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MERCADO FINANCEIRO
Expectativa sobre qual seria o novo valor do peso traz nervosismo e investidor prefere proteger-se
Câmbio argentino preocupa; dólar sobe 2%
DA REPORTAGEM LOCAL
A expectativa sobre como será a
vida argentina com o sistema de
câmbio flutuante fez com que ontem fosse um dia nervoso para os
negócios com o dólar.
A moeda americana encerrou o
dia em alta de 1,97%, cotada a R$
2,375. Este é o maior valor do dólar desde 14 de dezembro de 2001.
Foi a maior alta da moeda em um
dia desde 10 de dezembro passado. "O mercado estava absolutamente comprador", resume Márcio Verri, estrategista-chefe do
BankBoston Asset Management.
"O dia foi marcado pela curiosidade sobre qual será o valor do
peso fixado pelo mercado."
Para hoje, estava prevista a volta
das operações no mercado cambial argentino. Mas, no início da
noite de ontem, o governo cancelou a medida. Com essa determinação, hoje deverá ser mais um
dia nervoso para o câmbio.
A expectativa é em relação à
reação dos mercados e da população ao fim da paridade entre o peso e o dólar, que vigorou no país
durante dez anos e nove meses.
A população, que viu seu poder
aquisitivo diminuir, terá de renegociar as dívidas contraídas em
dólar e se habituar a viver novamente com um sistema de câmbio flutuante. Predominou no
mercado a incerteza em relação a
um possível aprofundamento da
crise social, com a possibilidade
até da queda de mais um presidente. Bancos e empresas preferiram, então, proteger-se. Aproveitaram o nível baixo da moeda
americana para comprar dólares.
"O dólar já estava a níveis muito
baixos há um bom tempo e permaneceu sem reação alguma,
mesmo após as renúncias de De la
Rúa, Cavallo e Rodríguez Saá e a
declaração da moratória", diz
Maurício Zanella, diretor de derivativos do Lloyds TSB. Para ele,
por enquanto, essas altas do dólar
são "normais". "Não há motivo
para inversão de tendência. Nossa
situação interna é boa."
Na BM&F, as projeções para os
juros futuros tiveram um leve
ajuste para cima. Nos contratos
de julho, os de maior liquidez, de
18,96% para 19,01% ontem. Para
os contratos de prazo menor, elas
continuam abaixo da Selic, o que
sinaliza que poucos acreditam
que, em fevereiro, essa taxa permanecerá em 19%. Para Zanella,
os juros serão definidos pelo
comportamento do câmbio e da
Argentina. "Se nas vésperas da
reunião do Copom a situação estiver tranquila, a taxa deve cair."
(ANA PAULA RAGAZZI)
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