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ENERGIA
Vice-presidente do banco de fomento diz que instituição não pretende destinar recursos para a empresa de energia
BNDES não vai gerir a Light, afirma Fiocca
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) não pretende participar da
gestão da Light nem prevê a destinação de recursos novos para a
companhia. A informação é do vice-presidente do banco, Demian
Fiocca. "Ninguém pediu [empréstimo]; não nos comprometemos", disse ele.
A afirmação de Fiocca é uma
reação do BNDES às declarações
do secretário de Energia do Rio de
Janeiro, Wagner Victer. No último domingo, em entrevista publicada pela Folha, o secretário
afirmou que o banco de fomento
havia se comprometido a injetar
recursos na Light em proporção
igual ou maior do que os grupos
privados interessados em comprar a companhia.
Por esse raciocínio, o BNDES
permaneceria no bloco de controle da concessionária de energia.
Segundo Fiocca, em nenhum momento o BNDES participou de negociações sobre o modelo de venda da Light com o governo do Rio.
"Também não tivemos nenhuma informação por parte da EDF
de que ela quisesse que o governo
do Rio tenha assento no conselho
administrativo da Light", disse
ele, referindo-se à empresa francesa que controla a Light.
Conversão de dívida
Fiocca explicou que, por contrato, o BNDES está obrigado a converter até R$ 363,5 milhões em debêntures emitidas em 2005 para
capitalizar a Light. O valor que
efetivamente será convertido ainda é uma incógnita.
"Dependerá de quanto o acionista puser de dinheiro novo, em
um primeiro momento. E, em cada ano, do quanto ele reduzir as
perdas da companhia", avaliou o
vice-presidente do BNDES.
Esses R$ 363,5 milhões correspondem à metade das debêntures
lançadas em 2005 e significam algo entre 15% e 18% do capital total
da Light, de acordo com Fiocca. A
emissão total feita à época chegou
a R$ 727 milhões.
O vice-presidente do BNDES
defendeu a capitalização do banco. Negou que o governo tenha,
na prática, beneficiado os controladores privados da Light ao fazer
a capitalização.
"O BNDES, para emitir as debêntures, exigiu que a parte dos
outros credores e dos acionistas,
em volume, fosse maior que a do
banco. E, na defesa do interesse
público, o BNDES exigiu que a
Light quitasse dívidas com outras
empresas do governo", lembrou.
"E, com a valorização das ações
da Light, o BNDES vai ganhar. Na
época da operação, os papéis valiam R$ 11,13. Hoje, valem R$ 15."
As ações ON da Light fecharam
o pregão de ontem com baixa
acentuada, de 5,14%. Desde 21 de
fevereiro, porém, os papéis tiveram valorização em 21,85%, média alta em relação aos ganhos do
Ibovespa no período.
Especialistas do setor de telecomunicações consideraram que a
retração no valor das ações da
Light teve dois motivos. O primeiro foi a impressão do mercado de
que a negociação da EDF com os
potenciais compradores, inclusive o BNDES, ficou mais complicada nesta semana.
Isso teria levado à percepção de
que a empresa pode ser vendida
por um valor abaixo das estimativas com a qual os analistas trabalhavam até a última sexta-feira, o
que reduziria os ganhos de quem
esperava lucrar com a cláusula
contratual que estende os ganhos
dos controladores aos demais sócios.
A segunda hipótese levantada
pelos especialistas é a de que os
apostadores da Bolsa de Valores
-principalmente os grandes investidores institucionais- entraram vendendo e realizaram algum lucro até o meio do dia.
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