São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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MERCADO FINANCEIRO

Com cenário menos favorável, estrangeiro diminui especulação a favor do real; Bolsa cai 0,36%

Dólar volta a subir e encosta em R$ 2,20

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da melhora do mercado internacional no fim da tarde, o dólar subiu novamente ontem. A moeda americana encerrou o dia a R$ 2,186 (alta de 0,78%), seu mais elevado preço em um mês.
A grande dúvida dos mercados agora é se esse cenário negativo, que tem prejudicado os ativos brasileiros nos últimos dias, é duradouro ou não.
Com as condições menos favoráveis, os investidores estrangeiros diminuíram suas posições vendidas em dólar na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Quando essas posições encolhem, elas mostram que as apostas na depreciação futura do dólar diminuíram.
De US$ 13,76 bilhões no dia 1º, as posições vendidas líquidas dos estrangeiros na BM&F recuaram para US$ 12,67 bilhões no último dia 7.
Ontem o Banco Central deixou de realizar leilão de "swap cambial reverso" -operação que equivale a compras de dólares no mercado futuro. A decisão não evitou que o dólar subisse.
A autoridade monetária realizou compras de moeda apenas no mercado à vista. Somente nesta semana, o real perdeu 3,38% de seu valor diante do dólar.
"O mercado está vivendo um período de reajustes diante das expectativas em relação à alta de juros em países desenvolvidos", diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
"Se os BCs do mundo estivessem prestes a iniciar um processo de forte aceleração de altas nos juros, estaríamos em um quadro perigoso. Mas o cenário é menos pesado. A expectativa em relação aos juros é de gradualismo", diz.
Os grandes investidores internacionais têm vendido ativos (como ações, títulos da dívida e moeda) de países emergentes (dentre esses o Brasil) e migrado para ativos de menor risco, especialmente os papéis do Tesouro dos Estados Unidos, desde segunda-feira.

Ações em queda
Na Bovespa, a venda de ações pelos estrangeiros não tem permitido que o mercado tenha um desempenho positivo nos últimos dias. Na semana, o Ibovespa (principal índice da Bolsa paulista) acumula perdas de 4,97%. No pregão de ontem, a baixa foi de 0,36%.
Nos três primeiros dias deste mês, as vendas de ações feitas por estrangeiros bateram as compras em R$ 30,81 milhões.
Porém, mesmo com a baixa que tem afetado a Bolsa de Valores de São Paulo, há papéis que têm encontrado espaço para subir.
No pregão de ontem, as ações Usiminas PNA, Embraer PN e CRT Celular PNA se destacaram, com altas de 3,85%, 2,58% e 1,81%, respectivamente.
A redução da taxa básica da economia, anunciada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) ontem, não deve ter muito impacto no mercado financeiro doméstico hoje, pois ficou dentro da projeção de boa parte dos investidores e analistas.
Após o corte na Selic, a taxa real de juros -descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses- brasileira se manteve acima dos 11% anuais.
Segundo levantamento da consultoria GRC Visão, o Brasil ainda lidera o ranking dos países com as maiores taxas reais do planeta. Em segundo lugar está Cingapura, com taxa de 7%, e logo atrás a Turquia, com juros reais de 5,2% anuais.
Na comparação com a média dos 40 países que aparecem na pesquisa, o Brasil fica ainda mais distante. Na média, os países têm taxa real de juros de 1,5%.


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