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Indústria e centrais criticam decisão
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do Copom (Comitê
de Política Monetária) de cortar
em 0,75 ponto a taxa básica de juros frustou, pelo segunda vez consecutiva, empresários e sindicalistas que esperavam uma redução
de ao menos um ponto.
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, "mais
uma vez o Copom reafirma, de
maneira magnânima, sua total independência". Segundo o empresário, a decisão anunciada mostra
que o Banco Central "está alheio à
opinião dominante do governo;
não se importa com o ritmo comportado da inflação e não se preocupa com a ridícula taxa de crescimento que o Brasil apresenta".
Na análise do Ciesp (Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo), a redução foi "tímida". "O setor produtivo mantém a esperança de que o país alcançará uma taxa real de juros civilizada até o final do ano", afirmou Boris Tabacof, diretor do Ciesp.
A CNI (Confederação Nacional
da Indústria) acredita que havia
espaço para a taxa cair mais. "Há
espaço para um corte maior ainda. Eu reduziria em 1,5 ponto percentual, mas o Banco Central vem
se mostrando mais uma vez extremamente conservador", disse o
presidente da confederação, Armando Monteiro Neto. A atual situação da economia não justifica,
na análise da CNI, "a manutenção
de juros reais básicos tão elevados, acima de 11% ao ano".
Para Newton Melo, presidente
da Abimaq, a redução dos juros
foi "medíocre". "Não vai ajudar o
setor produtivo, muito menos o
segmento de máquinas."
No mercado financeiro, a decisão era esperada, diz Maristella
Ansanelli, economista-chefe do
banco Fibra, devido ao "desempenho favorável dos indicadores
de inflação e de atividade".
Segundo o presidente da ACSP
(Associação Comercial de São
Paulo), Guilherme Afif Domingos, a decisão decepcionou os representantes do "setor real" da
economia, que esperavam uma
queda mais acentuada. "Consideramos que tanto os indicadores
de preços como os de atividade
econômica justificariam uma redução maior, o que permitiria
acelerar a atividade sem riscos para o controle da inflação."
A CUT avalia que a equipe econômica acalenta "uma idéia falsa
e obsessiva de que a inflação é o
único mal da existência humana".
Para o presidente da central, João
Felício, "essa espécie de patologia
nos aprisiona a metas irrealistas
de inflação e amarra o processo de
desenvolvimento à pesada âncora
que é a taxa básica de juros".
A Força Sindical tem a mesma
avaliação. "A redução da taxa Selic de 17,25% para 16,5% ao ano é
pífia para o crescimento da economia", disse Paulo Pereira da
Silva, presidente da central.
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