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Linhas de capital seriam oferecidas por bancos federais; estudo sugere pacote de R$ 8 bilhões para sanear o setor
Governo já admite socorrer distribuidoras
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo admitiu ontem a
possibilidade de criar uma nova
linha de crédito para as distribuidoras de energia para combater a
"fragilidade financeira" do setor.
A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) disse que as distribuidoras estão em crise por causa
da alta do dólar e da "recomposição do valor das elétricas", processo que desvalorizou os ativos
de empresas do setor não só no
Brasil, mas também nos EUA.
A crise, disse Dilma, terá de ser
resolvida em parte com mais investimentos a serem feitos pelos
acionistas e também com linhas
de capital de giro a serem oferecidas para as empresas do setor.
Ela não deu detalhes, mas os
empréstimos viriam de bancos federais, o que seria o primeiro socorro do governo petista ao setor.
Segundo Dilma, as distribuidoras padeceriam de uma "fragilidade financeira" e estariam sem capital de giro. A ministra disse que
a crise aconteceria mesmo sem o
racionamento de energia, em
2001.
Estudo elaborado pelo setor,
que chegou a circular entre os técnicos do Ministério de Minas e
Energia, fala na necessidade de R$
8 bilhões para resolver os problemas no setor.
No ano passado, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, as distribuidoras tiveram um
empréstimo de até R$ 3,6 bilhões
e as geradoras de R$ 1,8 bilhão por
meio do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social). Motivo: repor as perdas
que as empresas tiveram com o
racionamento de energia entre junho de 2001 e fevereiro de 2002.
Ao contrário do que dizia o PT
antes da eleições, Dilma fez elogios à gestão de FHC na área de
energia elétrica. "Várias coisas deram certo no passado. Não estamos partindo do zero."
Dilma explicou aos senadores
da Comissão de Infra-Estrutura
que a desvalorização do real também teve efeitos na crise atual das
elétricas. Segundo ela, a privatização foi feita levando em conta um
câmbio de aproximadamente R$
1 e que a captação de recursos dos
investidores privados também foi
feita nesse contexto. Ela lembrou
que, desde 1999, houve três "choques cambiais".
Além da crise financeiras das
distribuidoras, as geradoras foram afetadas pela crise de oferta.
Ou seja, há energia sobrando e isso, segundo Dilma, essas empresas estão deixando de vender o
equivalente a aproximadamente
R$ 5 bilhões anuais. Ele considera
o problema sério porque "é um
rombo no caixa". A maioria das
geradoras é federal.
Ontem o governo interveio, pela
terceira vez, para tentar amenizar
os reajustes das elétricas e diminuir os impactos na inflação. A estratégia adotada agora foi barrar o
efeito da desvalorização cambial
nos aumentos divulgados ontem
para quatro distribuidoras: CPFL,
Cemig, Cemat e Enersul.
Em outubro de 2001, o governo
criou uma conta para registrar o
custo para as empresas do setor
elétrico da variação cambial, já
que parte da energia é comprada
de Itaipu e paga com base no dólar.
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