|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INTEGRAÇÃO
Ministros dos quatro países do bloco buscam coordenação macroeconômica a partir da área fiscal
Mercosul tenta aproximar políticas
Ichiro Guerra/Folha Imagem
|
O ministro Pedro Malan, (à esq.) e seu colegfa argentino Roque Fernández, ontem, em Montevidéu |
AUGUSTO GAZIR
VANESSA ADACHI
enviados especiais a Montevidéu
Os ministros da Fazenda e de
Relações Exteriores dos países do
Mercosul, que se reuniram ontem
em Montevidéu no Conselho
Mercado Comum, planejam dar
início à coordenação macroeconômica do bloco. O ponto de partida será o tema fiscal.
A Folha teve acesso à minuta
elaborada pelos ministros da Fazenda, que propõe os procedimentos iniciais para a coordenação macroeconômica.
O texto passaria ontem por uma
nova avaliação ministerial para
ser submetido hoje à aprovação
dos chefes de Estado.
Ao sair da reunião do Conselho
Mercado Comum, o ministro da
Fazenda, Pedro Malan, indicou
qual seria o sentido do documento.
"Vamos submeter amanhã (hoje) aos presidentes do Mercosul
um texto que vai mostrar as direções em que nós pretendemos
trabalhar para a convergência
macroeconômica no futuro", afirmou ele.
A decisão de lançar as bases da
coordenação acontece em um
momento em que o bloco está enfraquecido pelas disputas comerciais que tiveram início com a
desvalorização do real em janeiro.
A minuta elaborada ontem define qual será a estratégia para
coordenar as metas fiscais do
Mercosul. Os pilares dessa atuação serão o estabelecimento de
reuniões regulares entre os ministros para expor metas e políticas
fiscais de cada país e harmonizar a
forma de cálculo das estatísticas.
Todos os anos, em seu primeiro
encontro, o ministro de cada país
deverá expor aos colegas quais as
metas fiscais, políticas econômicas gerais e reformas associadas a
elas que estão em andamento.
Nas reuniões seguintes, aconteceria uma atualização das informações, com avaliação de medidas já
adotadas e perspectivas de cumprimento das metas propostas.
"Esse esforço voluntário, associado ao trabalho de harmonização de estatísticas, formaria a base
para a consecução do objetivo comum de poder contar no futuro
com indicadores macroeconômicos consolidados no Mercosul e a
identificação de metas macroeconômicas no Mercosul", afirma o
documento.
Estatísticas
A disparidade de metodologias
das estatísticas econômicas do
bloco é um obstáculo concreto à
coordenação. Hoje, por exemplo,
o déficit público argentino inclui
apenas o governo nacional e exclui as Províncias e municípios.
No Brasil, tudo é consolidado. Isso faz com que os números não
sejam comparáveis.
Para harmonizar as estatísticas,
a minuta propõe a criação de grupos de trabalho em quatro áreas:
fiscal, monetário-financeira, setor
externo e setor real.
Os estudos deverão levar em
conta padrões adotados internacionalmente e deverá contar com
a cooperação de organismos internacionais.
Também deverá ser criado um
outro grupo de trabalho que identificará os pontos de convergência
já existentes entre as políticas nacionais e leis. Dessa maneira, poderá ser estabelecido um padrão
mínimo, a partir do qual será preciso aprofundar a coordenação.
Em sua introdução, o texto afirma que, sem a estabilidade das
economias dos países, "não pode
haver Mercosul saudável no médio prazo" e que "a estabilidade
depende essencialmente de políticas fiscais sólidas que garantam a
solvência dos setores públicos nacionais e gerem um ambiente de
previsibilidade e segurança". "Por
isso, o processo de coordenação
macroeconômica deve começar
pelo tema fiscal", diz a minuta.
Texto Anterior: Empresário: Presidente da Febraban recebe alta Próximo Texto: Malan prevê valorização do câmbio Índice
|