São Paulo, segunda-feira, 09 de abril de 2007

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Folhainvest

Índice da indústria avança mais que o dobro do Ibovespa

INDX tem valorização de 11% no ano, ante 4,6% do principal indicador da Bolsa

Setores como os de siderurgia, química, bebidas e alimentos, papel e material de transporte estão representados no índice


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor industrial tem sido o destaque da Bolsa de Valores de São Paulo em 2007. O índice que acompanha o desempenho de ações de indústrias acumulou valorização de 11,3% neste ano, até o último dia 4 -resultado bastante superior ao obtido pelo Ibovespa.
O INDX (Índice do Setor Industrial) foi criado em 2006, a partir de uma parceria feita entre a Bovespa e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O Ibovespa, principal referência da Bolsa paulista, que reúne as 58 ações de maior liquidez do mercado acionário brasileiro, acumulou alta anual de 4,6% até o pregão de quarta-feira passada.
Ao lançar o INDX, a Bovespa buscou criar um indicador do desempenho dos papéis de indústrias de transformação listadas no mercado acionário.
A atual carteira do INDX conta com 45 ações, que representam 42 diferentes companhias. A Bolsa leva em consideração a liquidez (o volume de negócios) de cada papel na hora de compor o índice.
Setores como os de siderurgia, química, bebidas e alimentos, papel e material de transporte estão representados nesse índice.
Outros índices da Bolsa que têm ganhado cada vez maior interesse por parte dos investidores estão com retornos bem abaixo do INDX.
O IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada), por exemplo, acumulou retorno anual de 5,5% até o último dia 4. Esse índice é composto por ações de companhias comprometidas com bons níveis de governança corporativa -empresas normalmente com maior transparência e preocupadas com o relacionamento com os pequenos investidores.
Já o ISE, de ações de empresas comprometidas com responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial -temas cada vez mais em pauta-, registra queda anual de 0,9% no período analisado.
Na semana passada, o IBGE divulgou que a produção industrial brasileira cresceu 3% em fevereiro na comparação ao mesmo período de 2006. Contra o mês anterior, o crescimento foi de 0,3% (desconsiderando as influências sazonais).
"Vi o número da indústria em fevereiro como um pouco decepcionante. Mas o setor deve ganhar um maior dinamismo nos próximos meses", diz Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. "Muito do efeito da queda dos juros ainda não foi refletido no desempenho da indústria", diz o economista.
A Selic, taxa básica de juros brasileira, tem caído a cada mês e atualmente atingiu os 12,75% anuais -menor nível desde sua criação.
Mas o juro real brasileiro, em torno de 8,5% ao ano, segue como maior do mundo.
Para as empresas, na hora de investir, o que conta mesmo são os juros reais (calculados descontando da taxa básica a inflação futura).
Como a Selic está ainda em meio a um processo de redução -que deve ser interrompido apenas em caso de uma crise econômica mais séria-, o setor industrial pode ter mais motivos para investir e crescer nos próximos meses.
E isso pode acabar por se refletir no desempenho futuro das ações que formam o índice INDX na Bolsa de Valores.

Câmbio
Além dos juros, há uma outra relevante questão para o setor industrial, que é a desvalorização do dólar. O atual patamar do câmbio pode prejudicar empresas exportadoras e aumentar uma desvantajosa concorrência de importados.
Na sexta-feira, o dólar encerrou as operações vendido a R$ 2,033, seu mais baixo valor desde março de 2001.
Desconsiderando os efeitos inflacionários, pode-se dizer que os importados estão em seu mais baixo valor em seis anos. Assim, diferentes segmentos da indústria nacional acabam por sofrer com essa concorrência externa.
O setor calçadista gaúcho, por exemplo, anunciou o fechamento de 4.000 postos de trabalho apenas nos três primeiros meses de 2007.
"A continuidade da expansão da demanda, a perspectiva de redução progressiva de juros e o crescimento rápido do crédito habitacional e do mercado de capitais são fatores propícios a uma aceleração dos investimentos [das empresas]", avalia a LCA Consultores.
"Talvez o principal fator adverso seja a apreciação cambial, capaz de inibir inversões em segmentos cuja competitividade vem sofrendo desgaste relevante", completa a análise.


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