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Bird vê risco de "bolha" em emergentes
Banco Mundial diz que corte excessivo de juros por BCs de países ricos pode acabar "superestimulando" economias
Organismo prevê que crescimento de países em desenvolvimento deve impedir maior desaceleração
da economia mundial
DA REDAÇÃO
O crescimento ainda vigoroso dos países em desenvolvimento deve impedir uma
maior desaceleração da economia global neste ano, diz o Banco Mundial. Mas a instituição
alerta, em relatório divulgado
ontem, para os riscos de os bancos centrais dos países ricos
reagirem "exageradamente" à
atual crise financeira, cortando
juros e "superestimulando" a
economia.
Para o organismo, esse cenário seria "particularmente perigoso" aos próprios emergentes,
como o Brasil. Segundo o Bird,
a maior liquidez decorrente do
corte da taxa de juros nos países desenvolvidos pode acabar
deslocando alto volume de recursos para as regiões emergentes de alto crescimento,
criando as mesmas condições
de excesso de investimento que
inflam preços e que acabaram
levando à quebradeira no mercado imobiliário norte-americano, epicentro da crise atual.
"Os mercados de commodities podem ficar mais comprimidos, vão crescer as pressões
inflacionárias e os desequilíbrios financeiros irão aumentar, em vez de diminuir. Esse
cenário plantaria as sementes
de uma desaceleração muito
mais aguda no médio prazo e
mostra o desafio atual das autoridades monetárias de países
ricos e em desenvolvimento",
afirma o documento "Perspectivas Econômicas Globais
2008", do Banco Mundial, que
aponta o leste da Ásia (região
de China, Tailândia e Vietnã)
como um dos possíveis afetados pela crise.
O organismo diz ainda que
um corte excessivo na taxa de
juros pelas autoridades monetárias dos EUA -ou mesmo a
recessão da economia americana- pode provocar uma desvalorização ainda maior do dólar.
Isso beneficiaria "pelo menos
temporariamente" os países
cujas moedas estão atreladas à
americana, mas prejudicaria as
exportações de empresas para
os Estados Unidos.
Mas o "principal impacto" da
queda do dólar, diz o Bird, seria
o aumento de incertezas e da
volatilidade dos mercados financeiros, o que resultaria em
queda nas exportações e no
crescimento do investimento
em toda a economia global.
O Fed (Federal Reserve, o
banco central dos EUA) reduziu a taxa de juros básica nas
suas últimas três reuniões, em
um corte total de 1 ponto percentual, para 4,25%. E analistas
já apostam em um corte de até
0,50 ponto percentual no encontro do final deste mês.
De acordo com o Bird, a economia mundial crescerá 3,3%
neste ano -ante 3,6% no ano
passado-, devido ao menor
avanço do PIB dos países mais
ricos, que deve se desacelerar
de 2,6%, em 2007, para 2,2%. O
impacto seria ainda maior, explica a instituição, se não fosse
a expansão dos países emergentes, que devem continuar
crescendo acima de 7% neste
ano, puxada especialmente por
China e Índia.
Para o Brasil, a previsão é a de
que o país crescerá 4,5% neste
ano e no próximo, o que deixará
o país mais uma vez abaixo da
média dos emergentes, cujos
avanços devem ficar em 7,1% e
7%, respectivamente. No ano
passado, o PIB do país se expandiu em 4,8%, segundo estimativa do Bird.
Mesmo excluindo a China e a
Índia (colegas do Brasil nos
Brics, grupo que também inclui
a Rússia), o Brasil continua
crescendo menos que a média
dos países em desenvolvimento, que devem se expandir em
5,3% em 2008 e em 5,2% no
ano que vem.
A boa notícia é que o Banco
Mundial prevê que o avanço do
PIB brasileiro será igual ao o da
média da América Latina e Caribe neste ano, o que não acontece desde 2002, ainda no governo FHC, quando a economia do país se expandiu em
2,7%, mas a da região se desacelerou em 0,5%, segundo dados
da Cepal. Ainda assim, o crescimento brasileiro será apenas o
15º maior entre os 26 países da
região. Para o ano que vem, a situação não é muito diferente,
com o Brasil crescendo mais
que a região, mas ficando com
apenas o 12º maior avanço.
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