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LUÍS NASSIF
Os temas da concertação
Algumas observações sobre
o documento "Fundamentos para um novo contrato social" -que está sendo discutido
para o congresso de junho do
próximo ano, no âmbito do Pacto de Concertação (outro nome
para Pacto Social) do Conselho
de Desenvolvimento Econômico
e Social.
Em relação ao tema "controle
público do Estado", o trabalho
propõe a disseminação de órgãos
de participação e o "controle da
sociedade civil sobre as atividades dos agentes públicos (...) e no
controle da gestão e do Orçamento".
Com o avanço da internet e
das modernas formas de indicadores, seria relevante a definição
de uma política de elaboração
de indicadores para cada órgão
público, assim como a obrigatoriedade de publicação na internet em padrão xml (padrão internacional de documentação),
permitindo a qualquer pessoa
ou entidade capturar os dados e
analisar.
Em relação à "segurança nacional", o documento prevê "iniciativas de defesa do ambiente,
de enfrentamento do crime organizado, modernização das
Forças Armadas" etc. Ponto relevante é a defesa do conhecimento científico-tecnológico no país,
incluindo a biodiversidade. Há
rumores sobre espionagem tecnológica em organizações tecnológicas brasileiras.
Em relação ao capítulo 3
-"cultura de concertação"-, o
documento explicita duas linhas
de pensamento divergentes e que
também aparecem no capítulo
referente ao papel do sistema financeiro nacional. Uma, mais
intervencionista, defendendo o
papel do Estado na definição dos
setores prioritários, inclusive determinando direcionamento de
crédito bancários para esses setores. Outra, mais indicativa,
trabalhando em cima da consolidação de valores e paradigmas,
mas sem imposições de nenhuma ordem. Há que ter cuidado
para não repetir erros do passado.
O documento dá ênfase à
apropriação tecnológica e à produção de novas tecnologias. Ajudaria incluir a defesa de políticas
para as grandes compras governamentais, assim como incentivos fiscais à implantação de empresas estrangeiras, que contivessem cláusulas "offset" que
privilegiassem a absorção de tecnologia pelo país.
No capítulo referente às negociações com Alca e Mercosul, o
documento enfatiza o papel do
país para "liderar a formatação
jurídica e política do Mercosul" e
defende o conceito de "cooperação e equidade" nas negociações
com a Alca.
Embora a palavra "equidade"
sugira, talvez fosse relevante sublinhar que o conceito de equidade é dar tratamento desigual
aos desiguais, respeitando o estágio de desenvolvimento de cada país. As regras de abertura
comercial do Paraguai não podem ser as mesmas do Brasil,
que não podem ser as mesmas
dos EUA.
No capítulo referente ao "desenvolvimento regional", valeria
a ênfase ao "consórcio de municípios", a forma mais flexível e
moderna de organização federativa no país.
No capítulo referente a "cultura e turismo", o tema "inclusão
cultural" seria adequado a um
estágio em que as modernas formas de reprodução digital
abrem espaço para uma enorme
ampliação da produção cultural
brasileira.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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