São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Abatedouros são impedidos de vender frango

Ministério suspende empresas por venda de carne "in natura" com adição de água acima do permitido

Ricardo Duarte - 29.set.2004/Agência RBS
Linha de produção de frango em frigorífico do Rio Grande do Sul


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após um "histórico de reincidência de infrações", o Ministério da Agricultura anunciou ontem a suspensão da venda de frango "in natura" de seis abatedouros do país pela prática reiterada de fraude de adição de água acima dos limites permitidos pelas normas em vigor. Alguns dos problemas ocorrem desde, pelo menos, 2004.
O Eleva Alimentos (RS), adquirido recentemente pela Perdigão, o Rei Frango Abatedouro (SP), a Wiper Industrial de Alimentos (SC), a Anhambi Alimentos Oeste (MT), o Recanto do Sabiá (MG) e Avenorte Avícola Cianorte (PR) vendiam frango com mais de 6% de água.
Em entrevista à Folha, o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, se recusou a informar os níveis de água encontrados nos produtos. "Isso é bastante variado porque a fraude não tem padrão. O certo é que eram acima dos 6% permitidos."
Segundo a Folha apurou, representantes das empresas atingidas pela proibição estavam em Brasília, reunidos com técnicos do Ministério da Agricultura tratando justamente de planos de qualidade para evitar excesso de água.
Questionado sobre a pressão de grandes grupos econômicos sobre as inspeções do ministério, Kroetz disse: "O nome das empresas não faz diferença, só vejo o número do SIF [Sistema de Inspeção Federal]".
De acordo com o secretário, essa porcentagem de água representa aquilo que o frango retém normalmente desde o processo de abate até o descongelamento. Quando o produto apresenta índice maior que 6% significa que houve adição de água, o que configura a fraude.
Neste caso, os abatedouros receberam multas de até R$ 25 mil e o Ministério Público foi informado sobre a adulteração. Para voltar a vender frango, as unidades autuadas precisam apresentar ao ministério ao menos três lotes de frango com os níveis permitidos de água, aferidos por laboratório oficial ou credenciado, e um plano específico para controle da qualidade de seus produtos.
O excesso de água no frango, de acordo com o Ministério da Agricultura, gera somente prejuízos financeiros aos consumidores, que pagam pelo líquido embutido no peso do produto.

Reincidência
Os problemas destes seis abatedouros de frango não foram os primeiros do ano para o ministério. Em outubro, uma operação da Polícia Federal descobriu a presença de soda cáustica e água oxigenada em amostras de leite.
Também não é a primeira vez que o ministério anuncia medidas relacionadas ao setor de frango, anteontem Kroetz divulgou um ranking demonstrando que nenhum Estado brasileiro é plenamente capaz de identificar, conter e eliminar focos de doenças avícolas.


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