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MERCADO FINANCEIRO
Com cenário menos favorável, estrangeiro diminui especulação a favor do real; Bolsa cai 0,36%
Dólar volta a subir e encosta em R$ 2,20
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da melhora do mercado
internacional no fim da tarde, o
dólar subiu novamente ontem. A
moeda americana encerrou o dia
a R$ 2,186 (alta de 0,78%), seu
mais elevado preço em um mês.
A grande dúvida dos mercados
agora é se esse cenário negativo,
que tem prejudicado os ativos
brasileiros nos últimos dias, é duradouro ou não.
Com as condições menos favoráveis, os investidores estrangeiros diminuíram suas posições
vendidas em dólar na BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros). Quando essas posições encolhem, elas mostram que as
apostas na depreciação futura do
dólar diminuíram.
De US$ 13,76 bilhões no dia 1º,
as posições vendidas líquidas dos
estrangeiros na BM&F recuaram
para US$ 12,67 bilhões no último
dia 7.
Ontem o Banco Central deixou
de realizar leilão de "swap cambial reverso" -operação que
equivale a compras de dólares no
mercado futuro. A decisão não
evitou que o dólar subisse.
A autoridade monetária realizou compras de moeda apenas no
mercado à vista. Somente nesta
semana, o real perdeu 3,38% de
seu valor diante do dólar.
"O mercado está vivendo um
período de reajustes diante das
expectativas em relação à alta de
juros em países desenvolvidos",
diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
"Se os BCs do mundo estivessem prestes a iniciar um processo
de forte aceleração de altas nos juros, estaríamos em um quadro
perigoso. Mas o cenário é menos
pesado. A expectativa em relação
aos juros é de gradualismo", diz.
Os grandes investidores internacionais têm vendido ativos (como ações, títulos da dívida e moeda) de países emergentes (dentre
esses o Brasil) e migrado para ativos de menor risco, especialmente os papéis do Tesouro dos Estados Unidos, desde segunda-feira.
Ações em queda
Na Bovespa, a venda de ações
pelos estrangeiros não tem permitido que o mercado tenha um
desempenho positivo nos últimos
dias. Na semana, o Ibovespa
(principal índice da Bolsa paulista) acumula perdas de 4,97%. No
pregão de ontem, a baixa foi de
0,36%.
Nos três primeiros dias deste
mês, as vendas de ações feitas por
estrangeiros bateram as compras
em R$ 30,81 milhões.
Porém, mesmo com a baixa que
tem afetado a Bolsa de Valores de
São Paulo, há papéis que têm encontrado espaço para subir.
No pregão de ontem, as ações
Usiminas PNA, Embraer PN e
CRT Celular PNA se destacaram,
com altas de 3,85%, 2,58% e
1,81%, respectivamente.
A redução da taxa básica da economia, anunciada pelo Copom
(Comitê de Política Monetária)
ontem, não deve ter muito impacto no mercado financeiro doméstico hoje, pois ficou dentro da
projeção de boa parte dos investidores e analistas.
Após o corte na Selic, a taxa real
de juros -descontada a inflação
projetada para os próximos 12
meses- brasileira se manteve
acima dos 11% anuais.
Segundo levantamento da consultoria GRC Visão, o Brasil ainda
lidera o ranking dos países com as
maiores taxas reais do planeta.
Em segundo lugar está Cingapura, com taxa de 7%, e logo atrás a
Turquia, com juros reais de 5,2%
anuais.
Na comparação com a média
dos 40 países que aparecem na
pesquisa, o Brasil fica ainda mais
distante. Na média, os países têm
taxa real de juros de 1,5%.
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