São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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Indústria e centrais criticam decisão

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de cortar em 0,75 ponto a taxa básica de juros frustou, pelo segunda vez consecutiva, empresários e sindicalistas que esperavam uma redução de ao menos um ponto.
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, "mais uma vez o Copom reafirma, de maneira magnânima, sua total independência". Segundo o empresário, a decisão anunciada mostra que o Banco Central "está alheio à opinião dominante do governo; não se importa com o ritmo comportado da inflação e não se preocupa com a ridícula taxa de crescimento que o Brasil apresenta".
Na análise do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), a redução foi "tímida". "O setor produtivo mantém a esperança de que o país alcançará uma taxa real de juros civilizada até o final do ano", afirmou Boris Tabacof, diretor do Ciesp.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) acredita que havia espaço para a taxa cair mais. "Há espaço para um corte maior ainda. Eu reduziria em 1,5 ponto percentual, mas o Banco Central vem se mostrando mais uma vez extremamente conservador", disse o presidente da confederação, Armando Monteiro Neto. A atual situação da economia não justifica, na análise da CNI, "a manutenção de juros reais básicos tão elevados, acima de 11% ao ano".
Para Newton Melo, presidente da Abimaq, a redução dos juros foi "medíocre". "Não vai ajudar o setor produtivo, muito menos o segmento de máquinas."
No mercado financeiro, a decisão era esperada, diz Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, devido ao "desempenho favorável dos indicadores de inflação e de atividade".
Segundo o presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Guilherme Afif Domingos, a decisão decepcionou os representantes do "setor real" da economia, que esperavam uma queda mais acentuada. "Consideramos que tanto os indicadores de preços como os de atividade econômica justificariam uma redução maior, o que permitiria acelerar a atividade sem riscos para o controle da inflação."
A CUT avalia que a equipe econômica acalenta "uma idéia falsa e obsessiva de que a inflação é o único mal da existência humana". Para o presidente da central, João Felício, "essa espécie de patologia nos aprisiona a metas irrealistas de inflação e amarra o processo de desenvolvimento à pesada âncora que é a taxa básica de juros".
A Força Sindical tem a mesma avaliação. "A redução da taxa Selic de 17,25% para 16,5% ao ano é pífia para o crescimento da economia", disse Paulo Pereira da Silva, presidente da central.


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