São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Operação policial contra bancos ganha pouco destaque na imprensa da Suíça

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

A imprensa suíça deu pouco destaque à operação realizada na terça-feira pela Polícia Federal em São Paulo. Em mais um indício do pacto silencioso entre os setores público e privado em torno do sigilo bancário, uma marca internacional do país tão famosa quanto seus chocolates e relógios, os principais jornais do país foram discretos ontem ao noticiar a operação Kaspar 2, que levou à prisão de executivos de três dos principais bancos do país.
O maior diário da Suíça, "Neue Zürcher Zeitung", publicou reportagem acanhada sobre a operação, de só cinco parágrafos. Os principais jornais de Genebra, "Le Temps" e "Tribune de Gèneve", preferiram um tom ainda mais discreto.

A Embaixada do Brasil em Berna está habituada a receber poucas respostas do governo suíço às cartas rogatórias enviadas pela Justiça brasileira em busca de informações sobre contas ilegais mantidas no país. Em geral, a justificativa é que faltam informações sobre o brasileiro investigado ou que o pedido não é claro.
As tentativas de localizar contas de brasileiros na Suíça que burlaram o fisco esbarram no tradicional sigilo, mas principalmente na peculiaridade da lei local, que faz diferença entre evasão e fraude fiscal. O primeiro não é crime e somente fraudes cometidas com documentos falsificados são passivas de processo penal.
Um tradição tão conhecida como o chocolate suíço, num país conhecido pelo sistema de consenso, só poderia ser mantida com o apoio da população. Na última eleição federal, disputada no fim de outubro, o partido nacionalista SVP aumentou liderança no Parlamento tendo como uma de suas principais bandeiras a defesa ferrenha do sigilo bancário.


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