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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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Brasil deve "roubar" investimentos do México, que sofrerá mais com os EUA

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Na disputa entre as duas maiores economias da América Latina pelo dinheiro de investidores estrangeiros, o Brasil deverá levar vantagem neste ano sobre o México, como mostrou ontem um seminário sobre a América Latina promovido ontem pela agência de classificação de risco Fitch.
Quem decidirá o duelo a favor do Brasil são os EUA, que vivem momento de desaceleração e derrubam as expectativas em relação ao México, que colou sua economia à americana. Segundo números mostrados pelo Ministério da Economia do México, a correlação entre os ciclos industriais dos dois países é de 99% -era de 50% em 1994, antes do início da área de livre comércio.
Com isso, investidores e analistas demostraram ontem pessimismo em relação ao México. "O México está ligado demais aos EUA. Ainda vai haver oportunidades lá, mas não sei se vai ser o foco", afirmou Niamh Fitzgerald, dos fundos TIAA-CREF.
Na mesma linha vai James Barrineau, vice-presidente da Alliance Capital. Ao se referir ao Brasil, disse: "Continuamos otimistas". Sobre o México: "Não estamos entusiasmados". A razão: "A competitividade do México está caindo em uma série de produtos. A China está tomando seu espaço nos EUA".
"O México é muito mais vulnerável", disse Arturo Porzecanski, diretor do ABN Amro, para quem o "spread" (taxa de risco) brasileiro vai continuar baixando. Porzecanski acha que os EUA estão muito perto da recessão, mas diz que o que o Brasil ganharia pelo aumento de fluxo de investimentos perderia em relação às exportações. "O cenário ideal é os EUA crescendo 2% a 3%, para manter o preço das commodities."
Paulo Vieira da Cunha, da Lehman Brothers, ligeiramente contrapõe tal argumento com o seguinte: "Uma recessão nos EUA ainda dá uma montanha de importações", diz ele, que completa: "O México está sofrendo".
Brasil e México são os países da América Latina que mais atraem investimento estrangeiro e têm se revezado no primeiro lugar.
Com o cenário favorável, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Beny Parnes, foi ao seminário para "vender" a investidores as oportunidades no Brasil. Parnes, que vai ainda a Boston e a Washington, disse que os elogios representam "realismo, não otimismo".
Ele se recusou, porém, a dizer quando o governo vai voltar a tentar captar dinheiro no mercado internacional. "Na hora em que a gente achar que é conveniente a gente vai, agora ou qualquer dia."


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