São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Vale repassa à Usiminas cobranças feitas por Lula

Roger Agnelli quer que siderúrgica tenha atuação mais agressiva para atender demanda

Executivo sugere que Usiminas faça nova usina no país; siderúrgica, controlada pela Nippon Steel, não quis comentar as declarações

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

RAQUEL ABRANTES
DA SUCURSAL DO RIO

Criticado pelo presidente Lula por não investir mais na produção siderúrgica do país, o presidente da Vale, Roger Agnelli, jogou para a Usiminas o peso dessa "responsabilidade". Ele cobrou ontem de uma das principais empresas da siderurgia brasileira atuação mais agressiva para garantir o atendimento da crescente demanda interna. O executivo sugeriu que a Usiminas faça investimento em uma planta no país.
"Eu acho que ela [Usiminas] tem que ter um olhar sobre o desenvolvimento do país. O desejo da Vale é que ela faça os investimentos. Ela tem anunciado investimentos, mas são investimentos que eu diria, de reposição ou de manutenção."
Questionado se a Usiminas não vem avaliando novos projetos, Agnelli foi irônico.
"Há dez anos, 15 anos", respondeu, sobre o tempo que a Usiminas pensa em uma nova grande usina. A Usiminas, controlada pela Nippon Steel, disse que não comentaria as declarações de Agnelli.
O presidente da Vale frisou que a Usiminas tem condições de investir em uma nova planta. Segundo ele, a siderúrgica "é a grande usina brasileira". Acrescentou que a siderurgia local tem que tomar a liderança de investir no mercado interno.
"É a grande e mais eficiente siderúrgica brasileira. Ela deveria estar, no meu modo de ver, crescendo", disse, após participar de almoço com jornalistas.
Agnelli reiterou que o grande objetivo da Vale é vender minério de ferro. Na produção de aço, a empresa considera apenas participar dos projetos de forma minoritária. Isso acontece na composição das siderúrgicas CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), em parceria com a alemã ThyssenKrupp; a CSV (Companhia Siderúrgica de Vitória), aliança com a chinesa Baosteel; a Ceará Steel, parceria com a coreana Dongkuk. Esses projetos entrarão em operação nos próximos quatro anos. "A Vale não tem intenção nenhuma de participar de forma ativa na gestão dessas usinas. Nossa prioridade é vender minério", afirmou.
O presidente da Vale repetiu diversas vezes que a companhia teve papel decisivo para atrair as empresas estrangeiras para investir na siderurgia brasileira, em recados implícitos ao presidente Lula. Ele disse considerar normal o posicionamento de cobrança de Lula em relação à Vale. "Quando o presidente faz esses comentários, eu, de forma muito humilde, levo muito em consideração."
Agnelli confirmou que a Vale tem a intenção de ajudar a trazer mais um investimento siderúrgico estrangeiro para o Brasil, que também seria voltado para exportação. Ele disse que está negociando com diferentes companhias e que o processo é complicado e longo.
"É uma equação que depende do interesse de todos. Tem que haver intenção do investidor e atratividade para que ele venha para cá. Aí, entra o governo, que tem que criar o ambiente para isso", afirmou.
Agnelli disse que o objetivo da Vale é que a produção de aço no Brasil cresça 70% até o ano de 2012. Ele ressaltou, contudo, que os investimentos que companhia traz ao país em siderurgia são destinados à exportação e que é preciso alimentar o mercado local.
O executivo rebateu a acusação de que a Vale concentra o mercado de minério de ferro no Brasil. "A questão de concentração é daqueles oportunistas que olham e dizem que está grande. Está grande porque a gente investiu. É fácil criticar depois de tudo feito. Agora, quem não faz será que não merece crítica também?", argumentou. A Vale fornece minério de ferro a 60% do mercado consumidor brasileiro.


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