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Folhainvest
Índice da indústria avança mais que o dobro do Ibovespa
INDX tem valorização de 11% no ano, ante 4,6% do principal indicador da Bolsa
Setores como os de siderurgia, química, bebidas e alimentos, papel e material
de transporte estão representados no índice
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor industrial tem sido o
destaque da Bolsa de Valores de
São Paulo em 2007. O índice
que acompanha o desempenho
de ações de indústrias acumulou valorização de 11,3% neste
ano, até o último dia 4 -resultado bastante superior ao obtido pelo Ibovespa.
O INDX (Índice do Setor Industrial) foi criado em 2006, a
partir de uma parceria feita entre a Bovespa e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo).
O Ibovespa, principal referência da Bolsa paulista, que
reúne as 58 ações de maior liquidez do mercado acionário
brasileiro, acumulou alta anual
de 4,6% até o pregão de quarta-feira passada.
Ao lançar o INDX, a Bovespa
buscou criar um indicador do
desempenho dos papéis de indústrias de transformação listadas no mercado acionário.
A atual carteira do INDX
conta com 45 ações, que representam 42 diferentes companhias. A Bolsa leva em consideração a liquidez (o volume de
negócios) de cada papel na hora
de compor o índice.
Setores como os de siderurgia, química, bebidas e alimentos, papel e material de transporte estão representados nesse índice.
Outros índices da Bolsa que
têm ganhado cada vez maior interesse por parte dos investidores estão com retornos bem
abaixo do INDX.
O IGC (Índice de Ações com
Governança Corporativa Diferenciada), por exemplo, acumulou retorno anual de 5,5%
até o último dia 4. Esse índice é
composto por ações de companhias comprometidas com
bons níveis de governança corporativa -empresas normalmente com maior transparência e preocupadas com o relacionamento com os pequenos
investidores.
Já o ISE, de ações de empresas comprometidas com responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial -temas
cada vez mais em pauta-, registra queda anual de 0,9% no
período analisado.
Na semana passada, o IBGE
divulgou que a produção industrial brasileira cresceu 3% em
fevereiro na comparação ao
mesmo período de 2006. Contra o mês anterior, o crescimento foi de 0,3% (desconsiderando as influências sazonais).
"Vi o número da indústria em
fevereiro como um pouco decepcionante. Mas o setor deve
ganhar um maior dinamismo
nos próximos meses", diz Newton Rosa, economista-chefe da
Sul América Investimentos.
"Muito do efeito da queda dos
juros ainda não foi refletido no
desempenho da indústria", diz
o economista.
A Selic, taxa básica de juros
brasileira, tem caído a cada mês
e atualmente atingiu os 12,75%
anuais -menor nível desde sua
criação.
Mas o juro real brasileiro, em
torno de 8,5% ao ano, segue como maior do mundo.
Para as empresas, na hora de
investir, o que conta mesmo
são os juros reais (calculados
descontando da taxa básica a
inflação futura).
Como a Selic está ainda em
meio a um processo de redução
-que deve ser interrompido
apenas em caso de uma crise
econômica mais séria-, o setor
industrial pode ter mais motivos para investir e crescer nos
próximos meses.
E isso pode acabar por se refletir no desempenho futuro
das ações que formam o índice
INDX na Bolsa de Valores.
Câmbio
Além dos juros, há uma outra
relevante questão para o setor
industrial, que é a desvalorização do dólar. O atual patamar
do câmbio pode prejudicar empresas exportadoras e aumentar uma desvantajosa concorrência de importados.
Na sexta-feira, o dólar encerrou as operações vendido a R$
2,033, seu mais baixo valor desde março de 2001.
Desconsiderando os efeitos
inflacionários, pode-se dizer
que os importados estão em
seu mais baixo valor em seis
anos. Assim, diferentes segmentos da indústria nacional
acabam por sofrer com essa
concorrência externa.
O setor calçadista gaúcho,
por exemplo, anunciou o fechamento de 4.000 postos de trabalho apenas nos três primeiros meses de 2007.
"A continuidade da expansão
da demanda, a perspectiva de
redução progressiva de juros e
o crescimento rápido do crédito habitacional e do mercado de
capitais são fatores propícios a
uma aceleração dos investimentos [das empresas]", avalia
a LCA Consultores.
"Talvez o principal fator adverso seja a apreciação cambial,
capaz de inibir inversões em
segmentos cuja competitividade vem sofrendo desgaste relevante", completa a análise.
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