São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2004

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Valorização depende do juro nos EUA

DE NOVA YORK

O entusiasmo com o mercado de ações e de títulos de emergentes parece ter hora para acabar.
Analistas esperam que o Federal Reserve (banco central dos EUA) eleve a taxa de juros, hoje em 1% ano ano, no final deste semestre. Se confirmado, o fato deve desviar a atenção dos investidores da América Latina para os EUA.
"A situação dos emergentes é sempre delicada. Quanto mais agressiva for a atuação do Fed, mais esses países devem sofrer", avaliou Walter Molano, da corretora BCP Securities.
O recente apetite do mercado pela América Latina tem se beneficiado de uma conjuntura favorável nesses países. A estabilidade do cenário político e as boas perspectivas de crescimento têm sido apontadas como motores da "festa dos emergentes".
Fatores externos também explicam a boa fase dos emergentes. Com um dólar fraco, cresce a demanda por commodities que sirvam como uma garantia de valor, como o ouro.
O motivo é um mecanismo de auto-ajuste. Se a cotação do dólar está mais fraca, os preços sobem para que os produtores dessas commodities não percam dinheiro. O aquecimento nesse mercado é benéfico para os emergentes da América Latina, que são grandes exportadores desses produtos.
A baixa taxa de juros praticada pelo Fed, porém, é um fator-chave. Diante da baixa perspectiva de uma magra remuneração com títulos do governo dos EUA, os investidores procuram opções de retornos mais elevados.
Um exemplo é o mercado de títulos das dívidas de países emergentes. No ano passado, esse setor acumulou uma valorização de 27,6%, segundo o Merrill Lynch.
Esse patamar de remuneração atrai investimentos a despeito do risco maior. Um papel do Tesouro americano é considerado como um título com risco zero. Já o título dos países emergentes tem prêmio extra de cerca de 4%, na comparação a um título dos EUA.
"Os emergentes crescem quando o apetite pelo risco cresce. O interesse na América Latina deve se manter até o fim deste semestre", disse Enrique Alvares, analista da consultoria Idea Global.
No domingo, Ben Bernanke, diretor do Fed, declarou que a instituição não pretende elevar taxas de juros. Mas o mercado espera que haja uma mudança.
"Uma elevação vai sinalizar que o Fed está confiante no crescimento da economia dos EUA. Essa é a mensagem que todos querem ouvir", disse Ian Gunner, economista-chefe de câmbio do Mellon Financial, em Londres.
(CÍNTIA CARDOSO)


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