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Valorização depende do juro nos EUA
DE NOVA YORK
O entusiasmo com o mercado
de ações e de títulos de emergentes parece ter hora para acabar.
Analistas esperam que o Federal
Reserve (banco central dos EUA)
eleve a taxa de juros, hoje em 1%
ano ano, no final deste semestre.
Se confirmado, o fato deve desviar a atenção dos investidores da
América Latina para os EUA.
"A situação dos emergentes é
sempre delicada. Quanto mais
agressiva for a atuação do Fed,
mais esses países devem sofrer",
avaliou Walter Molano, da corretora BCP Securities.
O recente apetite do mercado
pela América Latina tem se beneficiado de uma conjuntura favorável nesses países. A estabilidade
do cenário político e as boas perspectivas de crescimento têm sido
apontadas como motores da "festa dos emergentes".
Fatores externos também explicam a boa fase dos emergentes.
Com um dólar fraco, cresce a demanda por commodities que sirvam como uma garantia de valor,
como o ouro.
O motivo é um mecanismo de
auto-ajuste. Se a cotação do dólar
está mais fraca, os preços sobem
para que os produtores dessas
commodities não percam dinheiro. O aquecimento nesse mercado
é benéfico para os emergentes da
América Latina, que são grandes
exportadores desses produtos.
A baixa taxa de juros praticada
pelo Fed, porém, é um fator-chave. Diante da baixa perspectiva de
uma magra remuneração com títulos do governo dos EUA, os investidores procuram opções de
retornos mais elevados.
Um exemplo é o mercado de títulos das dívidas de países emergentes. No ano passado, esse setor
acumulou uma valorização de
27,6%, segundo o Merrill Lynch.
Esse patamar de remuneração
atrai investimentos a despeito do
risco maior. Um papel do Tesouro americano é considerado como um título com risco zero. Já o
título dos países emergentes tem
prêmio extra de cerca de 4%, na
comparação a um título dos EUA.
"Os emergentes crescem quando o apetite pelo risco cresce. O
interesse na América Latina deve
se manter até o fim deste semestre", disse Enrique Alvares, analista da consultoria Idea Global.
No domingo, Ben Bernanke, diretor do Fed, declarou que a instituição não pretende elevar taxas
de juros. Mas o mercado espera
que haja uma mudança.
"Uma elevação vai sinalizar que
o Fed está confiante no crescimento da economia dos EUA. Essa é a mensagem que todos querem ouvir", disse Ian Gunner,
economista-chefe de câmbio do
Mellon Financial, em Londres.
(CÍNTIA CARDOSO)
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