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CRISE NO AR
Fundação quer elevar participação na companhia; presidente, que manteria o controle da empresa, nega operação
Empregados podem ter 45% da Transbrasil
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Transbrasil,
Antônio Celso Cipriani, iniciou
negociações para repassar quase
metade do controle da empresa
para os funcionários. A Folha
apurou que o início dos entendimentos ocorreu na noite de terça-feira, quando pilotos, gerentes e
diretores da companhia pressionaram o empresário a regularizar
a situação da companhia. A proposta em curso é elevar a participação da Fundação Transbrasil
de 20% para cerca de 45%.
"Cipriani não abre mão do controle da companhia, mas a mudança permitirá que possamos
acompanhar com detalhes o que
está sendo realizado na empresa",
afirmou ontem o vice-presidente
da Associação de Pilotos da
Transbrasil (APT), Eduardo de
Almeida Rosa, conhecido pelo codinome José entre os associados.
Ontem à noite, Cipriani negou
que esteja negociando a venda de
parte da empresa.
Engenharia complicada
A engenharia financeira pretendida por Cipriani é bastante complicada. A família de Omar Fontana, presidente da Transbrasil já
morto, detém cerca de 75% das
ações. A fundação possui 20%, e o
restante dos papéis está pulverizado no mercado.
Segundo Rosa, a idéia de Cipriani é vender parte das atuais ações
em posse da família Fontana (incluindo também os cerca de 5%
que o próprio empresário detém
da Transbrasil) para a fundação.
"Nós concordamos com a proposta, desde que o preço da operação seja baixo", ressaltou Rosa.
A Fundação Transbrasil tem caixa
para bancar o negócio: o fundo de
pensão dos trabalhadores possui
por volta de R$ 215 milhões.
Há, no entanto, um problema.
Cipriani é também o presidente
da própria fundação. Os trabalhadores teriam que negociar com o
empresário a fim de garantir uma
maior autonomia da instituição.
O objetivo dos trabalhadores é
aumentar de um para três o número de seus representantes no
conselho da empresa. O que lhes
garantiria maior acesso aos números financeiros da companhia,
que tem uma dívida de cerca de
R$ 900 milhões no mercado.
Tanto a Transbrasil como a
APT garantiram que a companhia continuará a voar normalmente nos próximos dias, apesar
dos boatos de que iria parar. Os
pilotos prometeram a Cipriani
que não deixariam de pilotar os
aviões depois que o empresário
determinou anteontem o pagamento de mais 20% dos salários
de setembro que estão atrasados.
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