São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2001

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CRISE NO AR

Fundação quer elevar participação na companhia; presidente, que manteria o controle da empresa, nega operação

Empregados podem ter 45% da Transbrasil

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Transbrasil, Antônio Celso Cipriani, iniciou negociações para repassar quase metade do controle da empresa para os funcionários. A Folha apurou que o início dos entendimentos ocorreu na noite de terça-feira, quando pilotos, gerentes e diretores da companhia pressionaram o empresário a regularizar a situação da companhia. A proposta em curso é elevar a participação da Fundação Transbrasil de 20% para cerca de 45%.
"Cipriani não abre mão do controle da companhia, mas a mudança permitirá que possamos acompanhar com detalhes o que está sendo realizado na empresa", afirmou ontem o vice-presidente da Associação de Pilotos da Transbrasil (APT), Eduardo de Almeida Rosa, conhecido pelo codinome José entre os associados.
Ontem à noite, Cipriani negou que esteja negociando a venda de parte da empresa.

Engenharia complicada
A engenharia financeira pretendida por Cipriani é bastante complicada. A família de Omar Fontana, presidente da Transbrasil já morto, detém cerca de 75% das ações. A fundação possui 20%, e o restante dos papéis está pulverizado no mercado.
Segundo Rosa, a idéia de Cipriani é vender parte das atuais ações em posse da família Fontana (incluindo também os cerca de 5% que o próprio empresário detém da Transbrasil) para a fundação. "Nós concordamos com a proposta, desde que o preço da operação seja baixo", ressaltou Rosa. A Fundação Transbrasil tem caixa para bancar o negócio: o fundo de pensão dos trabalhadores possui por volta de R$ 215 milhões.
Há, no entanto, um problema. Cipriani é também o presidente da própria fundação. Os trabalhadores teriam que negociar com o empresário a fim de garantir uma maior autonomia da instituição. O objetivo dos trabalhadores é aumentar de um para três o número de seus representantes no conselho da empresa. O que lhes garantiria maior acesso aos números financeiros da companhia, que tem uma dívida de cerca de R$ 900 milhões no mercado.
Tanto a Transbrasil como a APT garantiram que a companhia continuará a voar normalmente nos próximos dias, apesar dos boatos de que iria parar. Os pilotos prometeram a Cipriani que não deixariam de pilotar os aviões depois que o empresário determinou anteontem o pagamento de mais 20% dos salários de setembro que estão atrasados.


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