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Moinho suspende importação, e Pih espera concentração
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A importação de trigo pelos
moinhos brasileiros praticamente parou com a suspensão
das linhas de financiamento de
bancos e das tradings. Nem o
Moinho Pacífico, maior processador de trigo do país, safou-se
da paralisia do crédito.
A informação é do presidente
do grupo, Lawrence Pih. Em
entrevista à Folha, Pih alerta
para os riscos provados pela
ausência de crédito para importar ao mesmo tempo em
que o dólar dispara. A oferta
nacional deve garantir o abastecimento, diz. A seguir os
principais trechos da conversa.
FOLHA - A crise do crédito alcançou
o Moinho Pacífico?
LAWRENCE PIH - A situação é
complexa e diria até confusa.
De três semanas para cá, notamos que todas as instituições
financeiras e as trading que negociam o trigo reduziram dramaticamente a disponibilidade
de linhas de crédito. Na última
semana, simplesmente o crédito desapareceu e isso não tem
nenhuma relação com o fato de
o cliente ser bom ou não.
FOLHA - Mas há risco para o abastecimento?
LAWRENCE PIH - Não vamos ter
problema no abastecimento de
farinha porque agora temos trigo nacional. Estamos colhendo
no Paraná e, no Rio Grande do
Sul, vamos começar a colheita
no final deste mês. A nossa sorte é que o governo estimulou a
produção de trigo.
FOLHA - Qual será a colheita de trigo?
LAWRENCE PIH - A expectativa
varia de 5,6 milhões a 5,8 milhões de toneladas. Com isso,
atendemos mais da metade da
demanda nacional. O nosso
consumo está em torno de 9
milhões de toneladas.
FOLHA - Mas esse estoque pode
acabar e comprometer abastecimento?
LAWRENCE PIH - Ainda é imprevisível. Primeiro porque ninguém sabe quanto tempo vai
demorar a paralisação dos financiamentos. Depois, se continuarmos com dois ou três
meses sem linha de crédito, o
que pode ocorrer é o seguinte:
os moinhos vão acabar com o
trigo importado, vão deixar de
fazer o blend e vão comprar exclusivamente trigo nacional.
Não vai faltar farinha, mas nosso mix vai ser diferente. Vamos
ter que depender mais do trigo
nacional do que do importado.
FOLHA - E isso pode comprometer
a saúde financeira dos moinhos?
LAWRENCE PIH - Sim, pode comprometer. Para nós, isso é uma
maxidesvalorização do real. É
um impacto forte nos moinhos.
Pode haver uma concentração
no setor. Hoje, temos cerca de
200 moinhos no Brasil, alguns
grandes, mas muitos pequenos.
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