|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
bastidores
PT ganha força no banco a um ano das eleições
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A troca de comando no
Banco do Brasil atende ao interesse político do Palácio do
Planalto de influenciar mais
diretamente as decisões da
instituição pública que possam minimizar efeitos da crise econômica. E o PT também aproveita essa mudança
para tentar ampliar sua influência no banco a um ano e
meio das eleições de 2010.
O novo presidente do BB,
Aldemir Bendine, tem laços
políticos com o PT, apesar de
não ser filiado à sigla. Entre
seus padrinhos, está o presidente nacional do PT, o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), que fez carreira
no sindicalismo bancário.
Para o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a gestão
de Antonio Lima Neto era
mais refratária ao uso de um
banco público como ferramenta de combate à crise.
Lula se queixava de eventual
resistência do corpo técnico
do BB em seguir a orientação
política de reduzir o "spread"
bancário. O "spread" é a diferença entre o custo de captação de recursos e o quanto o
banco cobra ao emprestá-los
em suas operações finais.
Na visão do Palácio do Planalto, o BB e a Caixa Econômica Federal deveriam liderar uma articulação para forçar o resto do sistema financeiro do país a reduzir o
"spread". Ou seja, baixar suas
taxas e tentar tirar clientes
de outras instituições, que,
pressionadas, poderiam cobrir a oferta da concorrência.
Na avaliação de Lula, a
Caixa teria desempenhado
esse papel com mais força do
que o BB. Houve ainda mobilização da máquina partidária do PT para tentar ampliar
seu espaço numa instituição
na qual tem presença forte.
Parlamentares do PT levaram ao Planalto mensagens
de que a gestão de Lima Neto
não transformaria em atos as
palavras de Lula para aumentar a oferta de crédito e
reduzir o "spread".
Como haverá eleição presidencial em 2010, o reforço
da presença petista no Banco
do Brasil atende aos interesses dos defensores da eventual candidatura presidencial da ministra da Casa Civil,
Dilma Rousseff. Lula sabe,
contudo, dos limites para
partidarizar a instituição,
que conta com um corpo técnico de carreira que segue
normas de governança administrativa importantes para
quem tem ações em Bolsa.
Mas avalia que a crise reforça os defensores de maior
intervenção estatal na economia e que, no Brasil, o BB
deve cumprir esse papel ao
lado de Caixa e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Texto Anterior: Governo troca chefe do BB para cortar juro Próximo Texto: Paulo Nogueira Batista Jr.: Bufunfa em fuga Índice
|