São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Expectativa sobre qual seria o novo valor do peso traz nervosismo e investidor prefere proteger-se

Câmbio argentino preocupa; dólar sobe 2%

DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa sobre como será a vida argentina com o sistema de câmbio flutuante fez com que ontem fosse um dia nervoso para os negócios com o dólar.
A moeda americana encerrou o dia em alta de 1,97%, cotada a R$ 2,375. Este é o maior valor do dólar desde 14 de dezembro de 2001. Foi a maior alta da moeda em um dia desde 10 de dezembro passado. "O mercado estava absolutamente comprador", resume Márcio Verri, estrategista-chefe do BankBoston Asset Management. "O dia foi marcado pela curiosidade sobre qual será o valor do peso fixado pelo mercado."
Para hoje, estava prevista a volta das operações no mercado cambial argentino. Mas, no início da noite de ontem, o governo cancelou a medida. Com essa determinação, hoje deverá ser mais um dia nervoso para o câmbio.
A expectativa é em relação à reação dos mercados e da população ao fim da paridade entre o peso e o dólar, que vigorou no país durante dez anos e nove meses.
A população, que viu seu poder aquisitivo diminuir, terá de renegociar as dívidas contraídas em dólar e se habituar a viver novamente com um sistema de câmbio flutuante. Predominou no mercado a incerteza em relação a um possível aprofundamento da crise social, com a possibilidade até da queda de mais um presidente. Bancos e empresas preferiram, então, proteger-se. Aproveitaram o nível baixo da moeda americana para comprar dólares.
"O dólar já estava a níveis muito baixos há um bom tempo e permaneceu sem reação alguma, mesmo após as renúncias de De la Rúa, Cavallo e Rodríguez Saá e a declaração da moratória", diz Maurício Zanella, diretor de derivativos do Lloyds TSB. Para ele, por enquanto, essas altas do dólar são "normais". "Não há motivo para inversão de tendência. Nossa situação interna é boa."
Na BM&F, as projeções para os juros futuros tiveram um leve ajuste para cima. Nos contratos de julho, os de maior liquidez, de 18,96% para 19,01% ontem. Para os contratos de prazo menor, elas continuam abaixo da Selic, o que sinaliza que poucos acreditam que, em fevereiro, essa taxa permanecerá em 19%. Para Zanella, os juros serão definidos pelo comportamento do câmbio e da Argentina. "Se nas vésperas da reunião do Copom a situação estiver tranquila, a taxa deve cair."
(ANA PAULA RAGAZZI)


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