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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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EFEITO DÓLAR

Levantamento da Thomson mostra alta média de 105% neste ano nos ganhos das companhias que compõem o Ibovespa

Lucro das empresas abertas dobra em 2003

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro médio das empresas brasileiras que compõem o índice Ibovespa (principal índice da Bolsa de São Paulo) poderá subir 105%, ou seja, mais que dobrar em 2003 em comparação ao registrado em 2002, diz pesquisa da consultoria Thomson Financial.
São dois os principais fatores apontados pela consultoria e analistas para a substancial melhora: primeiro, a reviravolta no câmbio. Se em 2002 o dólar subiu 53% perante o real, neste ano, até ontem, acumulava uma queda de 19%. O segundo fator, dizem analistas, está ligado ao melhor desempenho de vendas. Parte das empresas (leia-se as exportadoras) compensou no mercado externo a retração interna.
O setor siderúrgico desponta como o maior destaque do ano. De acordo com as projeções, poderá atingir um lucro líquido de R$ 4,78 bilhões neste ano -o que significa dez vezes mais que os R$ 433 milhões que as setes siderúrgicas consideradas no estudo registraram de lucro em 2002.
""Para as companhias, 2002 foi muito ruim. Sofreram com a instabilidade cambial, que afetou diretamente o resultado financeiro delas. Neste ano, a situação se inverteu. A apreciação do real está favorecendo o balanço das empresas", argumenta Guillermo Mazzoni, diretor do departamento de pesquisas da Thomson.
A equação é simples. Imagine uma empresa que tenha contraído uma dívida em dólares de US$ 100 milhões. Em setembro do ano passado, no auge da depreciação do real, essa dívida era contabilizada, pela média mensal do dólar, como R$ 335 milhões. Já em setembro deste ano, seria contabilizada como R$ 292 milhões.
Em 2002, segundo dados da consultoria Economática, as empresas do setor siderúrgico registraram lucro operacional de R$ 8,1 bilhões, mas tiveram despesas financeiras de R$ 5,7 bilhões. Foram consideradas neste levantamento as mesmas empresas listadas no estudo da Thomson. "A maioria é exportadora, mas tem dívidas também em dólares, e as despesas financeiras acabaram corroendo o lucro", diz Einar Rivero, analista da Economática.
O segundo posto entre as melhores perspectivas de desempenho cabe ao setor de papel e celulose. De janeiro a agosto, segundo dados da Bracelpa (a associação do setor), as exportações de papel aumentaram 15,4%. No ano, a produção total de papel e celulose deve se expandir 15% sobre 2002.
Pelos cálculos da Thomson, as empresas do setor devem fechar o ano com lucro de R$ 4,17 bilhões.
"Era previsto que os setores de siderurgia e papel e celulose se beneficiassem ao longo do ano. Houve uma melhora nos preços internacionais dos produtos, o fator dólar as ajudou nas exportações e nas dívidas", argumenta Álvaro Bandeira, diretor de pesquisa da corretora Ágora.
O economista lembra que os dois setores têm uma característica comum: são altamente endividados em dólares por terem feito investimentos para aumento de capacidade de produção. No grupo de maiores endividados aparecem CSN (entre as siderúrgicas), Klabin e Aracruz (celulose e papel). A Klabin, por exemplo, amargou em 2002 prejuízo de R$ 218 milhões. No primeiro semestre de 2003 acumulou lucro de R$ 1 bilhão -não sem fazer duros ajustes, como venda de ativos.
Pela projeção, o setor de petróleo e gás (puxado por Petrobras) fechará 2003 com lucro líquido de R$ 16,01 bilhões -foram R$ 8,35 bilhões em 2002. Apenas um encerrará o ano no vermelho, o de mídia e internet: previsão de prejuízo de R$ 59 milhões, ante o R$ 1,11 bilhão de prejuízo de 2002.
A pesquisa considerou a expectativa de lucro do Ibovespa de acordo com o peso de cada uma das empresas no índice.


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