UOL


São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ALIMENTOS

Dreifus diz que aquisição de frigorífico é inviável; empresa deve cerca de R$ 1 bilhão e deixou 5.000 sem emprego

Grupo francês desiste de comprar Chapecó

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O grupo Dreifus perdeu a exclusividade na negociação e parte do interesse em comprar a indústria de alimentos Chapecó, paralisada por uma crise financeira desde abril deste ano. Sem opção de comprador, a situação da empresa fica ainda mais incerta.
A direção da Chapecó anunciou que está aberta a novas propostas de compra em razão de a Coinbra (Comércio e Indústria Brasileira) não ter renovado sua proposta de compra desde 24 do mês passado.
A Coinbra é 100% controlada pelo grupo Dreifus, de capital francês. "Não desistimos da compra [da Chapecó], mas o negócio se tornou inviável nas condições que a Coinbra quer comprar", disse ontem, em entrevista à Agência Folha, o diretor da Coinbra Adrian Isman.
Ele considerou acertada a decisão da Chapecó de se lançar na busca de novos potenciais compradores. "Nosso acordo de exclusividade caducou, e eles [a direção] têm que achar outra solução", disse.

Setor com futuro
Segundo Isman, o que não mudou na Coinbra foi o interesse da empresa em entrar no setor industrial de suínos e frangos. O diretor deu sinais de que a empresa estuda outras opções de indústria, mas se recusou a citar nomes.
"Gostamos do setor [segmento de suínos e frangos] e nosso interesse por ele, seja na Chapecó ou numa outra [empresa], vai continuar", disse ele.

País competitivo
Para o diretor da Coinbra, o Brasil é muito competitivo no negócio de carnes, a atividade é forte, tem futuro "e grande sinergia com o negócio que a Coinbra já faz no país, que é esmagamento de soja e exportação de milho". Ele explica que farelo de soja e milho cobrem 70% do custo da produção de carnes.
A assessora de Relações com Investidores da Chapecó, Tanea Mara Vedana, disse que a empresa não recebeu nenhuma nova proposta, mas que "outros grupos se manifestaram antes do acordo de exclusividade com a Coinbra".
A empresa de capital francês propôs assumir a Chapecó pagando R$ 175 milhões pelo patrimônio dos frigoríficos nos três Estados do Sul, livre de dívidas e ônus. Para que o negócio fosse fechado, a Chapecó teria de convencer os credores a receber apenas 3,2% dos créditos. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), credor de metade da dívida da Chapecó, topou o acordo, mas não foi seguido por todos os bancos.
A Chapecó deve aproximadamente R$ 1 bilhão, e o fechamento dos seus frigoríficos levou 5.000 funcionários para o desemprego, além de atingir 2.000 criadores de frangos e suínos e centenas de fornecedores.


Texto Anterior: Empresa do grupo Garantia pode ficar com a Cemar
Próximo Texto: Combustíveis: Petrobras diz que deve manter preços no ano
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.