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Ganhos dos acionistas do banco cresceram 20,5% no primeiro tri
DA REPORTAGEM LOCAL
Os polpudos resultados do Bradesco -que crescem trimestre a
trimestre- refletiram-se na valorização e no volume financeiro
movimentado por suas ações na
Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo). Entre os dez bancos dos
EUA e da América Latina que já
divulgaram balanço trimestral,
pesquisados pela Economática, o
Bradesco foi o que deu maior retorno aos seus acionistas, com valorização de 20,5% de suas ações
preferenciais (PN) neste ano. Ontem as ações ON subiram 5,11%, e
as PN subiram 1,30%.
Segundo levantamento da Economática, Bradesco PN teve um
volume financeiro recorde no primeiro trimestre, totalizando R$
6,357 bilhões negociados na Bovespa. "Os papéis mantiveram
volume e preço em alta, dando
bons lucros aos investidores", observa Einar Rivero, coordenador
da Economática para a América
Latina.
Para os analistas do setor, os resultados divulgados ontem pelo
Bradesco ficaram dentro do esperado pelo mercado. Apesar de
considerarem positivo o desempenho do banco, alguns analistas
manifestaram preocupação com
o aumento dos provisionamentos
para crédito de liquidação duvidosa.
"A carteira de crédito mostrou
alguma deterioração no trimestre
com aumento dos atrasos superiores a 59 dias e das provisões",
observa Rodrigo Magela, analista
de renda variável da Arx Capital.
O total de provisões subiu de 6,1%
no quarto trimestre do ano passado, para 6,3% da carteira total de
crédito, totalizando R$ 5,3 bilhões. E a inadimplência (operações vencidas há mais de 59 dias)
saiu de 3,3% no quarto trimestre
de 2005 para 3,9% neste ano.
Segundo Magela, esses dados
surpreenderam negativamente o
mercado. Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, explica que "é
natural o aumento da inadimplência no primeiro trimestre do
ano, quando as pessoas têm mais
despesas com impostos, gastos
escolares e outros".
Cypriano diz que o Bradesco foi
mais cauteloso nas provisões ,
tendo feito uma provisão excedente de R$ 1 bilhão devido ao aumento das operações com pessoas físicas.
A carteira total de crédito do
Bradesco soma R$ 84,4 bilhões,
28% maior do que a existente no
primeiro trimestre do ano passado. Desse montante, 36% foram
recursos emprestados a pessoas
físicas, 35,2%, a grandes empresas, e 28,8%, a pequenas e médias
empresas.
Dúvidas
O Bradesco, bem como a maioria dos grandes bancos, projeta
expandir sua carteira de crédito
entre 23% e 25% neste ano. "A
dúvida que existe é quanto à velocidade com que bancos como o
Bradesco estão migrando das
operações de tesouraria para as de
crédito", observa Magela.
Espera-se que com a queda dos
juros as carteiras de títulos públicos dos bancos encolham e, para
manter sua lucratividade, eles migrem para a área de crédito. "Mas
dosar a velocidade dessa migração é importante para manter a
lucratividade", diz o analista.
Ele destaca que no trimestre
uma parte razoável do lucro do
Bradesco ainda veio da carteira de
títulos e valores mobiliários. "Dos
R$ 1,5 bilhão de lucro, cerca de R$
300 milhões vieram de operações
de tesouraria", diz Magela.
Segundo sua análise, os resultados com aplicações em títulos públicos e outros valores mobiliários
feitos pelo banco compensaram o
aumento da inadimplência na
carteira de crédito. "Sem os ganhos da tesouraria, os resultados
do Bradesco seriam um pouco
menores", diz.
A tendência é que à medida em
que a carteira de crédito cresça,
diminua o peso da carteira de títulos nos ganhos do banco. "No
futuro, é importante que o banco
tenha uma carteira de crédito de
longo prazo, de dez, 15 anos, com
a expansão dos financiamentos
imobiliários para não ser tão dependente de ganhos de tesouraria", observa.
O Bradesco vai disponibilizar
R$ 2 bilhões para financiamentos
imobiliários neste ano. No total,
os bancos vão ofertar R$ 8 bilhões
para compra de imóveis em 2006.
"Há uma demanda reprimida
muito grande. O que nos anima [a
ofertar crédito imobiliário] é a
mudança na legislação que permite a retomada do imóvel em caso de inadimplência", observa
Cypriano.
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