São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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Ganhos dos acionistas do banco cresceram 20,5% no primeiro tri

DA REPORTAGEM LOCAL

Os polpudos resultados do Bradesco -que crescem trimestre a trimestre- refletiram-se na valorização e no volume financeiro movimentado por suas ações na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Entre os dez bancos dos EUA e da América Latina que já divulgaram balanço trimestral, pesquisados pela Economática, o Bradesco foi o que deu maior retorno aos seus acionistas, com valorização de 20,5% de suas ações preferenciais (PN) neste ano. Ontem as ações ON subiram 5,11%, e as PN subiram 1,30%.
Segundo levantamento da Economática, Bradesco PN teve um volume financeiro recorde no primeiro trimestre, totalizando R$ 6,357 bilhões negociados na Bovespa. "Os papéis mantiveram volume e preço em alta, dando bons lucros aos investidores", observa Einar Rivero, coordenador da Economática para a América Latina.
Para os analistas do setor, os resultados divulgados ontem pelo Bradesco ficaram dentro do esperado pelo mercado. Apesar de considerarem positivo o desempenho do banco, alguns analistas manifestaram preocupação com o aumento dos provisionamentos para crédito de liquidação duvidosa.
"A carteira de crédito mostrou alguma deterioração no trimestre com aumento dos atrasos superiores a 59 dias e das provisões", observa Rodrigo Magela, analista de renda variável da Arx Capital. O total de provisões subiu de 6,1% no quarto trimestre do ano passado, para 6,3% da carteira total de crédito, totalizando R$ 5,3 bilhões. E a inadimplência (operações vencidas há mais de 59 dias) saiu de 3,3% no quarto trimestre de 2005 para 3,9% neste ano.
Segundo Magela, esses dados surpreenderam negativamente o mercado. Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, explica que "é natural o aumento da inadimplência no primeiro trimestre do ano, quando as pessoas têm mais despesas com impostos, gastos escolares e outros".
Cypriano diz que o Bradesco foi mais cauteloso nas provisões , tendo feito uma provisão excedente de R$ 1 bilhão devido ao aumento das operações com pessoas físicas.
A carteira total de crédito do Bradesco soma R$ 84,4 bilhões, 28% maior do que a existente no primeiro trimestre do ano passado. Desse montante, 36% foram recursos emprestados a pessoas físicas, 35,2%, a grandes empresas, e 28,8%, a pequenas e médias empresas.

Dúvidas
O Bradesco, bem como a maioria dos grandes bancos, projeta expandir sua carteira de crédito entre 23% e 25% neste ano. "A dúvida que existe é quanto à velocidade com que bancos como o Bradesco estão migrando das operações de tesouraria para as de crédito", observa Magela.
Espera-se que com a queda dos juros as carteiras de títulos públicos dos bancos encolham e, para manter sua lucratividade, eles migrem para a área de crédito. "Mas dosar a velocidade dessa migração é importante para manter a lucratividade", diz o analista.
Ele destaca que no trimestre uma parte razoável do lucro do Bradesco ainda veio da carteira de títulos e valores mobiliários. "Dos R$ 1,5 bilhão de lucro, cerca de R$ 300 milhões vieram de operações de tesouraria", diz Magela.
Segundo sua análise, os resultados com aplicações em títulos públicos e outros valores mobiliários feitos pelo banco compensaram o aumento da inadimplência na carteira de crédito. "Sem os ganhos da tesouraria, os resultados do Bradesco seriam um pouco menores", diz.
A tendência é que à medida em que a carteira de crédito cresça, diminua o peso da carteira de títulos nos ganhos do banco. "No futuro, é importante que o banco tenha uma carteira de crédito de longo prazo, de dez, 15 anos, com a expansão dos financiamentos imobiliários para não ser tão dependente de ganhos de tesouraria", observa.
O Bradesco vai disponibilizar R$ 2 bilhões para financiamentos imobiliários neste ano. No total, os bancos vão ofertar R$ 8 bilhões para compra de imóveis em 2006.
"Há uma demanda reprimida muito grande. O que nos anima [a ofertar crédito imobiliário] é a mudança na legislação que permite a retomada do imóvel em caso de inadimplência", observa Cypriano.


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