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Dobra investimento externo no país
Brasil é destaque em balanço da Unctad de investimento externo em 2007, puxado por setor de commodities
Apesar da crise financeira, investimentos externos nos EUA, líder do ranking, crescem 10% atraídos pelo desvalorização do dólar
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Apesar da instabilidade criada pela crise no mercado imobiliário dos EUA, o volume global de IED (Investimento Estrangeiro Direto) atingiu em
2007 a marca recorde de US$
1,5 trilhão, com destaque para o
Brasil, com alta de quase 100%,
segundo balanço divulgado ontem pela Unctad (Conferência
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).
Para 2008, a organização
prevê mais investimentos nos
setores de mineração e energia,
devido à contínua demanda por
recursos naturais.
No mês passado, o Banco
Central do Brasil já havia anunciado um fluxo recorde de IED
no país. Segundo o BC, entre janeiro e novembro o ingresso de
recursos foi de US$ 33,7 bilhões, o dobro do ocorrido no
mesmo período de 2006.
O documento da Unctad indica que o Brasil, ao lado de
Chile e México, liderou a lista
de países latino-americanos
com maior ingresso de IED em
2007. O aumento no Brasil foi
de 99,3% em relação a 2006.
A entrada de capital na região
cresceu 50% em relação a
2006, alcançando US$ 126 bilhões. Segundo a Unctad, o aumento recorde se deveu principalmente a novos investimentos e expansões. "Essa tendência foi resultado do forte crescimento econômico da região e
dos elevados lucros das empresas na esteira do aumento nos
preços das matérias-primas",
diz a Unctad. "A indústria de
base explica grande parte do ingresso de IED no Brasil."
Já para o BC, o fator que mais
pesou na recuperação dos investimentos foi a onda global
de fusões e aquisições. O BC
calculou que 20% do ingresso
de capital registrado em 2007
foi de operações que superaram a casa de US$ 1 bilhão. No
ano anterior essas grandes
transações haviam respondido
por apenas 5% do total.
Segundo a Unctad, em 2008
deve haver forte investimento
no setor de mineração, "apesar
de algumas projeções econômicas desfavoráveis e o potencial
aperto nas regras para o investimento em recursos naturais".
"A alta demanda por recursos naturais ao redor do mundo
-e, como resultado, a abertura
de novas oportunidades potencialmente lucrativas no setor
primário -deve estimular o
IED nas indústrias de extração", afirma o órgão da ONU.
Ao analisar os números finais
do ano, os economistas da organização observaram que a crise
do "subprime" (hipotecas de alto risco) nos Estados Unidos
não enfraqueceu o volume
mundial de investimentos diretos nem mesmo em território
americano, onde houve aumento de 10%. Com US$ 192
bilhões, os EUA mantêm-se como o maior recipiente mundial
de IED.
"Mesmo com a desaceleração da economia dos Estados
Unidos, a depreciação do dólar
pode ter ajudado a manter os
altos níveis de IED no país, em
particular de países com moedas valorizadas, como da Europa e da Ásia", diz o balanço.
Para Brad Durham, diretor
da consultoria americana
EPFR Global, a perspectiva para o IED em 2008 é mais pessimista. "A mudança dramática
de humor no fim do ano, com
aperto no crédito global, temores de recessão em boa parte do
mundo desenvolvido e uma desaceleração nas fusões e aquisições, me leva a crer que haverá
uma redução no fluxo de IED
em 2008", disse Durham à Folha.
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