São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2002

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TRIBUTOS

Segundo especialistas, há discussão jurídica no STF sobre a possibilidade ou não de aumentar contribuições de forma discriminada

Advogados questionam alta de imposto

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento da carga tributária das empresas para compensar o reajuste da tabela do Imposto de Renda das Pessoa Física em 17,5% é questionável, segundo advogados especializados em tributação.
Segundo a Receita Federal, a medida renderá R$ 740 milhões anuais, atingindo 150 mil empresas prestadoras de serviço que pagam imposto com base em estimativa de lucro. São 2,8 milhões de empresas contribuintes.
O governo disse que a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) dos prestadores de serviço terá que aumentar para compensar a perda de arrecadação com a correção das deduções da tabela do IR.
Essa, segundo o governo, seria uma regra da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). A lei prevê a compensação com aumento de impostos toda vez que a perda fiscal resultar de uma renúncia fiscal discricionária -que não atende a todos os contribuintes. Nesse caso, apenas um setor dentro do universo da cobrança do imposto estaria sendo beneficiado.
Para os advogados Elisabeth Libertucci e Eivany da Silva, as deduções não beneficiam apenas um grupo de contribuintes. Ou seja, quem não tem dependentes, por exemplo, ainda pode se valer do desconto padrão. Esse desconto é de 20%. "As deduções determinam a base de cálculo do imposto. Não há discricionariedade. Caso contrário, nós calcularíamos o imposto sobre a renda bruta do contribuinte", disse Silva.
Segundo Elisabeth, também há uma discussão jurídica no Supremo Tribunal Federal sobre a possibilidade ou não de aumentar contribuições de maneira discriminada. "A CSLL está sendo elevada somente para os prestadores de serviços, o que é questionável."
Já estudiosos da LRF, como o assessor da Confederação Nacional dos Municípios, Jorge Melo, dizem que o artigo 14 da lei obriga a compensação imediata das perdas de renúncia fiscal. Ele não entrou na discussão sobre deduções serem consideradas renúncia.


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