sentir os impactos da crise
no próximo ano. "Neste ano,
a previsão de crescimento
está mantida em 10% e em
2009 será inferior." Segundo Larragoiti, o mercado
brasileiro vai levar mais
tempo para receber reflexos
das turbulências porque é
muito conservador.
HOLOFOTES
A crise econômica internacional aumentou o interesse de jornalistas pela cobertura da reunião anual do
FMI (Fundo Monetário Internacional), realizada nesta semana. O órgão informou que a quantidade de
cadastros para a imprensa
da América Latina é a maior
dos últimos cinco anos.
NA ESPERA
A volatilidade da cotação
do dólar congelou as vendas
de pacotes de viagens internacionais. "Nosso problema
não é a subida do dólar, mas
a instabilidade do mercado", diz Leonel Rossi, da
Abav (associação de agências de viagens). Segundo
ele, as pessoas pararam de
comprar temporariamente
os pacotes para aguardar o
mercado se estabilizar. No
entanto, isso não deve afetar o resultado do ano. "Já
vendemos 50% dos pacotes
previstos para o final de
ano. Acho que não teremos
dificuldade em vender o
resto. Se alguém deixar de ir
para o exterior, vai fazer viagens domésticas. E mais estrangeiros virão para cá."
CONSUMIDOR
APENAS 4% CITAM CRISE COMO FATO MAIS SURPREENDENTE DO MÊS
A crise econômica ainda surpreende pouco os consumidores brasileiros, segundo dados do INC (Índice Nacional de
Confiança) ACSP/Ipsos. Apenas 4% deles apontaram notícias relacionadas à crise como as que mais lhes chamaram a
atenção em setembro. Crimes e notícias policiais foram os
fatos que mais surpreenderam, com 39% das menções. Apesar de não citarem a crise, os consumidores das grandes cidades estão menos confiantes na economia. O INC das nove
regiões metropolitanas continuou a trajetória de queda iniciada em abril e atingiu 132 pontos em setembro.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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