São Paulo, Sexta-feira, 09 de Abril de 1999
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PREÇOS
Índice Geral de Preços da FGV atingiu o pico em fevereiro, com 4,44%; para técnico, recessão poderá ser menor
IGP-DI cai para abaixo de 2% em março

MÔNICA CIARELLI
da Sucursal do Rio

O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) registrou forte desaceleração no mês passado, caindo de 4,44% em fevereiro para 1,98% em março.
A perspectiva de inflação mais baixa para os próximos meses levou o chefe do Centro de Estudos de Preços da FGV, Paulo Sidney Cota, a esperar um desempenho melhor da economia que o esperado para este ano.
Sua estimativa é que o PIB (Produto Interno Bruto) registre uma retração de 2% a 2,5%, abaixo dos 3,8% previstos no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Com a valorização do real diante do dólar e uma maior estabilidade da inflação, não será necessária uma recessão tão forte como a esperada pelo governo no início do ano. Esses fatores também abrem espaço para um corte maior dos juros a médio prazo."
O grande aliado do consumidor em março foi o preço dos produtos agrícolas, que despencaram acompanhando a valorização do real. O item baixou de 9,12% em fevereiro para 2,31% em março, forçando a queda do IPA (Índice de Preços por Atacado) de 6,99% para 2,84%.
Cota ressalta que a taxa de câmbio tem grande influência no comportamento dos preços agrícolas, porque muitos desses produtos têm cotação no mercado internacional. O economista avalia que os primeiros dados coletados pelo IGP em abril já apontam para deflação nesses preços.
Já os produtos industriais devem continuar pressionando a inflação por mais tempo. A despesa com esse item em março cresceu 3,11%, contra os 5,97% de fevereiro. A principal pressão veio da indústria de transformação, que ainda não repassou totalmente o aumento do dólar no início do ano. O grupo apresentou uma variação de 3,22% em março, contra os 5,69% do mês anterior.
"Alguns setores, como o de automóveis, ainda estão trabalhando com uma taxa de câmbio menor do que a vigente hoje. Essas promoções vão acabar e a desvalorização do real terá que ser repassada ao consumidor", avaliou.
O IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que responde por 30% do IGP-DI, baixou de 1,41% para 0,95% de fevereiro para março. Os artigos de vestuário e os alimentos foram os principais responsáveis pela desaceleração no ritmo de alta da inflação para o consumidor. O final da liquidação de verão levou o vestuário a ter deflação de 3,04%.
Já o INCC (Índice Nacional do Custo da Construção) baixou de 0,98% para 0,55% no período.
Além do IGP mais tradicional, divulgado ontem, a Fundação Getúlio Vargas também elabora o IGP-M e o IGP-10. A metodologia é a mesma. O que muda é o período de coleta de preços que entra na comparação. O IGP considera o mês fechado; o IGP-M, de 21 de um mês a 20 do seguinte; e o IGP-10, de 11 de um mês a 10 do subsequente.
Colocados em sequência (ver gráfico ao lado), mostram melhor a tendência dos preços, como ocorre com as taxas quadrissemanais da Fipe.


Colaborou a Redação



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