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Vale repassa à Usiminas cobranças feitas por Lula
Roger Agnelli quer que siderúrgica tenha atuação mais agressiva para atender demanda
Executivo sugere que Usiminas faça nova usina no país; siderúrgica, controlada pela Nippon Steel, não quis comentar as declarações
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
RAQUEL ABRANTES
DA SUCURSAL DO RIO
Criticado pelo presidente
Lula por não investir mais na
produção siderúrgica do país, o
presidente da Vale, Roger Agnelli, jogou para a Usiminas o
peso dessa "responsabilidade".
Ele cobrou ontem de uma das
principais empresas da siderurgia brasileira atuação mais
agressiva para garantir o atendimento da crescente demanda
interna. O executivo sugeriu
que a Usiminas faça investimento em uma planta no país.
"Eu acho que ela [Usiminas]
tem que ter um olhar sobre o
desenvolvimento do país. O desejo da Vale é que ela faça os investimentos. Ela tem anunciado investimentos, mas são investimentos que eu diria, de reposição ou de manutenção."
Questionado se a Usiminas
não vem avaliando novos projetos, Agnelli foi irônico.
"Há dez anos, 15 anos", respondeu, sobre o tempo que a
Usiminas pensa em uma nova
grande usina. A Usiminas, controlada pela Nippon Steel, disse
que não comentaria as declarações de Agnelli.
O presidente da Vale frisou
que a Usiminas tem condições
de investir em uma nova planta. Segundo ele, a siderúrgica "é
a grande usina brasileira".
Acrescentou que a siderurgia
local tem que tomar a liderança
de investir no mercado interno.
"É a grande e mais eficiente
siderúrgica brasileira. Ela deveria estar, no meu modo de ver,
crescendo", disse, após participar de almoço com jornalistas.
Agnelli reiterou que o grande
objetivo da Vale é vender minério de ferro. Na produção de
aço, a empresa considera apenas participar dos projetos de
forma minoritária. Isso acontece na composição das siderúrgicas CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), em parceria com a alemã ThyssenKrupp; a CSV (Companhia Siderúrgica de Vitória), aliança
com a chinesa Baosteel; a Ceará
Steel, parceria com a coreana
Dongkuk. Esses projetos entrarão em operação nos próximos
quatro anos. "A Vale não tem
intenção nenhuma de participar de forma ativa na gestão
dessas usinas. Nossa prioridade
é vender minério", afirmou.
O presidente da Vale repetiu
diversas vezes que a companhia
teve papel decisivo para atrair
as empresas estrangeiras para
investir na siderurgia brasileira, em recados implícitos ao
presidente Lula. Ele disse considerar normal o posicionamento de cobrança de Lula em
relação à Vale. "Quando o presidente faz esses comentários,
eu, de forma muito humilde, levo muito em consideração."
Agnelli confirmou que a Vale
tem a intenção de ajudar a trazer mais um investimento siderúrgico estrangeiro para o Brasil, que também seria voltado
para exportação. Ele disse que
está negociando com diferentes companhias e que o processo é complicado e longo.
"É uma equação que depende
do interesse de todos. Tem que
haver intenção do investidor e
atratividade para que ele venha
para cá. Aí, entra o governo, que
tem que criar o ambiente para
isso", afirmou.
Agnelli disse que o objetivo
da Vale é que a produção de aço
no Brasil cresça 70% até o ano
de 2012. Ele ressaltou, contudo,
que os investimentos que companhia traz ao país em siderurgia são destinados à exportação
e que é preciso alimentar o
mercado local.
O executivo rebateu a acusação de que a Vale concentra o
mercado de minério de ferro no
Brasil. "A questão de concentração é daqueles oportunistas
que olham e dizem que está
grande. Está grande porque a
gente investiu. É fácil criticar
depois de tudo feito. Agora,
quem não faz será que não merece crítica também?", argumentou. A Vale fornece minério de ferro a 60% do mercado
consumidor brasileiro.
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