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Centrais criticam redução de encargos
Governo, que estudava reduzir o recolhimento de FGTS para evitar demissões, recua após reclamações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os representantes das centrais sindicais reagiram mal à
proposta do governo de reduzir
tributos para as empresas -inclusive o recolhimento do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço)- em troca
de manutenção no emprego
com reduções nas jornadas de
trabalho sem corte de salário.
Diante da reação negativa, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pediu ontem ao ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
que reexamine o assunto e tente marcar neste mês nova discussão com as centrais.
Lula também disse que, se os
sindicalistas não aceitarem, o
governo não levará a proposta
adiante. Seria preciso acordo
entre empresas e sindicatos para fazer a redução temporária.
Segundo a Folha apurou, o
governo está preocupado com
o aumento do desemprego e
elaborou a proposta, que, apesar nas negativas oficiais, foi
discutida ontem com sindicalistas. A Folha revelou ontem
que o governo estudava o assunto. A preocupação de Lula é
tentar manter empregos sem
redução de salário. Daí a contrapartida de desonerar a folha
de pagamento das empresas.
Na saída do encontro de ontem com Lula, o presidente da
Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva
(PDT-SP), classificou a ideia
como "fantasma da Semana
Santa" e "coisa de maluco".
"Nenhuma central sindical
aceita discutir direitos trabalhistas. Essa conversa do FGTS
foi enterrada hoje com o presidente Lula", disse Paulinho.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
Artur Henrique, explicou que
uma desoneração da folha de
pagamentos com redução de
direitos trabalhistas não se
aplica ao momento atual da crise, quando as dificuldades são
restritas a setores específicos e
já há sinais de recuperação.
"Nesse momento isso não
ajuda, não colabora e não constrói a saída da crise. Não é hora
para debate sobre redução de
direitos trabalhistas", disse
Henrique.
Os sindicalistas foram unânimes em apontar a elevada taxa de juros e o "spread" -diferença entre a taxa paga pelos
bancos e a cobrada dos tomadores- como mais importantes contra o desemprego.
Oficialmente, o encontro
com o presidente Lula serviu
para criar mais um grupo de
avaliação da crise. O governo
decidiu se reunir com empresários e sindicalistas de setores
que estão em dificuldades econômicas para avaliar mais rapidamente as medidas que podem ser tomadas para combater os efeitos recessivos.
Linha branca
Durante a reunião com as
centrais sindicais, o presidente
Lula confirmou que vai reduzir
"o mais rápido possível" o IPI
de geladeira, fogão, máquina de
lavar e tanquinhos. Ele disse
que a medida passou a ser urgente por causa da divulgação
de que o governo estava estudando novas reduções do IPI, o
que reduz as compras.
Ele disse também que está
estudando medidas de incentivo para caminhões, máquinas
agrícolas e ônibus, que já tiveram redução do IPI com os automóveis.
(KENNEDY ALENCAR, SIMONE IGLESIAS E LEANDRA PERES)
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