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Operação policial contra bancos ganha pouco destaque na imprensa da Suíça
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A imprensa suíça deu pouco
destaque à operação realizada
na terça-feira pela Polícia Federal em São Paulo. Em mais
um indício do pacto silencioso
entre os setores público e privado em torno do sigilo bancário, uma marca internacional
do país tão famosa quanto seus
chocolates e relógios, os principais jornais do país foram discretos ontem ao noticiar a operação Kaspar 2, que levou à prisão de executivos de três dos
principais bancos do país.
O maior diário da Suíça,
"Neue Zürcher Zeitung", publicou reportagem acanhada sobre a operação, de só cinco parágrafos. Os principais jornais
de Genebra, "Le Temps" e "Tribune de Gèneve", preferiram
um tom ainda mais discreto.
A Embaixada do Brasil em
Berna está habituada a receber
poucas respostas do governo
suíço às cartas rogatórias enviadas pela Justiça brasileira
em busca de informações sobre
contas ilegais mantidas no país.
Em geral, a justificativa é que
faltam informações sobre o
brasileiro investigado ou que o
pedido não é claro.
As tentativas de localizar
contas de brasileiros na Suíça
que burlaram o fisco esbarram
no tradicional sigilo, mas principalmente na peculiaridade da
lei local, que faz diferença entre
evasão e fraude fiscal. O primeiro não é crime e somente
fraudes cometidas com documentos falsificados são passivas de processo penal.
Um tradição tão conhecida
como o chocolate suíço, num
país conhecido pelo sistema de
consenso, só poderia ser mantida com o apoio da população.
Na última eleição federal, disputada no fim de outubro, o
partido nacionalista SVP aumentou liderança no Parlamento tendo como uma de suas
principais bandeiras a defesa
ferrenha do sigilo bancário.
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