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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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HOSPITAL

Linhas de capital seriam oferecidas por bancos federais; estudo sugere pacote de R$ 8 bilhões para sanear o setor

Governo já admite socorrer distribuidoras

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo admitiu ontem a possibilidade de criar uma nova linha de crédito para as distribuidoras de energia para combater a "fragilidade financeira" do setor.
A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) disse que as distribuidoras estão em crise por causa da alta do dólar e da "recomposição do valor das elétricas", processo que desvalorizou os ativos de empresas do setor não só no Brasil, mas também nos EUA.
A crise, disse Dilma, terá de ser resolvida em parte com mais investimentos a serem feitos pelos acionistas e também com linhas de capital de giro a serem oferecidas para as empresas do setor.
Ela não deu detalhes, mas os empréstimos viriam de bancos federais, o que seria o primeiro socorro do governo petista ao setor.
Segundo Dilma, as distribuidoras padeceriam de uma "fragilidade financeira" e estariam sem capital de giro. A ministra disse que a crise aconteceria mesmo sem o racionamento de energia, em 2001.
Estudo elaborado pelo setor, que chegou a circular entre os técnicos do Ministério de Minas e Energia, fala na necessidade de R$ 8 bilhões para resolver os problemas no setor.
No ano passado, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, as distribuidoras tiveram um empréstimo de até R$ 3,6 bilhões e as geradoras de R$ 1,8 bilhão por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Motivo: repor as perdas que as empresas tiveram com o racionamento de energia entre junho de 2001 e fevereiro de 2002.
Ao contrário do que dizia o PT antes da eleições, Dilma fez elogios à gestão de FHC na área de energia elétrica. "Várias coisas deram certo no passado. Não estamos partindo do zero."
Dilma explicou aos senadores da Comissão de Infra-Estrutura que a desvalorização do real também teve efeitos na crise atual das elétricas. Segundo ela, a privatização foi feita levando em conta um câmbio de aproximadamente R$ 1 e que a captação de recursos dos investidores privados também foi feita nesse contexto. Ela lembrou que, desde 1999, houve três "choques cambiais".
Além da crise financeiras das distribuidoras, as geradoras foram afetadas pela crise de oferta. Ou seja, há energia sobrando e isso, segundo Dilma, essas empresas estão deixando de vender o equivalente a aproximadamente R$ 5 bilhões anuais. Ele considera o problema sério porque "é um rombo no caixa". A maioria das geradoras é federal.
Ontem o governo interveio, pela terceira vez, para tentar amenizar os reajustes das elétricas e diminuir os impactos na inflação. A estratégia adotada agora foi barrar o efeito da desvalorização cambial nos aumentos divulgados ontem para quatro distribuidoras: CPFL, Cemig, Cemat e Enersul.
Em outubro de 2001, o governo criou uma conta para registrar o custo para as empresas do setor elétrico da variação cambial, já que parte da energia é comprada de Itaipu e paga com base no dólar.


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