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EFEITO DÓLAR
Levantamento da Thomson mostra alta média de 105% neste ano nos ganhos das companhias que compõem o Ibovespa
Lucro das empresas abertas dobra em 2003
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro médio das empresas
brasileiras que compõem o índice
Ibovespa (principal índice da Bolsa de São Paulo) poderá subir
105%, ou seja, mais que dobrar
em 2003 em comparação ao registrado em 2002, diz pesquisa da
consultoria Thomson Financial.
São dois os principais fatores
apontados pela consultoria e analistas para a substancial melhora:
primeiro, a reviravolta no câmbio. Se em 2002 o dólar subiu 53%
perante o real, neste ano, até ontem, acumulava uma queda de
19%. O segundo fator, dizem analistas, está ligado ao melhor desempenho de vendas. Parte das
empresas (leia-se as exportadoras) compensou no mercado externo a retração interna.
O setor siderúrgico desponta
como o maior destaque do ano.
De acordo com as projeções, poderá atingir um lucro líquido de
R$ 4,78 bilhões neste ano -o que
significa dez vezes mais que os R$
433 milhões que as setes siderúrgicas consideradas no estudo registraram de lucro em 2002.
""Para as companhias, 2002 foi
muito ruim. Sofreram com a instabilidade cambial, que afetou diretamente o resultado financeiro
delas. Neste ano, a situação se inverteu. A apreciação do real está
favorecendo o balanço das empresas", argumenta Guillermo
Mazzoni, diretor do departamento de pesquisas da Thomson.
A equação é simples. Imagine
uma empresa que tenha contraído uma dívida em dólares de US$
100 milhões. Em setembro do ano
passado, no auge da depreciação
do real, essa dívida era contabilizada, pela média mensal do dólar,
como R$ 335 milhões. Já em setembro deste ano, seria contabilizada como R$ 292 milhões.
Em 2002, segundo dados da
consultoria Economática, as empresas do setor siderúrgico registraram lucro operacional de R$
8,1 bilhões, mas tiveram despesas
financeiras de R$ 5,7 bilhões. Foram consideradas neste levantamento as mesmas empresas listadas no estudo da Thomson. "A
maioria é exportadora, mas tem
dívidas também em dólares, e as
despesas financeiras acabaram
corroendo o lucro", diz Einar Rivero, analista da Economática.
O segundo posto entre as melhores perspectivas de desempenho cabe ao setor de papel e celulose. De janeiro a agosto, segundo
dados da Bracelpa (a associação
do setor), as exportações de papel
aumentaram 15,4%. No ano, a
produção total de papel e celulose
deve se expandir 15% sobre 2002.
Pelos cálculos da Thomson, as
empresas do setor devem fechar o
ano com lucro de R$ 4,17 bilhões.
"Era previsto que os setores de
siderurgia e papel e celulose se beneficiassem ao longo do ano.
Houve uma melhora nos preços
internacionais dos produtos, o fator dólar as ajudou nas exportações e nas dívidas", argumenta
Álvaro Bandeira, diretor de pesquisa da corretora Ágora.
O economista lembra que os
dois setores têm uma característica comum: são altamente endividados em dólares por terem feito
investimentos para aumento de
capacidade de produção. No grupo de maiores endividados aparecem CSN (entre as siderúrgicas),
Klabin e Aracruz (celulose e papel). A Klabin, por exemplo,
amargou em 2002 prejuízo de R$
218 milhões. No primeiro semestre de 2003 acumulou lucro de R$
1 bilhão -não sem fazer duros
ajustes, como venda de ativos.
Pela projeção, o setor de petróleo e gás (puxado por Petrobras)
fechará 2003 com lucro líquido de
R$ 16,01 bilhões -foram R$ 8,35
bilhões em 2002. Apenas um encerrará o ano no vermelho, o de
mídia e internet: previsão de prejuízo de R$ 59 milhões, ante o R$
1,11 bilhão de prejuízo de 2002.
A pesquisa considerou a expectativa de lucro do Ibovespa de
acordo com o peso de cada uma
das empresas no índice.
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