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IMPREVIDÊNCIA
Parlamentares atacam decisão do INSS de bloquear pagamento de benefícios a pessoas com mais de 90 anos
Senadores pedem saída de Berzoini
Severino Silva/Agência O Dia
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Agenor Barbosa (de bengala) e Milton Bartolomeu (com documentos nas mãos) aguardam em fila de posto do INSS, no Rio, para realizar o cadastramento de aposentados com mais de 90 anos, exigido pelo governo
RAQUEL ULHÔA
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Usando expressões como "barbaridade", "indignidade", "insensibilidade" e "arrogância" para
classificar a medida do governo
-já revogada- que obrigou
aposentados com mais de 90 anos
a se apresentarem ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
para receber seus benefícios, deputados e senadores do PFL e do
PSDB defenderam ontem a demissão do ministro Ricardo Berzoini (Previdência Social).
"Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar ao Brasil e não
der uma satisfação ao país sobre o
que ocorreu, evidentemente sua
excelência passará a ser culpado",
disse o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA). "Se o ministro o ouviu, o que não acredito,
o presidente seria conivente. Mas,
se não ouviu, não há outro caminho senão a demissão", disse.
A oposição considerou ainda
"mais grave" o fato de o ministro
ter se negado -por duas vezes-
a pedir desculpas pelos transtornos causados aos aposentados,
em entrevista ao programa ""Bom
Dia Brasil", da TV Globo. Mais
tarde, ele recuou e se retratou por
meio de nota oficial.
"O governo desopila o seu fígado contra os velhinhos", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur
Virgílio (AM). "Se eu fosse presidente da República, simplesmente demitiria um ministro insensível, tecnocrata, que admitiu, no
"Bom Dia", que a base do governo
o fez recuar e não a dor ou o arrependimento", afirmou.
"O presidente viaja, o ministro
José Dirceu (Casa Civil) governa e
o ministro Antonio Palocci [Filho, da Fazenda] manda. Na Previdência, manda o ministro Ricardo Berzoini, o que é um grande
azar dos velhinhos do país", disse.
Além do afastamento do cargo,
o senador José Jorge (PFL-PE) defendeu que o ministro seja também processado pelo Ministério
Público por ter infringido o Estatuto do Idoso, lei de proteção às
pessoas idosas, sancionada por
Lula recentemente.
A presidente da Comissão de
Assuntos Sociais do Senado, Lúcia Vânia (PSDB-GO), disse que
irá pedir a convocação do ministro para prestar explicações. Segundo ela, Berzoini "infringiu" o
artigo 96 do estatuto, que define
como crime "humilhar e menosprezar pessoas idosas por qualquer motivo". A pena é de seis
meses a um ano de reclusão.
Para o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Junior (BA), "a única
atitude digna desse governo seria
a demissão do ministro", que se
mostrou ""arrogante e completamente distanciado da vida das
pessoas comuns".
O líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA), disse que "muito pior
do que dizer que é vagabundo
quem se aposenta cedo é tratar o
idoso como morto". Ele se referia
a declaração do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, que
até hoje rende críticas ao tucano.
Apesar de acharem que não é o
caso de demissão, deputados de
alas mais à esquerda no PT também criticaram a decisão do Ministério da Previdência Social.
"É um absurdo, a reclamação é
geral. É crueldade, injustiça, uma
decisão pró-finança, e não pró-ser
humano", disse o deputado Chico
Alencar (RJ). O deputado Walter
Pinheiro (PT-BA) foi na mesma
linha. "Foi uma falta de sensibilidade muito grande."
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